11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: COMPOSIÇÃO CENTESIMAL, ÍNDICE DE ABSORÇÃO EM ÁGUA E ÍNDICE DE SOLUBILIDADE EM ÁGUA DE FARINHA DE TRIGO E FÉCULA DE MANDIOCA

AUTORES: Abreu, B.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Carvalho, J.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Silva, M.K.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Silva, I.H.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Saboia, R.C.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Freitas, T.K.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Silva, D.J.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Moreira-araújo, R.S.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ)

RESUMO: A farinha de trigo e a fécula de mandioca são consumidas diariamente pela população brasileira. Dessa forma, o estudo objetivou analisar a composição centesimal, o índice de absorção de água e índice de solubilidade em água da Farinha de Trigo e Fécula de Mandioca. Determinou-se o teor de umidade (10,70%; 11,46%), cinzas (0,10%; 0,62%), proteínas (0,29%; 5,11%), lipídeos (2,46%; 0,29%), carboidratos (86,45%; 82,52%), valor energético total (369,10Kcal; 353,13Kcal), Índice de Absorção de Água (0,8944; 0,1143) e Índice de Solubilidade em Água (0,4314; 0,0039), para fécula de mandioca e farinha de trigo. A farinha de trigo apresenta maior IAA, ISA e teores de umidade, cinzas e proteína. A fécula apresenta maiores teores de lipídios, carboidratos e consequentemente, maior valor energético.

PALAVRAS CHAVES: Composição centesimal; Farinha de trigo; Fécula de mandioca

INTRODUÇÃO: O trigo é matéria-prima para a elaboração de alimentos consumidos diariamente, na forma de pães, biscoitos, bolos e massas, alimentos que fazem parte da base da pirâmide alimentar e cujo consumo é incentivado pelo Guia Alimentar da População Brasileira, o que sinaliza um motivo de estudo relevante quanto ao entendimento da caracterização e aplicabilidade do trigo, já que é amplamente consumido e indicado à alimentação (SCHEUER, 2011). A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma das espécies de maior interesse agronômico, podendo ser classificada como doce ou amarga. (EMBRAPA, 2005). Em todas as regiões do país o consumo da mandioca ocorre, predominantemente, em suas formas tradicionais (in natura, farinha e fécula) (ROSA NETO; MARCOLAN, 2010). A Fécula é o produto amiláceo extraído das partes subterrâneas comestíveis dos vegetais (tubérculos, raízes e rizomas) (BRASIL, 1978). Apresenta características físico-químicas de grande interesse industrial, já que a mesma possui a capacidade de gerar massas que, quando assadas se expandem sem a necessidade de adição de fermento ou de processo de extrusão (FUKUJI et al., 2008). Para Zardo (2010), as condições de cultivo, colheita, secagem e armazenamento dos grãos de trigo, processo de obtenção da farinha, transporte e armazenamento do produto podem influências na composição centesimal dos nutrientes. Como esses produtos são amplamente consumidos pela população brasileira, torna-se importante investigar os valores nutricionais e suas propriedades físico-químicas. Dessa forma, o estudo objetivou analisar a composição centesimal, o índice de absorção de água e índice de solubilidade em água da Farinha de Trigo e Fécula de Mandioca.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de farinhas de trigo e fécula de mandioca foram obtidas no comércio local de Teresina-PI. Para compor a amostra, as farinhas foram quarteadas e, posteriormente, foram realizadas as análises em duplicata. Determinou-se os teores de umidade pelo método de secagem em estufa a 105°C (AOAC, 2005). Para a determinação dos teores de cinzas, as amostras foram pré-carbonizadas com auxílio de um bico de Bunsen, e em seguida incineradas em forno mufla a 550°C (AOAC, 2005). Os teores de lipídeos foram obtidos pelo método de extração intermitente de óleos e gorduras, tipo Soxhlet, utilizando o solvente Hexano P.A (AOAC, 2005). A determinação de proteínas foi realizada pelo método de macro Kjeldahl (AOAC, 2005). Os carboidratos foram obtidos por diferença dos demais constituintes (proteínas, lipídios, cinzas e umidade). O valor calórico da farinha de trigo e da fécula de mandioca foi estimado utilizando-se os fatores de conversão de ATWATER: 4 kcal/g para proteínas, 4kcal/g para carboidratos e 9 kcal/g para lipídios (WATT e MERRIL, 1963). Os índices de absorção de água (IAA) e de solubilidade em água (ISA) foram determinados segundo metodologia proposta por Anderson et al. (1969).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a tabela 1 observou-se que os teores de umidade foram igual a 11,46% para farinha de trigo e 10,70% para a fécula de mandioca. Esta sugeriu que as amostras analisadas estão em conformidade com a legislação vigente, que estabelece teor máximo de umidade igual a 13 %, para farinhas de mandioca e 14% para farinha de trigo (ANVISA, 1996). A farinha de trigo obteve maiores teores de cinzas, com 0,62% em detrimento da fécula de mandioca que obteve 0,10%. Esta obteve maior teor de lipídeos que o trigo, demonstrando ter maior conteúdo energético. Além disso, observou-se também maiores teores de proteínas na farinha de trigo, que obteve 5,11%. Dos resultados, obteve-se 86,45% de carboidratos na fécula de mandioca e 82,52% na farinha de trigo. Quanto ao valor energético total (VET) a fécula de mandioca apresentou 369,10kcal e a farinha de trigo 353,13kcal. A farinha de mandioca é considerada um alimento essencialmente energético, em função do baixo teor de proteína e elevado teor de carboidratos (SOUZA 2008), assim como a farinha de trigo, que serve como principal matéria prima para alimentos que compõem a base da pirâmide alimentar. De acordo com a Tabela 2 observou-se que o IAA e ISA da farinha de trigo (0,8944 e 0,4314, respectivamente) foram maiores que o IAA e ISA da fécula de mandioca (0,1143 e 0,0039, respectivamente). Fiorda et al. (2013), encontraram em fécula de mandioca, valores de IAA 1,660g e ISA igual a 0,300g. Barbosa et al. (2006) encontraram, em fécula de mandioca, IAA de 1,70g de gel e ISA de 1,55g.

Tabela 1- Composição centesimal da farinha de trigo e fécula de mandio



Tabela 2- Teores de Índice de Absorção de Água e Índice de Solubilidad



CONCLUSÕES: Concluiu-se que a amostra de farinha de trigo obteve maiores teores de umidade, cinzas e proteínas quando comparadas com a fécula de mandioca, que obteve maiores teores de lipídeos, carboidratos e maior valor energético. A farinha de trigo também apresentou maior IAA e ISA quando comparado com a fécula de mandioca, sugerindo maior capacidade de reter umidade e gelatinizar durante a elaboração de preparações.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq: Edital 01/2016 Universal CNPq, processo 431314/2016-0.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDERSON, R. A.; CONWAY, H. F.; PFEIFER, V. F.; GRIFFIN JUNIOR, E. L. Gelatinization of corn grits by Roll- and extrusion-cooking. Cereal Science Today, v. 14, n. 1, 1969.

ANVISA. Portaria n º 354, de 18 de julho de 1996. Art 1º Aprovação a Norma Técnica referente à Farinha de Trigo. jul. 1996.

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EMBRAPA. Mandioca: o pão do Brasil = Manioc, le pain du Brésil. Brasília: Embrapa, p. 530, 2005.

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SOUZA, J. L. M. ÁLVARES, V. S.; LEITE, F. M. N.; REIS, F. S.; FELISBERTO, F. Á. V. Caracterização físico-química de farinhas de mandioca oriundas do município de Cruzeiro do Sul – Acre. Publicações UEPG Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias e Engenharias, v. 14, n. 1, 2008.
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ZARDO, F. P. Análises Laboratoriais para o controle de qualidade da farinha de trigo. Trabalho de Conclusão de Curso - Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves, 2010.