11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: Produção de painéis aglomerados a partir de folhas de Eucalyptus Camaldulensis

AUTORES: Ferreira da Costa, F. (UFPI) ; Souza, J.S.N. (UFPI) ; Ribeiro, M.X. (UFPI) ; Souza, P.F.P. (UFPI)

RESUMO: A produção de painéis aglomerados utilizando materiais de origem vegetal é uma das alternativas de baixo custo na indústria madeireira, visto a grande disponibilidade desses recursos. O objetivo desse trabalho foi verificar o efeito da absorção de água em painéis aglomerados produzidos com folhas de Eucalyptus camaldulensis, utilizando como adesivo a ureia-formaldeído. Para formação de cada painel, foram utilizados 1.430 g de folhas (coletados em diferentes anos) e 225 g de adesivo, em colchão de caixa de aço, nas dimensões 400 x 400 x 200 mm, com densidade nominal de 0,7 g/cm³, com prensagem hidráulica manual em pressão de 9,82 MPa. Os resultados mais importantes obtidos foram os relacionados à densidade com painel sem extrativo com 0,3432 g/cm³.

PALAVRAS CHAVES: Folha; Densidade ; Painéis

INTRODUÇÃO: O Brasil possui condições ideias para produção de painéis aglomerados, visto que possui cultivos em larga escala de essências florestais e, consequentemente, ampla disponibilidade de matéria-prima para sua confecção (BIANCHE, 2009). Os painéis aglomerados apresentam, por conceito, a possibilidade para utilização de matérias primas de menor qualidade, como resíduos florestais ou agroindustriais na sua produção (GUIMARÁES JUNIOR, 2016). Os painéis aglomerados são formados por pequenas partículas de madeira e/ou outros materiais aglutinados com adesivo, em geral, ureia- formaldeído, e consolidados sob alta pressão e temperatura (FREIRE et al, 2011). Atualmente, a limitação está na utilização de apenas madeira na produção desses painéis. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi verificar a produção de painéis aglomerados produzidos com 100% de folhas de Eucalyptus camaldulensis.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho de pesquisa foi realizado nos Laboratórios da Universidade Federal do Piauí, em Bom Jesus-PI (UFPI/CPCE). Para a produção dos painéis, foram utilizadas folhas de Eucalyptus camaldulensis, coletadas neste município. As folhas de E. camaldulensis, recém-coletadas, foram secas ao sol durante dois dias, depois foram novamente secas em estufa de circulação forçada por 6 horas e, posteriormente, trituradas em moinho de facas, obtendo-se o pó e acondicionado em temperatura ambiente por 48 horas. Exceto as folhas coletadas em 2017 que ficaram armazenadas por um ano. Para a formação de cada painel, em colchão de caixa de aço, nas dimensões 400 x 400 x 200 mm, foi utilizado 1.430 g de folhas e 225 g de adesivo. Foram produzidos dois painéis com folhas de Eucalyptus camaldulensis coletadas em anos distintos. O adesivo produzido pela equipe de trabalho foi uréia- formaldeído (UF), na razão molar de (1:2), na proporção de 9%. A densidade nominal dos painéis foi de 0,7 g/cm³. A prensagem foi feita por prensa hidráulica manual, P15 ST BONEVAL®, utilizando pressão de 9,82 MPa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O painel do ano de 2017 (PCE17) apresentou uma densidade básica inicial média de 0,6539 g/cm³ e após passados duas horas de absorção de água valor médio 1,2850 g/cm³, enquanto que no ano de 2018 (PCE18) a densidade média inicial foi de 0,6348 g/cm³, e a final de 1,4761 g/cm³ e por último o painel sem extrativo de 2018 (PSE18) que apresentou uma densidade inicial de 0,5278 g/cm³ e final de 0,3432, esse valores de densidade inicial de final são a média de cada painel, antes e depois do teste de absorção de água. Segundo Maloney (1993), a densidade é considerada a propriedade física da madeira de grande importância relacionado à espécie, sendo o fator determinante na utilização da matéria-prima para a confecção de painéis. Em relação às folhas, os dados deste trabalho demostram que essa relação não segue este princípio. Analisando a variação de densidade entre os dois anos, a densidade média final do painel sem extrativo do ano de 2018 (PSE18), 0,3432 g/cm³, se deu bastante inferior as outras duas densidades finais do painel com extrativo do ano de 2018 (PCE18) e do painel com extrativo do ano de 2017 (PCE17). A retirada de extrativo ocasionou que a densidade diminuísse, porém a adesão do painel foi superior. Segundo Marra (1992), as propriedades da madeira possuem forte influência na formação da ligação adesiva e densidade. Os dados deste trabalho sugerem a influência do extrativo. Os dados da umidade corroboram com as da densidade. Após duas horas do início do experimento, os painéis PCE18 apresentaram teores de umidade de 203% e os PCE17 apresentaram umidade de 226% pelo teste de Tukey a 5%.

CONCLUSÕES: Os painéis aglomerados de folhas de Eucalyptus camaldulensis produzidos em diferentes anos apresentaram, a princípio, boa consolidação dos particulados pelo adesivo, todavia em contato com a água os mesmos apresentaram altos valores de absorção de umidade e inchamento, mesmo apresentando elevada densidade, que em tese evitaria a absorção de água. Contudo, os painéis produzidos sem extrativos apresentaram melhores resultados. Dessa forma, mais estudos a partir deste material devem ser realizados, como o desenvolvimento de impermeabilizantes para esses painéis, visto que os mesmos são de fácil fabricação, são mais uma alternativa de baixo custo, e utilização de resíduos com poucos estudos na literatura.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIAL (ASTM). Standard methods of evaluation the properties of wood-base fiber and particle panel materials. In: ______. Annual book of ASTM standard: ASTM D 1037. Philadelphia, 1996.
BIANCHE, J.J. Propriedades de aglomerado fabricado com partículas de eucalipto (Eucalyptus urophylla), paricá (Schizolobium amazonicum) e vassoura (Sida spp.). Dissertação (Mestre em ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, Minas Gerais, 2009.
FIORELLI, J.; ROCCO, L. F. A.; NASCIMENTO, M. F.; HOLMER JUNIOR, S.; ROSSIGNOLO, J. A. Painéis de partículas à base de bagaço de cana e resina de mamona - produção e propriedades. Acta Scientiarum. Technology. Maringá, v. 33, n. 4, p. 401-406, 2011.
FREIRE, C. S.; SILVA, D. W.; SCATOLINO, M. V.; CÉSAR, A. A. S.; BUFALINO, L.; MENDES, L. M. Propriedades Físicas de Painéis Aglomerados Comerciais Confeccionados com Bagaço de Cana e Madeira. Floresta e Ambiente, 2011.
GUIMARÃES JUNIOR, J.; XAVIER, M. M; SANTOS, T. S.; PROTÁSIO, T. P.; MENDES, R. F.; MENDES, L. M. Inclusão de resíduo da cultura de sorgo em painéis aglomerados de eucalipto. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v. 36, n. 88, p. 435-442, dec. 2016.
MALONEY, T. M. Modern particleboard and dry-process fiberboard manufacturing. 2nd ed. São Francisco: M. Freeman, 1993. 689 p.
SOUSA, K. B.; ALMEIDA, K. N. S.; GUIMARÃES JÚNIOR, J. B.; GUIMARÃES NETO, R. M. Comparação das propriedades físicas de painéis aglomerados de Pinus de origem industrial e laboratorial. SCIENTIA PLENA. Bom Jesus- PI. n. 4, nov. 2012. Disponível em:< https://www.scientiaplena.org.br/sp/article/view/996>.