11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO QUÍMICAS E NUTRICIONAIS DAS FARINHAS DO CACAU E DO MARACUJÁ

AUTORES: Gonçalves, M.F.B. (UFPI) ; Silva, D.T.S. (UFPI) ; Banguim, L.H. (UFPI) ; Fernandes, G.S. (UFPI) ; Moutinho, I.O.M. (UFPI) ; Sousa, F.R. (UFPI) ; Campos, C.M.F. (UFPI) ; Moreira-araújo, R.S.R. (UFPI)

RESUMO: Objetivou-se analisar características físico-químicas, composição centesimal e valor energético das farinhas de chácolate da testa do cacau e farinha da casca e albedo do maracujá. Determinou-se o índice de absorção de água, índice de solubilidade em água, umidade, cinzas, lipídios, proteínas, carboidratos e valor energético total (VET). O IAA e ISA, da farinha de chácolate, em média 3,22g de gel e 0,09% respectivamente. Cinzas na farinha de chácolate foi de 7,14%, na farinha de maracujá foi 5,45%. Umidade, na farinha de chácolate (11,24%) e farinha de maracujá (14,82%). Lipídeos, na farinha de chácolate e farinha da casca do maracujá, foram respectivamente, 2,70% e 1,1%. Proteínas foi 6,29% para chácolate e para farinha maracujá o teor de proteína foi 4,34%.

PALAVRAS CHAVES: cacau; composição centesimal; maracujá

INTRODUÇÃO: O cacau (Theobroma cacao L.) é atualmente cultivado em países da América do Sul, Central e do Norte, além de países da África, Ásia e Oceania. É originário do continente americano, provavelmente das bacias dos rios Amazonas e Orenoco, de onde se espalhou por toda região, onde ainda se encontram algumas espécies em estado nativo. Duas subespécies distintas se desenvolveram, “Criolo” e “Forasteiro”. Um terceiro grupo chamado “Trinitario”. É essencialmente um cruzamento entre essas duas subespécies. (MINIFIE,1989; DA SILVA,1996). O chácolate é um chá oriundo da casca ou testa de cacau, que é removida da amêndoa antes ou após a torrefação da semente, sendo considerada um subproduto e muitas vezes tratada como resíduo. Alguns estudos e patentes vêm sendo desenvolvidos a fim de dar um destino mais nobre a este material devido ao seu elevado valor nutricional, destacando-se a presença de biocompostos como as proantocianidinas e o teor significativo de gordura, além de fibras (OKIYAMA; ARACAVA; RODRIGUES,2018). A casca do maracujá amarelo representa em torno de 60 a 70% do peso total do fruto (OLIVEIRA et al., 2002), tornando-se resíduo extremamente expressivo em relação ao volume total processado na indústria, estimado em 40% da produção nacional (BRUCKNER e PICANÇO, 2001 Faz-se necessário a adoção de medidas para o consumo consciente pela população em relação à alimentação. O aproveitamento integral de frutas e hortaliças na elaboração de novos produtos é uma opção tecnológica, pois pode ser aplicada tanto no ambiente industrial como residencial (SILVA; RAMOS, 2009). Portanto, objetivou-se avaliar as características físico- químicas, composição centesimal e valor energético das farinhas de chácolate feita com a testa do cacau e da farinha elaborada da casca e albedo do maracujá.

MATERIAL E MÉTODOS: 2.1 Preparo das amostras A amostra de chacolate foi comprada no comércio local, da marca NAYAH chocolataria do Amazonas. Em relação a farinha de maracujá, os frutos foram adquiridos no varejo local e a farinha foi produzida no laboratório de Bromatologia e Bioquímica da Universidade Federal do Piauí. Ambas amostras utilizaram a técnica de amostragem de quarteamento de amostra sólida. E os estudos foram realizados em duplicata com valores expressos em média. 2.2 Técnicas realizadas 2.2.1 Índice de absorção de agua e solubilidade em agua – IAA e ISA Foram determinados pelo método de centrifugação a 1000 rotações por minuto, a 30oC Graus, durante 30 min (AOAOC,2005) 2.2.2 Umidade A determinação foi realizada pelo método de secagem em estufa a 105oC. 2.2.3 Cinzas Houve a abertura da amostra por carbonização no bico de Bunsen, em seguida houve a incineração em forno mufla a 550oC. 2.2.4 Lipídeos A determinação de lipídeos ocorreu em um extrator intermitente de óleos e graxas, tipo Soxhlet, com o solvente Hexano. 2.2.5 Proteínas O teor de nitrogênio foi determinado pelo método de Kjeldahl, sendo 5,75 o fator de conversão para alimentos vegetais. 2.2.6 Carboidratos A quantidade de carboidratos foi obtida com a soma de todos os outros constituintes e subtraindo esse valor de 100. 2.2.7 Valor total O valor energético em particular é frequentemente obtido pela soma dos teores de proteínas (4 Kcal/g), lipídeos (9 kcal/g) e carboidratos (4 Kcal/g) (LAJOLO & VANNUCCHI, 1987).  

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A farinha de chácolate demonstrou maior capacidade de absorver água com o IAA de 3,22g de gel, enquanto a capacidade de se dissolver em agua foi menor (0,09%). Com relação ao IAA e ISA, a farinha de chácolate, apresentou média 3,22g de gel e 0,09% respectivamente, como o valor de IAA e ISA obtido por Sousa (2015), (1,73g.g; 6,76g), para farinha de trigo. O teor de cinzas na farinha de chácolate foi 7,14%, enquanto Okiyama et al. (2015), obteve 9,10%. O teor de cinzas da farinha da casca do maracujá, (5,45%), foi aproximado ao de Cazarin et al. (2014), 6,88 %. Umidade (11,24%), na farinha de chácolate foi superior ao declarado por Okiyama et al. (2016), com 4,30 %. Na farinha de maracujá, o teor de umidade (14,82%), também foi superior aos resultados de Cazarin et al. (2014), que determinou 9,48%. Lipídeos, na farinha de chácolate e farinha da casca do maracujá, foram respectivamente 2,70% e 1,1%. O teor lipídico do chácolate, superou o valor de Okiyama et al (2016), com 0,5%. Em relação a farinha do maracujá, observou que foi inferior aos verificados por Reolon et al. (2009), (3,25%). Para proteínas, obteve-se 6,29% para chácolate, abaixo da faixa (23,88%) observada por Efraim et al. (2010), na farinha da casca/albedo do maracujá o teor de proteína foi 4,34%, inferior ao estudo de Reolon et al.(2009), 10,44%. O teor de carboidratos para a farinha de chácolate e farinha casca/albedo de maracajá foram respectivamente, 72,63% e 74,29%. Okiyama et al. (2016), determinou na farinha de chacolate 75,1%, já a farinha da casca e albedo do maracujá nos estudos de Cazerin et al. (2014), foi de 79,39%. Observou-se em relação ao valor energético total (VET) que a farinha de chácolate (339,98 kcal), mostrando-se mais calórica que a farinha da casca/albedo do maracujá (324,42 kcal).

TABELA 01. Índice de absorção de agua e índice de solubilidade em agua

Na tabela 01, estão dispostos os valores referentes de IAA e ISA da farinha de chacolate.

TABELA 02. Valores em média da caracterização físico – químico e compo

A tabela 02 apresenta a composição centesimal das duas farinhas e finaliza expondo o valor energético total em uma quantidade de 100g de cada farinha.

CONCLUSÕES: As farinhas de chácolate elaboradas com a testa do cacau e a farinha feita da casca e albedo de maracujá, mostraram-se ricas em carboidratos com maior teor dentre os macros nutrientes, mostrando-se ótima fonte de fibras, essenciais para auxiliar a digestão, e baixo teor de absorção e solubilidade em agua, podendo serem utilizadas como matéria prima para preparo de alimentos elaborados que não retenham muita agua. O alto teor de umidade da farinha de maracujá sugere sua utilização para preparação de mingais e sopas ou como base para molho, também se mostraram como ótima fonte proteica.

AGRADECIMENTOS:

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