10º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: VALIDAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISE DE COMPOSTOS MINORITÁRIOS EM AMOSTRAS DE COCAÍNA POR CROMATOGRAFIA GASOSA E DETERMINAÇÃO DE AGRUPAMENTOS DE AMOSTRAS SIMILARES POR QUIMIOMETRIA

AUTORES: Oliveira, F.H. (UNB) ; Maldaner, A.O. (INC/PF)

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido a partir da utilização de um perfil químico das amostras de cocaína apreendidas pela Polícia Federal, de modo a gerar informações a serem armazenadas em um banco de dados. O método analítico validado para a caracterização de alcaloides minoritários em amostras de cocaína derivatizadas, é analisado por cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama (GC-FID). Após a validação do método analítico, foi gerada uma carta controle a partir de uma amostra controle quantificada. Portanto com a utilização da carta controle, podemos demonstrar que o método analítico encontra-se confiável, ou seja, dentro de um intervalo de confiança estabelecido.

PALAVRAS CHAVES: Cromatografia gasosa ; Carta controle; Amostra controle

INTRODUÇÃO: A cocaína é uma substância natural, obtida a partir das folhas de coca (gênero Erythroxylum), sendo, porém encontrados os maiores teores em quatro variedades: Erythroxylum coca var. coca, Erythroxylum coca var. ipadu, Erythroxylum coca var. novogranatense e Erythroxylum coca novogranatense var. truxillense. Os alcaloides são substâncias resultantes dos aminoácidos, produzidas através da síntese natural de plantas, fungos e bactérias (BOTELHO, 2011). A cocaína que chega ao consumidor é uma mistura complexa contendo diversos componentes a ela agregada, durante os processos de extração e purificação ou refino. A partir da análise sistemática de componentes minoritários de amostras de cocaína apreendidas e o estabelecimento do perfil químico, uma “assinatura química” característica, pode ser atribuída para cada amostra. Criado em 2005, o Projeto Químico de Drogas (PeQui), representa um conjunto de ações feitas pela Polícia Federal juntamente com o apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, do inglês United Nations Office on Drugs and Crime) com o objetivo de aumentar a capacidade de se enfrentar o crime organizado (GROBÉRIO, 2012). Dentre as técnicas analíticas utilizadas para o estudo de drogas nos laboratórios forenses, a cromatografia gasosa com detector de ionização em chamas utiliza uma chama (hidrogênio/ar) pela qual a amostra é passada, para oxidar as moléculas orgânicas e produzir partículas de carga elétrica positiva. Essas partículas são recolhidas e produzem um sinal elétrico que é então medido. A carta controle tem por objetivo avaliar se o método analítico encontra-se confiável, para determinar sua variabilidade ao longo do tempo encontrada no universo de amostras apreendidas pela Polícia Federal.

MATERIAL E MÉTODOS: Equipamento Analítico: CG-DIC: Cromatógrafo Gasoso Agilent Technologies® 6890N com detector de ionização em chama. O cromatógrafo foi acoplado a uma estação de trabalho com os softwares MSD ChemStation e Enhanced Data Analysis, ambos da Agilent Technologies®. (DINA, 2016). Reagentes e padrões de referência: Cloridrato de cocaína purificado e autenticado pelo Laboratório SEPLAB/INC (CCS); Derivatizante, MSTFA (N- Methyl-N-TMS-trifluoroacetamide) Sigma-Aldrich, P.A; Preparação da solução de padrão interno: Foi preparada uma solução de concentração 0,3 mg ̸mL de n-heneicosano dissolvido em clorofórmio ̸ piridina 5:1(v ̸ v). (DINA, 2016) Preparação das amostras controles do método analítico: Para o preparo das soluções para injeção no CG-DIC foi realizada a pesagem de 10,00 a 10,50 mg de cada amostra e/ou controle diretamente em vial de vidro incolor lacrável de 2 ml. Adicionou-se 500 μL de solução de padrão interno n-heneicosano ̸ piridina 5:1 para os vials, com pipeta automática. Adicionou-se 100 μL de solução de derivatizante (MSTFA) em cada vials, com pipeta automática. Os vials foram lacrados e colocados em aquecedores próprios (thermoblock), a 80 ºC, por 60 minutos. As soluções derivatizadas foram injetadas no equipamento de CG-DIC. (DINA, 2016) Estudo da Estabilidade: Para verificar a estabilidade dos analitos de interesse nas amostras de cocaína, foi preparado, a partir de uma amostra de Cloridrato de cocaína (CCS), sendo pesada, dissolvida na solução de padrão interno e derivatizada. O dia zero corresponde à análise realizada no momento do começo do teste de Estabilidade, de modo que os demais dias representam: dia 1 (24 horas); dia 2 (48 horas); dia 4 (4 dias) e dia 7 (7dias). Os locais de armazenamento são temperatura ambiente (TA), e freezer (F), sob 15ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A construção da carta controle é fundamental, uma vez, que a cada nova quantificação de amostras, a amostra controle será analisada antes e posteriormente à sequência de análises. Em anexo (Tabela 1), são apresentados os resultados do estudo de estabilidade à temperatura ambiente, em termos de erro relativo (%), para a amostra de Cloridrato de cocaína (CCS). O SEPLAB/INC possui como um critério de aceitação de que o erro (em %) seja menor ou igual a 5%. Para o Cloridrato de Cocaína, a grande maioria dos alcaloides minoritários teve uma boa estabilidade durante o estudo (<5%). Pode ser observado que os analitos anidroecgonina e n-formilcocaína tiveram valores constantes altos, acima do critério de aceitação, em razão desses analitos estarem abaixo do Limite de Detecção. A seguir será demonstrada a carta controle para alguns analitos após a realização do estudo de Estabilidade, de modo que todos os analitos tiveram resultados satisfatórios e se encontram dentro do limite de confiança estabelecido. As barras pontilhadas representam os valores reais da amostra, enquanto as linhas contínuas são os limites de confiança escolhidos como confiáveis (± 2%), como critério do laboratório.

Gráficos

Carta Controle para os analitos após a realização do estudo de estabilidade.

Tabela

Avaliação da estabilidade para o Cloridrato de Cocaína (CCS) à temperatura ambiente.

CONCLUSÕES: O método analítico validado para a caracterização de alcaloides minoritários em amostras de cocaína derivatizadas é analisado por cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama (GC-FID), possibilitando que o método seja utilizado com confiança para toda a variabilidade encontrada no universo de amostras apreendidas. A partir do método validado e construção da carta controle (verificado através de uma amostra controle, como o cloridrato de cocaína), para avaliar as amostras estudadas dentro de um intervalo de confiança, o método demonstrou ser confiável.

AGRADECIMENTOS: Agradecimento ao Professor Doutor e perito da Polícia Federal Adriano Otávio Maldaner e a equipe do Laboratório SEPLAB/INC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOTELHO, E. D. Desenvolvimento de uma nova metodologia analítica para identificação e quantificação de truxilinas em amostras de cocaína baseada em Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas (CLAE-EM). Dissertação. Programa de Pós-Graduação – Instituto de Química, Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
GROBÉRIO, T. S. Desenvolvimento de uma metodologia analítica para comparação de amostras de sal de cocaína pela determinação de solventes residuais e analise quimiométrica. Dissertação. Programa de Pós-Graduação – Instituto de Química, Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
SILVA, D. R. Desenvolvimento e validação de metodologia analítica para identificação e quantificação de alcalóides minoritários em amostras de cocaína por cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-DIC). Dissertação. Programa de Pós-Graduação – Instituto de Química, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.