Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0
TÍTULO: APROVEITAMENTO DO ENDOCARPO DE BABAÇU PARA PRODUÇÃO DE BIOCARVÃO
AUTORES: Azevedo L S, H. (UFG) ; Tavares O, M.G. (UFG)
RESUMO: Biocarvão é o nome dado ao material carbonizado produzido a partir do
processo de pirólise de um tipo de biomassa e utilizado no solo para
melhorar suas propriedades físicas, químicas e biológicas. O objetivo deste
trabalho foi produzir o biocarvão utilizando o endocarpo do côco Babaçu como
matéria prima e avaliar o efeito das aplicações no solo. Para a produção foi
desenvolvido um forno próprio a partir de materiais reutilizáveis. O teste
com o biocarvão foi feito em quatro vasos iguais contendo um solo composto
de ¼ de terra e ¾ de areia. Foi plantada a mesma quantidade de sementes de
cenoura em todos e em cada vaso foi aplicado uma quantidade de biocarvão e
também resíduo de compostagem. O biocarvão mostrou eficiência no
melhoramento do solo se associado à outra fonte de nutriente.
PALAVRAS CHAVES: Biocarvão; Babaçu; Biomassa
INTRODUÇÃO: O rápido crescimento da população mundial está ligado a sérios problemas
socioambientais. As mudanças climáticas, a má distribuição de alimentos,
assim como a poluição ambiental e a geração de energia são grandes desafios
que enfrentamos e para isso devemos buscar o desenvolvimento sustentável. O
aprofundamento da crise ambiental, juntamente com a reflexão sistemática
sobre a influência da sociedade neste processo, conduziu ao conceito do
desenvolvimento sustentável que é o aproveitamento dos recursos naturais
dentro da capacidade de carga do sistema (VAN BELLEN, 2004). No Brasil,
devido a importância do setor agropecuário o tema da agricultura sustentável
é relativamente mais relevante, devendo ser debatido à exaustão
(BNDES,2011). O uso da biomassa é de grande interesse para países que têm
sua economia baseada na agricultura e recursos florestais (SENSOZ et al.,
2006). A cadeia produtiva do babaçu é uma das mais representativas do
extrativismo vegetal no Brasil, em razão da área de abrangência da palmeira,
bem como das inúmeras potencialidades e atividades econômicas que podem ser
desenvolvidas a partir dela, de sua importância para famílias que sobrevivem
da agricultura de subsistência associada à sua exploração, e da forte
mobilização social e política que ela gera (CARAZZA et al.,2012). Biocarvão
é o nome dado ao carvão para fins agrícolas, produzido a partir de uma
biomassa carbonizada, através do processo de pirólise. Quando aplicado como
substrato, melhora as propriedades pedológicas do solo, levando ao aumento
da produtividade principalmente em solos arenosos e degradados. Por ser um
material muito estável o carbono permanece estocado no solo, evitando que
este seja lançado a atmosfera e assim contribuindo para o efeito estufa e
mudanças climáticas.
MATERIAL E MÉTODOS: Os cocos de babaçu foram coletados no município de Fazenda Nova - GO. Os
endocarpos foram partidos separados das outras partes do coco. O material
ficou exposto ao sol por três dias para retirada de umidade. Foi
desenvolvido um forno próprio utilizando materiais reutilizáveis e de fácil
acesso: uma lata de 20 litros e pedaços de chapa de zinco. O forno é formado
por dois compartimentos. A parte interna é onde acontece à produção do
carvão através do processo de pirólise, chamada de câmara de carbonização, o
material fica isolado sem oferta de oxigênio para queima. A parte mais
externa é chamada zona de combustão onde ocorre a queima de outro tipo de
material como combustível para a produção de calor. Iniciada a combustão, o
calor atinge a câmara de carbonização e inicia o processo da pirólise. Os
gases voláteis só podem sair pela parte inferior e assim são forçados a
passarem pelas chamas, servindo de combustível para a continuidade da queima
e impedindo que sejam lançados na atmosfera. Para o teste com o biocarvão
como condicionador de solo foram preparados quatro vasos contendo um solo
composto de uma mistura de 3/4 de areia e 1/4 de terra. Em cada vazo foi
adicionado uma quantidade diferente de biocarvão conjugado ou não com
resíduo de compostagem como uma fonte extra de nutrientes. O vaso T1 nada
foi adicionado para controle, no T2 apenas uma porção de biocarvão, no T3
apenas o resíduo de compostagem e no T4 o biocarvão com a compostagem.
Foram plantadas sementes de cenoura em todos os vasos que por durante dois
meses receberam o mesmo tratamento quanto a disposição de sol e água. Após
esse tempo as cenouras foram colhidas e o tamanho suas raízes foram medidas
e comparadas entre si para determinação dos efeitos das diferentes
aplicações com o biocarvão nos vasos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A quantidade de biocarvão produzido em relação à biomassa disponibilizada
variou de 30 a 40%. Para cada quilo de endocarpo foram produzidas 330 gramas
de carvão. Esse resultado esta de acordo com os encontrados por Vale (2013)
que demostrou em seu trabalho que a variação do rendimento gravimétrico
depende da temperatura durante a produção. Os resultados obtidos com plantio
e desenvolvimento das cenouras estão apresentados na Figura 1. No recipiente
T1, onde não houve tratamento do solo, não ocorreu o desenvolvimento das
sementes evidenciando que o solo estava realmente impróprio para o cultivo.
Nos três recipientes restantes o desenvolvimento da cenoura ocorreu de forma
diferenciada, na seguinte sequência: o recipiente T2 foi inferior ao T3 e ao
T4. Pressupõe-se que em T2, o biocarvão tenha servido apenas para
reestruturação do solo e retenção de água. Foi evidenciado no T3 que a
oferta de nutrientes proveniente do resíduo de compostagem promoveu
considerável crescimento da cenoura. Porém foi no vaso T4 que ocorreu o
melhor desenvolvimento, devido à adição dos dois tipos de substrato. O
crescimento das raízes das cenouras medidos em centímetros demonstra que a
utilização do biocarvão integrada a outros compostos orgânicos podem
auxiliar de forma significativa para o desenvolvimento de culturas agrícolas
sustentáveis. Esses resultados demostram que o biocarvão do babaçu pode ser
uma boa ferramenta para o aprimoramento da capacidade do solo.
Desenvolvimento das cenouras
Comparativos do tamanho das cenouras
Tabela Teste no solo
tabela contendo a diferentes deosagens e
crescimentos das cenouras
CONCLUSÕES: O estudo concluiu que é viável a produção de biocarvão em pequena escala e de
maneira artesanal. O endocarpo de babaçu mostrou ser uma boa fonte de matéria
prima para a produção do biocarvão, e também uma boa alternativa para as
populações extrativistas de babaçu para aumentar a renda através da venda de
carvão e mais um recurso auxiliar para a agricultura familiar a aumentar a
produtividade do solo, sem depender de recursos externos muitas vezes de
difícil acesso. O biochar motrou ser um eficiente condicionador de solo
principalmente se associado a outra fonte de nutrientes como a compostagem
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BNDS, 2011. Informativo Técnico SEAGRI, n. 2. Brasília-DF.
CARRAZZA, L. R; SILVA, M. L; ÁVILA, J. C, C. (2012). Manual Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Babaçu. Brasília – DF. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
VAN BELLEN, H.M. (2004). Desenvolvimento Sustentável: Uma Descrição das Principais Ferramenta de Evolução.Ambiente& Sociedade – Vol. VII nº. 1 jan./jun, 67- 88. Santa Catarina - PR.
VALE, A. T; ELIAS, P. S.(2013). Produção de carvão vegetal de casca de baru (dipteryx alata) utilizando células de carbonização. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 43, n. 1, p. 117 - 124, jan./mar.
SENSOZ, S. I; DEMIRALAND H. F. G, (2006). Olivebagasse (OleaeuropeaL.) pyrolysis. J. Biores.Technol., 97:429-436.DOI: 10.1016/J.BIORTECH.2005.03.007