Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0
TÍTULO: VULNERABILIDADE E QUALIDADE DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO CEMITÉRIO SANTANA, EM GOIÂNIA – GO
AUTORES: Bernardes, E.S. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Batista, F.V. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Gomes, K.G.O. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Frison, C.B. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Gouveia, L.A. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Neto, R.R.B. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Barros, R.G. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Bárbara, V.F. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Rios, F.P. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA) ; Alves, P.L. (IFG/CAMPUS GOIÂNIA)
RESUMO: O crescimento acelerado e desordenado de Goiânia fez com que equipamentos com
alto potencial contaminante do solo e águas subterrâneas passassem a integrar
plenamente a malha urbana, a exemplo dos cemitérios. Nesse contexto, o
presente trabalho objetivou analisar a qualidade e vulnerabilidade das águas
subterrâneas na área do Cemitério Santana, em Goiânia/Goiás. Os resultados das
análises físico-químicas e microbiológicas realizadas mostraram que, apesar da
área possuir alta vulnerabilidade à contaminação, não há indícios de
contaminação das águas subterrâneas por necrochorume.
PALAVRAS CHAVES: Contaminação necrochorume; Análises físico-químicas ; Metodologia GOD
INTRODUÇÃO: A maioria dos cemitérios integrados às malhas urbanas adensadas das grandes
cidades foram construídos antes das legislações de saneamento vigentes, e
podem trazer ameaças à saúde pública (PACHECO, 2000) e constituir um alto
potencial de contaminação para as águas subterrâneas. É comum presenciarmos
negligências quanto à construção dos cemitérios e um desconhecimento por
parte da população, e também das autoridades gerenciadoras das necrópoles,
tornando-se assim a problemática da localização dos cemitérios um dos
grandes desafios ainda não solucionados (ANJOS, 2007). Pondera-se que os
cemitérios se assemelham a aterros sanitários, onde são enterradas
substâncias orgânicas e inorgânicas. Esses, porém, possuem como agravante o
necrochorume, produzido pela decomposição dos corpos, que podem estar
contaminados com bactérias e vírus que trouxeram o indivíduo a morte,
colocando possivelmente em risco a população e o meio ambiente. A
contaminação dos lençóis não compromete apenas a área compreendida pela
instalação do cemitério, mas também, as reservas subterrâneas de suas áreas
circundantes, gerando, desta forma, um alto risco para quem as utiliza por
meio de perfuração de poços nessas regiões. Deste modo, é imprescindível a
avaliação e monitoramento de lençóis freáticos em áreas cemiteriais e
próximas a eles, o que motivou a presente pesquisa a delimitar a
vulnerabilidade de águas subterrâneas e analisar a qualidade físico-química
e microbiológica dessas águas na área ocupada pelo Cemitério Santana, o
primeiro da cidade de Goiânia, construído em 1939, e que ocupa uma área de
290.000m².
MATERIAL E MÉTODOS: Optou-se pela divisão em duas etapas metodológicas: análises laboratoriais
da qualidade físico-química e microbiológica das águas subterrâneas; e a
montagem de um mapa de vulnerabilidade à contaminação da área do cemitério e
seu entorno. Para as análises físico-químicas e microbiológicas da água
subterrânea, amostras foram coletadas in loco, no Cemitério Santana, durante
o período chuvoso de fevereiro de 2017. As análises laboratoriais ocorreram
nos Laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Goiás, Campus Goiânia, sendo analisados os seguintes parâmetros: pH,
condutividade, dureza, alcalinidade, cloretos, coliformes totais, coliformes
termotolerantes e escherichia coli, cálcio, nitrogênio amoniacal, nitrato e
nitrito.
Na elaboração do mapa de vulnerabilidade empregou-se a metodologia GOD, que
consiste em uma maneira de quantificar, a partir de um índice obtido pelo
produto dos parâmetros (IV=G×O×D) que pode ficar entre 0,0 (insignificante)
e 1,0 (extrema) -baixa, média e alta. Assim como Maia e Cruz (2011)
atribuiu-se o valor constante 1 para o grau de confinamento do aquífero (G),
considerando-o como aquífero livre/não-confinado. Para a litologia (O),
segundo Crispim (2015), terá valor de 0,7, correspondendo a solo latossolo e
extrato metamórfico. E para a profundidade do lençol freático (D) houve uma
variação com valores de 0,6, 0,8 e 1,0, a depender dos dados estes obtidos
através de aferição in loco e por meio da base de dados do SIAGAS/CPRM
(2017). Para espacialização dos dados e construção do mapa de
vulnerabilidade foi empregado o programa ArcGIS 10.22.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Verificou-se que os parâmetros de cloretos, condutividade elétrica e dureza
são os que mais se alteram com a presença de necrochorume, o que é
ratificado por Matos (2001) ao afirmar que este provoca um acréscimo de sais
minerais, aumentando a condutividade elétrica da água e a concentração de
íons como cloretos. Os resultados dos parâmetros analisados foram:
condutividade elétrica - 115,2 μS/cm; dureza - 36 mg/L; cloretos - 21,5
mg/L; e cálcio total - 10,42 mg/L. Resultados semelhantes aos obtidos por
Migliorini et al. (2006) em Cuiabá-MT. Entretanto, devido à ausência de
contaminação microbiológica e os resultados analíticos das amostras de água
subterrânea apresentaram concentrações em conformidade com a Resolução
CONAMA N° 396/2008 e com a Portaria do Ministério da Saúde n° 2.914/2011
(Tabela 1), fica caracterizada a ausência de contaminação por necrochorume,
durante o período chuvoso.
Como produto dos parâmetros da metodologia GOD, determinou-se a
vulnerabilidade relacionada a cada poço da pesquisa, estando 39 poços
classificados em vulnerabilidade alta (0,5<IV<0,7), dos quais 7 estão entre
alta e extrema (IV = 0,7), e 3 apresentaram vulnerabilidade média
(0,3<IV<0,5). O mapa de vulnerabilidade da região do Cemitério Santana
(Figura 1) expõe como resposta uma alta vulnerabilidade para toda a região
analisada.
Mesmo com o potencial contaminante dos sepultamentos, a região estudada
possui alta fragilidade à contaminação. Similarmente, um estudo em Nova
Palma-RS, demonstrou que a presença de atividades com alto potencial
contaminador em regiões com vulnerabilidade elevada, via de regra em meio
urbano, mesmo não sendo essas o influente direto na determinação da
vulnerabilidade, constituem o atuante para áreas pré-estabelecidas frágeis
(LÖBLER; SILVA, 2014).
Tabela 1 - Resultados Analíticos da água subterrânea Cemitério Santana
Figura 1 - Mapa de vulnerabilidade da região do Cemitério Santana
O mapa compreende a área de influência do
Cemitério Santana (Goiânia/Goiás) considerando
toda a região abrangida por um raio de 2,5 km a
partir dele.
CONCLUSÕES: A partir das análises físico-químicas e microbiológicas de amostras obtidas in
loco, durante o período chuvoso, não se comprovou a contaminação por
necrochorume, ao mesmo tempo que a aplicação da metodologia GOD determinou que
a área ocupada pelo Cemitério Santana em Goiânia/Goiás encontra-se em situação
de alta vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas. Ressalta-se que
essa pesquisa foi desenvolvida no âmbito de bolsas vinculadas
ao programa PIBITI, em 2016, pelo IFG/Campus Goiânia e registradas junto aos
Núcleos de Estudos e Pesquisas ENCIMA e NEPSA da mesma instituição.
AGRADECIMENTOS: A ProPPG e IFG/Campus Goiânia pelo apoio e bolsas de iniciação científica,
e a toda equipe do Cemitério Santana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANJOS, R. M. Cemitérios: uma ameaça à saúde humana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24., 02-07 setembro 2007, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: ABES, 2007. 1 CD-ROM
BRASIL. Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Editora do Ministério da Saúde. Brasília, 2011.
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MAIA, P. H. P.; CRUZ, M. J. M. Um novo método para avaliar a vulnerabilidade de aquíferos. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v. 15, n. 2, p. 29-40, 2011.
MATOS, B. A. Avaliação ocorrência e do transporte de microorganismos no aquífero freático do cemitério de Vila Nova Cachoeirinha município de São Paulo. 2001. 113f. Tese (Doutorado)- Instituto de Geociências, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44133/tde-19122001-082301/> Acesso em: 11 mar. 2017.
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PACHECO, A. Cemitério e meio ambiente. 2000. 102 f. Tema de livre docência. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em <http://www.teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=17&Itemid=160&lang=ptbr&id=57A29EFBD285>. Acesso em 09 dez. 2016.
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