9º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 19 a 21 de Setembro de 2016.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: USO SUSTENTÁVEL DE COBERTURA VERDE E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA DRENAGEM URBANA

AUTORES: Canedo, A.C. (IFG) ; Santo, D.R.A.E. (IFG) ; Mota, G.N. (IFG)

RESUMO: O presente estudo buscou aprofundar os conhecimentos sobre o uso do telhado verde, que constitui uma das soluções alternativas para mitigação do problema das enchentes e que tem se mostrado eficiente no manejo de águas pluviais urbanas. O experimento foi composto por doze canteiros, preparados com três composições distintas de substrato, sendo eles: (i) 100% de terra preta vegetal (TP), (ii) 50% TP e 50% de lodo de Estação de Tratamento de Àgua (ETA), e (iii) 50% TP e 50% com lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). E quatro espécies de plantas: Catharanthus roseus, Lantana camara, Arachis repens e Torenia fournieri. O estudo comprovou que a aplicação de qualquer uma das espécies traz benefícios significativos aos sistemas convencionais de drenagem urbana com até 82% de retenção.

PALAVRAS CHAVES: Telhado verde; lodo de ETA; lodo de ETE

INTRODUÇÃO: Os centros urbanos continuam enfrentando um grave problema de escoamento das águas pluviais. Esse problema é consequência da degradação do meio ambiente, sobretudo pela extensa impermeabilização, e é perceptível por meio da erosão acelerada, do assoreamento e das inundações, prejudicando, assim, a saúde, a qualidade de vida e a preservação do patrimônio da população, inclusive com impactos psicológicos e financeiros (TUCCI; BERTONI, 2003). O manejo das águas pluviais e a drenagem urbana são partes integrantes do saneamento básico, que pode ser definido como infraestruturas e instalações operacionais de drenagem, transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas (BRASIL, 2007). Neste espeque, o telhado verde surge como uma alternativa inteligente, sustentável e inovadora para amenizar o problema adrede explicitado. Existem inúmeras outras vantagens do telhado verde, sem dúvida, seu grande benefício é o auxílio na drenagem urbana. Com a retenção e diminuição do fluxo de escoamento do acúmulo pluviométrico, há, portanto, um retardo no ingresso dessas águas no sistema de drenagem, o que diminui a sobrecarga do sistema (ROSSETI, 2013).

MATERIAL E MÉTODOS: O aparato experimental foi montado em fevereiro de 2015, na cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás. Constituiu de uma estrutura metálica que recebeu os oito canteiros distribuídos sobre paletes de madeira. Para os canteiros, foram utilizadas bombonas, cortadas ao meio, no sentido longitudinal, com área superficial de aproximadamente 0,2m². Para fins de comparação foram usados dois tipos de substratos: de terra preta comum (TP) e uma mistura de terra preta comum com lodo de ETE (TPLE). Nos canteiros foram transplantadas quatro espécies de plantas: Catharanthus roseus, Lantana camara, Arachis repens e Torenia fournieri. Tais espécies foram escolhidas partindo-se da premissa de exigirem menor manutenção e possuírem maior sobrevida nos tempos de seca, além de serem facilmente encontradas em jardins de casas e praças brasileiras. Em cada canteiro, foram utilizadas quinze mudas de uma mesma espécie de planta, transplantadas em cada um dos substratos. O monitoramento das precipitações pluviométricas, ocorrido no período de fevereiro a abril de 2015, foi realizado por meio do uso do pluviógrafo, modelo RG3-M, do fabricante ONSET, com precisão de 0,2mm. Os dados obtidos pelo pluviógrafo foram convalidados com a estação meteorológica código OMM 83423 do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, localizada a aproximadamente 600 metros do experimento. A medição da água pluvial infiltrada nos canteiros foi feita por meio da diferença entre o volume precipitado (pluviógrafo) e a leitura do volume de água escoada pelos canteiros e armazenada em cada bombona. Assim foi possível mensurar a capacidade de infiltração e de escoamento de cada canteiro, bem como identificar as diferenças promovidas pelas características individuais de cada espécie de planta utilizada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante o período de monitoramento houve um desenvolvimento natural das plantas. Apos analisar isoladamente o comportamento de cada conjunto substrato/planta nos onze eventos monitorados, é possível verificar a média de escoamento de cada canteiro. Ao se analisar isoladamente o comportamento de cada conjunto substrato/planta nos onze eventos monitorados, é possível verificar a média de escoamento de cada canteiro. Verifica-se que qualquer conjunto adotado para implantação de um telhado verde já seria de grande valia para atenuar o deflúvio, já que mesmo o menos eficiente, neste caso o conjunto que utilizava lodo de ETE na composição do substrato com a Grama amendoim (Arachis repens), já representaria uma diminuição de cerca de 46% do volume de chuva a ser escoado. O resultado é muito próximo ao encontrado por Baldessar (2012) que a redução acentuada da água escoada pelo telhado verde é considerável, tem se 30,7% da água. Verifica-se ainda que, dentre as espécies de plantas utilizadas neste experimento, a que apresentou menor índice de escoamento, independente do tipo substrato foi a Boa noite (Catharanthus roseus), com cerca de 81% de infiltração sendo assim a mais indicada para plantio. Em relação aos substratos utilizados a diferença entre os três substratos apresenta uma variação média menor que 10%. Considerando que a deposição desses materiais em aterro em nada contribui para a sustentabilidade do meio ambiente e do próprio aterro, uma destinação como substrato de plantas, tanto em jardins, como em telhados verdes, trará uma contribuição ao meio ambiente e uma destinação correta aos resíduos.

CONCLUSÕES: Confirmou-se a viabilidade de utilização da cobertura vegetada como método alternativo auxiliar na drenagem urbana uma vez que o telhado verde absorveu, conforme a variância da composição do substrato e da espécie de planta escolhida, até 82% do volume de água precipitado sobre a área do canteiro. Verificou-se que dentre todos os 12 conjuntos estudados cada um contribuiu em percentagens distintas quando consideramos o quesito absorção. O conjunto menos eficiente, ou seja, que liberou à rede de drenagem urbana 54% da água precipitada foi o composto por Arachis repens no substrato Lodo de ETE

AGRADECIMENTOS: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás(FAPEG) pelo custeio dos materiais. A Saneamento de Goiás (Saneago) por fornecer o Lodo e ao IFG.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BALDESSAR, S. M. N. TELHADO VERDE E SUA CONTRIBUIÇÃO NA REDUÇÃO DA VAZÃO DA ÁGUA PLUVIAL ESCOADA. Curitiba, PR. 2012. Dissertação.
BRASIL. Lei n. 11.445 de 05 de janeiro de 2007. ESTABELECE DIRETRIZES NACIONAIS PARA O SANEAMENTO BÁSICO. 2007.
ROSSETI, K. A. C.; Durante, L. C.; Callejas, I. J. A.; Nogueira, M. C.J. A.; Nogueira, J. S. ABORDAGENS SISTÊMICAS DOS EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DE TELHADOS VEGETADOS. Brazilian Geographical Journal: Geosciences and Humanities research medium, Ituiutaba, v. 4,n. 1, p. 55-77. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/braziliangeojournal/ article/view/21023/12780>. Acesso em: 30/09/2014.
TUCCI, C. E. M.; BERTONI, J. C. INUNDAÇÕES URBANAS NA AMÉRICA LATINA. 1ª Ed, Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 471p., 2003.