9º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 19 a 21 de Setembro de 2016.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DO TEOR DE SÓDIO EM EXTRUSADOS DE MILHO POR ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA – FOTOMETRIA DE CHAMA

AUTORES: Gonçalves, M.X. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Reis, L.O. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Barros, K.A. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Santos, J.R.C. (IFG CAMPUS GOIÂNIA)

RESUMO: Devido a sua grande praticidade para consumo, o mercado de snacks extrusados tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente nos centros urbanos. Em paralelo, tem-se um aumento significativo na ingestão excessiva de sódio pelos consumidores, também oriundo do alto consumo de produtos industrializados. Assim, este trabalho objetivou quantificar o teor de sódio, através da espectrometria de emissão atômica (fotometria de chama), em seis amostras de salgadinhos de diferentes marcas comercializadas em Goiânia. Com os resultados obtidos, foi possível ainda, verificar a conformidade do teor declarado na rotulagem nutricional presente na embalagem do produto e sua adequação com os níveis de ingestão diária estabelecidos pela legislação vigente.

PALAVRAS CHAVES: Fotometria; Sal; Snacks

INTRODUÇÃO: A versatilidade de utilização do milho possibilita elevado emprego e o torna uma das matérias-primas mais importantes para a produção de alimentos (GONÇALVES et al.,2003). Nos últimos anos, o mercado de salgadinhos vem ocupando um lugar cada vez maior. Segundo a ANIB, o segmento de snacks vem crescendo anualmente, sendo os salgadinhos de milho/trigo os que apresentaram o maior número de lançamentos (ABIMAPI, 2015). Aliado a isso, tem-se um aumento na ingestão de sódio pelos consumidores, uma vez que para o Ministério da Saúde e a ANVISA, o consumo de sódio em demasia, é proveniente em maior parte, da ingestão de alimentos industrializados. Ultimamente, na maioria dos países, o consumo de sal por dia tem sido excessivo, variando de 9 a 12 g por pessoa. Em contraste, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão diária, para adultos, de no máximo 5 g de sal (NILSON et. all.,2012). Além disso, a literatura aponta que tal excesso é causa principal do desenvolvimento de doenças crônicas, desde a hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, até o câncer de estômago, doenças renais e osteoporose. Tanto o teor de sódio, quanto as demais informações nutricionais, devem ser rotulados nas embalagens dos produtos, conforme a Resolução RDC n. 360/2003. Segundo a ANVISA, diferenças entre os valores fornecidos na rotulagem nutricional e os encontrados em análises laboratoriais, são aceitáveis até o limite de 20%. No entanto, Ribeiro (2011) atesta que ainda assim encontram-se dados excedendo a esta variação. Assim, este projeto objetivou quantificar através da fotometria de chama, o teor de sódio em seis marcas de salgadinhos, além de verificar a conformidade do teor declarado em suas respectivas embalagens nutricionais e os parâmetros estabelecidos pela legislação.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada no Laboratório de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Goiânia, utilizando os equipamentos e reagentes já presentes no mesmo. A metodologia adotada na determinação do teor de sódio nos salgadinhos,foi adaptada a partir da utilizada por PEIXER (2013). As amostras dos seis salgadinhos utilizados, foram coletadas numa rede de supermercados conhecida na cidade de Goiânia, todas dentro do prazo de validade e com data de fabricação recente. As amostras foram maceradas com auxílio de pistilo e almofariz, e em seguida, pesaram-se exatamente duas gramas de cada uma em cadinhos de porcelana previamente separados e identificados. As amostras foram submetidas à calcinação em um forno mufla da marca EDGE Equipamentos® a 550°C para obtenção de cinzas, e resfriadas em dessecador VIDROLABOR®. Após a calcinação, as cinzas foram solubilizadas com solução de ácido nítrico 0,1 mol/L, e filtradas utilizando-se papel filtro. Em paralelo, prepararam-se também, soluções padrão com concentrações Na+ equivalentes à 80; 60; 40; 20 e 10 mg/L utilizando-se seu respectivo cloreto. Os filtrados foram analisados em um fotômetro de chama Analyser 910® para a futura determinação da concentração de sódio. Foram utilizadas as soluções de Na para obter curvas de calibração analítica para leituras de emissão atômica no fotômetro de chama. Com os resultados em mãos, compararam-se com os valores fornecidos nos rótulos dos produtos, bem como nos padrões estabelecidos pela ANVISA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a leitura, das soluções padrão de sódio, foi possível traçar uma curva de calibração das intensidades de emissão em função de suas respectivas concentrações. Para tal, utilizou-se o software estatístico MicrocalOrigin®. Nota-se que o coeficiente de linearidade informado pelo software, aponta que cerca 99% dos valores analisados obedecem à equação da reta do tipo y = a + bx fornecida pelo gráfico em anexo, onde y = intensidade de emissão e x = concentração. Desta forma, foi possível então, através dessa equação, dos resultados das leituras dos filtrados, e das massas das amostras após a calcinação, determinar a concentração de sódio em cada amostra analisada, bem como os respectivos teores de cinzas encontrados (vide tabela em anexo). Embora nenhum dos resultados encontrados ultrapasse ao valor mencionado no rótulo nutricional, apenas o salgadinho A apresentou-se em conformidade com a legislação, visto que para a ANVISA é aceitável uma variação de ± 20%. Os salgadinhos de marca C e E, são de um mesmo fornecedor, cuja análise sensorial também detectou baixa concentração de sódio. Tais diferenças exorbitantes (-53,16 e-41,47% respectivamente) podem ser justificadas por exemplo, pelo emprego de uma rotulagem nutricional sem as devidas análises químicas - fato muito recorrente em indústrias alimentícias de pequeno porte. Em relação às demais marcas de salgadinhos, pode-se dizer que também se encontram de acordo com a legislação, uma vez que estão próximas às margens estabelecidas e considerando-se possíveis erros operacionais durante as análises.

Gráfico 1 - Curva de Calibração



Tabela 1 - Resultados Encontrados



CONCLUSÕES: Contudo, com base nos resultados obtidos, notou-se que embora nenhuma marca tenha extrapolado aos valores nutricionais fornecidos, a redução do teor de sódio em alimentos industrializados ainda é uma questão a ser trabalhada. Ademais, conclui-se que a técnica empregada além de ser bastante rápida e simples, é um tanto quanto precisa, considerando-se o ótimo coeficiente de linearidade obtido.

AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Goiânia e à orientadora Joema Cardoso pelo suporte e auxílio prestado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABIMAPI, Associação Brasileira das Indústrias de Biscoito, Massas alimentícias, Pães e Bolos industrializados. Disponível em:<http://abimapi.com.br/noticias-detalhe.php?i=MTEyNw==> Acesso em 31/07/2016
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº. 50/201 – Teor de Sódio nos Alimentos Processados. Disponivel em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/856c37804d19e24d9d7aff4031a95fac/INFORME+T%C3%89CNICO+2012-+OUTUBRO.pdf?MOD=AJPERES> Acesso em 31/07/16.
GONÇALVES, R.A; SANTOS, J. P.; TOMÉ, P. H. F.; PEREIRA, R.G.F.A; ASCHERI, J. L. R;ABREU,C. M. P. Rendimento e composição Química de cultivares de milho e moagem a seco e produção de grits. Ciênc.agrotec., Lavras. V.27, n.3, p.643-650, 2003.
NILSON EAF, JAIME PC, RESENDE DO. Iniciativas desenvolvidas no Brasil para a redução do teor de sódio em alimentos processados. Rev Panam Salud Publica. 2012;34(4):287–92.
PEIXER, Lubna Chagas. Determinação de Metais Alcalinos e Metais Alcalinos Terrosos em Alimentos. IFSC. São José-SC. 2013.
RIBEIRO, Vera Favila. Alimentos Processados para Crianças e Adolescentes: Concentrações de Sódio e Conformidade da Rotulagem. UFPE – Centro de Ciências da Saúde. Recife-PE. 2011.