Realizado em Goiânia/GO, de 19 a 21 de Setembro de 2016.
ISBN: 978-85-85905-20-0
TÍTULO: VIABILIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM DOMÉSTICA PARA APLICAÇÃO EM CULTIVOS DE HORTALIÇAS NO MUNICÍPIO DE POSSE/GO
AUTORES: Santos, S.N. (IF GOIANO) ; Pereira, C.E.S. (IF GOIANO) ; Valente, T.S. (IF GOIANO) ; Silva, V.A.S. (IF GOIANO/UNB) ; Silva, D.L.S. (IF GOIANO) ; Fernandes, I.L. (IF GOIANO/UNB)
RESUMO: A disposição inadequada de resíduo em lixões – que contaminam o solo e os
recursos hídricos – e a saturação de aterros sanitários são problemas
recorrentes que envolvem os resíduos sólidos. A compostagem é um processo de
preparo de fertilizante natural, o húmus, a partir de resíduos orgânicos. A
pesquisa visou fazer um levantamento dos resíduos orgânicos gerados no
município de Posse/GO e implantar duas composterias em tambores de
polietileno diferenciando-as pelo esterco bovina em uma e de galinha em
outra. O estudo da termoestabilização do resíduo foi feito com um termômetro
digital do tipo espeto. Constatou-se a facilidade de obtenção do composto
húmicos estabilizado por compostagem tanto com esterco bovino quanto com
esterco de aves associados à serragem e frutas, legumes e verduras.
PALAVRAS CHAVES: Composteira; Resíduo sólido; Adubo orgânico
INTRODUÇÃO: A compostagem é um processo de preparo de fertilizante natural, o húmus, a
partir de resíduos orgânicos – dejetos animais, palhas, restos de frutas e
verduras entre outros materiais. Esses resíduos são misturados e amontoados
visando formar montes ou pilhas de compostagem. Valente et al., (2009) cita
que é um processo de decomposição aeróbia controlada e de estabilização da
matéria orgânica com obtenção de um produto final estável, sanitizado, rico
em compostos húmicos e cuja utilização no solo, não oferece riscos ao meio
ambiente. O húmus de modo geral é constituído por partículas muito pequenas
de substâncias orgânicas mais decompostas, que por suas características
químicas e de tamanho é muito reativo. A aplicação no solo traz benefícios
para melhorar suas propriedades, por exemplo: melhora a agregação das
partículas e estruturação do solo; a aeração; a infiltração de água e
retenção de umidade; a capacidade de retenção e disponibilização de
nutrientes que irão "alimentar" as plantas (macro e micronutrientes)
(PEIXOTO et al., 2014). Ressalta-se que a disposição inadequada de resíduo
em lixões e a saturação de aterros sanitários são problemas recorrentes que
envolvem os resíduos sólidos. O alcance de soluções viável depende de ações
intensas principalmente dos municípios, esses devem adotar o gerenciamento
integrado de resíduos sólidos que compreendem a redução da geração destes, a
reutilização, a reciclagem de materiais (SANTOS, 2007). A pesquisa visou
fazer um levantamento dos resíduos orgânicos gerados no município de
Posse/GO e implantar uma composteira fechada em uma residência, com intuito
de ser modelo de uso em escolas publicas e propriedades rurais a fim do
composto estabilizado ser utilizado no cultivo de hortaliças na região.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram realizadas visitas de campo nas escolas municipais e estaduais da
cidade de Posse para avaliar de modo superficial, o solo, a estrutura e a
aceitação da equipe diretiva das escolas para receber sistemas de
composteiras. Avaliou-se também a presença de hortas dentro das escolas, com
o fito de conciliar o produto das composteiras, o adubo, com o uso na horta
da própria escola. Ao final das visitas escolares recorreu-se a uma
propriedade rural nas proximidades a qual possui cultivo de hortaliças que
são comercializadas na feira. Num segundo momento, realizaram-se consultas a
alguns produtores da região com o proposito de conhecer os principais
resíduos produzidos e não reaproveitados. Os resíduos coletados foram:
esterco bovino (propriedade rural nas proximidades de Posse), esterco de
galinha (propriedade na zona rural de Posse), serragem (empresa de moveis
planejados da região) e sobras de frutas verduras e legumes (cedido por um
verdurão da cidade). Preferiu-se utilizar duas composteiras do tipo fechada
diferenciando-as pelo esterco bovina em uma e de galinha em outra. As
composteiras foram montadas utilizando-se dois tambores de polietileno com
capacidade de 30 litros cortados e furados em baixo. Com intuito de fazer o
estudo da termoestabilização do resíduo presente na composteira ao longo do
período de compostagem aferiu-se a temperatura dos sistemas com termômetro
digital do tipo espeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das visitas realizadas verificou-se que a propriedade rural, que se cultiva
hortaliças, foi o local mais adequado para receber o composto depois de
curtido. A implantação da composteira nesse local foi inviabilizada pela
manutenção das composteiras, necessidade de rega e homogeneização além de
registro de temperatura. Nas escolas, verificou-se que algumas foram
contempladas com o programa horta na escola da Prefeitura ou do Estado em
anos anteriores, no entanto pela falta de verba e de um profissional
dedicado a manutenção do programa, os sistemas foram abandonados. A nítida
diferença apresentada pela influencia dos tipo de composto é representada na
Figura 1. Os resultados obtidos ao longo dos 30 primeiros dias de
compostagem são resumidos na Figura 2. Observou-se a temperatura alta no
início da composteira, ao passar os dias diminui. A composteira com esterco
de galinha ficou húmida por mais tempo depois da rega do que a de esterco
bovino, considera-se que é porque o esterco de galinha se misturou melhor
aos outros materiais por ser menos volumoso e rígido como o esterco bovino.
Constatou-se o aparecimento de milhocas, formigas, lagartas branca, piolhos
de cobra e usualmente sapos dentro da composteira de esterco bovino. Mattos
et al (2012) cita que durante o processo de compostagem, ocorre o processo
de cura ou maturação. Pode-se visualizar que a fase termófila ocorreu antes
do 11º dia. Até o 30º dia o composto apresentou-se parcialmente curado,
visto que o platô foi atingindo para as duas composteiras. O composto
curtido e estabilizado foi utilizado em propriedade rural na plantação de
hortaliças e em hortas domiciliares. O rendimento e possíveis melhoras no
cultivo com a utilização desses poderão ser expostos numa segunda fase do
trabalho, atualmente em estudo.
Figura 1
Composteira de esterco bovino (esquerda) e com
esterco de galinha (direita) antes de serem
fechadas com chapas de madeira
Figura 2
Aferição de temperatura para as duas composteiras:
com esterco de aves (linha tracejada) e com
esterco bovino (linha continua).
CONCLUSÕES: Constatou-se a facilidade de obtenção do composto húmicos estabilizado por
compostagem tanto com esterco bovino quanto com esterco de aves associados à
serragem e resíduos de frutas, legumes e verduras. Destaca-se tempo reduzido
para estabilização do composto no Município de Posse/GO além de baixa
necessidade de aparatos. Resultados satisfatórios foram atingidos com pouca
necessidade de adequação.
AGRADECIMENTOS: Ao IF Goiano pelo apoio financeiro e à Associação Brasileira de Química pela
oportunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MATTOS, T.M.; MULLER, N.T.G.; FREITAS, N.; PACHILA, L. Viabilização do Processo de Compostagem na URI/Santo Ângelo-RS, Para a Produção de Plântulas na Educação Ambiental da ONG Eco Global Missões. Revista Monografias Ambientais. Edição Especial Curso de Especialização em Educação Ambiental. 2015, p. 120-125.
PEIXOTO, R.T.G.; INÁCIO, C.T.; MACEDO, J.R.; CAPECHE, C.L. Compostagem. In: Batista, M.A.; Paiva, D.W.; Marcolino, A (org.). Solos para todos: perguntas e respostas, cap.3. Dados eletrônicos. - Rio de Janeiro : Embrapa Solos, 2014.
SANTOS, H.M.N. dos; FEHR, M. educação ambiental por meio da compostagem de resíduos sólidos orgânicos em escolas públicas de Araguari-MG. Caminhos de Geografia. Uberlândia, v. 8, n. 24, p. 163 – 183, dez. 2007.
SINAJ, S.; CHARLES, R.; RICHNER, W.; FLISCH, R. Donnés de base pour la fumure des grandes cultures et des herbages. Revue Suisse d'agriculture, Jan-Fev 2009. Vol 41, nº1, 98p
VALENTE, B.S; XAVIER, E.G.; MORSELLI, T.B.G.A.; et al. Fatores que afetam o desenvolvimento da compostagem de resíduos orgânicos. Revista Archivos de Zootecnia. v. 58 (R). p. 59-85, 2009.