Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA BIOMASSA FÚNGICA ORELHA DE PAU (Pycnoporus sanguineus) SEGUNDO O ESTUDO DE PONTO DE CARGA ZERO E O SEU PONTENCIAL DE BIOSSORÇÃO DOS ÍONS Cd (II), Pb (II) E Cr (III)
AUTORES: Santos, J.J.S. (CESI/UEMA) ; Nascimento, J.M. (EQ/UFRJ) ; Cardins, W.A. (CESI/UEMA) ; Oliveira, J.D. (CESI/UEMA)
RESUMO: Com o desenvolvimento desordenado e o constante crescimento industrial o
número de efluentes gerados aumentou bastante acarretando com isso a
poluição do solo e dos lençóis freáticos. Este trabalho tem o objetivo de
avaliar o potencial de biossorção da biomassa fúngica Orelha de pau
(Pycnoporus sanguineus) em relação aos metais potencialmente tóxicos
Cd (II), Pb (II) e Cr (III), além de caracterizar a biomassa de acordo com o
estudo do Ponto de Carga Zero (PCZ). A biomassa possuiu boa capacidade de
biossorção para as espécies metálicas estudadas e o PCZ encontrado foi na
faixa de 3,7 indicando que faixas de pH abaixo de 3,7 a adsorção é
predominante de cargas negativas e acima do pH 3,7 a adsorção é predominante
de cargas positivas.
PALAVRAS CHAVES: Biomassa fúngica; Metais tóxicos; Ponto de Carga Zero
INTRODUÇÃO: Uma alternativa bastante utilizada na remoção de metais potencialmente
tóxicos de águas residuais de processos industriais (galvanoplásticos,
metalúrgicos, etc.) são os métodos convencionais de tratamento físico-
químico: coagulação, floculação, sedimentação, filtração e ozonização.
Entretanto, estes métodos são bastante onerosos e envolvem longos períodos
de detenção, o que dificulta sua implementação (RAO et al., 2002). Um método
bastante eficaz e versátil utilizado na remoção de metais potencialmente
tóxicos em solução aquosa é a adsorção (BABEL e KURNIWAN, 2004; SOUZA et
al., 2007).
Os materiais que promovem a biossorção são chamados de biossorvente dentre
eles a casca do coco verde (SOUSA, et al., 2007) e casca de banana (BONILO e
YAMURA, 2005) representam uma alternativa aos tratamentos de efluentes.
A biossorção por fungos é uma opção para o tratamento de efluentes
carregados com íons metálicos potencialmente tóxicos. Estes microrganismos
podem acumular metais metabólicos e não metabólicos por precipitação ou pela
ligação dos componentes presentes na parede celular ou na membrana celular,
como carboxila, hidroxila, fosfatos e outros ligantes negativos presentes na
parede celular. Materiais intracelulares que podem ser liberados depois de
tratamentos físico ou químico, podem também ligar íons metálicos.
MATERIAL E MÉTODOS: Capacidade de biossorção
A capacidade de biossorção dos íons metálicos foi verificado para as
concentrações 5, 10, 15, 20, 25, 35, 40, 45, 50 55, 60 g L-1 do
material, em solução multielementar de 25 mg L-1 em pH 5. Foram adicionados
50 mL de uma solução de 25 mg L-1 e mantidos sob agitação de 20
rpm durante 24 h. Decorrido o tempo foram filtradas com auxílio de uma bomba
de vácuo em filtro de membrana 0,45 µm.
Determinação do Ponto de Carga Zero (PCZ)
A metodologia empregada neste estudo para a determinação do PCZ foi descrita
por Regalbuto et al. (2004). O procedimento consistiu em misturar 50 mg da
biomassa com 50 mL de solução aquosa sob diferentes condições de pH inicial
(1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12) e determinar o pH após 24 horas de
equilíbrio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Capacidade de biossorção
A Figura 1 referente ao estudo de capacidade de biossorção sem tratamento
demonstra uma capacidade de remoção mais efetiva para o Cr (III) em baixas
concentrações do biossorvente. Conforme aumenta a dosagem do biossorvente
percebe-se uma competição entre as espécies metálicas em estudo sendo que a
partir de 100 g L-1 a capacidade de biossorção decresce para
todas as espécies metálicas.
Em concentrações abaixo de 25 g L-1 observa-se uma competição
entre os íons Cd (II) e Cr (III), porém o Cr (III) foi o que deteve a melhor
capacidade de biossorção em relação às outras espécies metálicas. Acima de
25 g L-1 evidencia-se um aumento na capacidade de remoção do Pb
(II) sendo que este íon apresentou uma maior capacidade de biossorção em
relação ao Cd (II) e o Cr (III) nesta dosagem apresentando um decréscimo a
partir de 100 g L-1 de biomassa assim como o Cd (II) e o Cr
(III).
Determinação do Ponto de Carga Zero (PCZ)
Na Figura 2 está representado o Ponto de Carga Zero da biomassa Orelha de
pau. Observasse que este biossorvente apresentou (PCZ) na faixa de 3,7. O
PCZ encontrado nesta faixa indica que faixas de pH abaixo de 3,7 a adsorção
é predominante de cargas negativas e acima do pH 3,7 a adsorção é
predominante de cargas positivas.
Figura 1 - Capacidade de biossorção.
Figura 2 – Ponto de Carga Zero.
CONCLUSÕES: A biomassa possuiu boa capacidade de biossorção para as espécies metálicas
estudadas e o PCZ encontrado foi na faixa de 3,7 indicando que faixas de pH
abaixo de 3,7 a adsorção é predominante de cargas negativas e acima do pH 3,7
a adsorção é predominante de cargas positivas.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BABEL, S. e KURNIAWAN, T. A. “Cr (VI) removal from synthetic wastewater using coconut shell charcoal and commercial activated carbon modified with oxidizing agents and/or chitosan”,Chemosphere, v.54, p, 951-967, 2004.
BONILO, M, R.; YAMAURA, M. Viabilidade do uso da casca de banana como adsorvente de íons de urânio. Anais: International Nuclear Atlantic Conference – INAC. 2005
RAO, M.; PARWATE, A.V.; BHOLE, A.G.; Removal of Cr6+ and Ni2+ from aqueous solution using bagasse and flyash. Waste management, v. 22, p. 821-830, 2002.
REGALBUTO, J.R., ROBLES, J. “The engineering of Pt/Carbon Catalyst Preparation”. University of Illinois, Chicago, 2004.
SOUSA, F. W. et al. Uso da casca de coco verde como adsorbente na remoção de metais potencialmente tóxicos. Química Nova, v. 30, n. 5, p. 1153-1157, 2007.
SOUZA, J. I. et al. Biossorção de cobre, manganês e cádmio por biomassas de Saprolegnia subterranea (Dissmann) R.L. Seym. e Pythium torulosum Coker & P. Patt. (Oomycetes). Acta Botânica Brasílica, v. 22, n 1, p. 217-223, v. 2008.