Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE NO CONSUMO DE ENERGIA POR UMA EMPRESA DO SETOR DE ALIMENTOS: UM ESTUDO DE CASO
AUTORES: Cabral, U.S. (FAACZ) ; Bertolino, M.T. (IPOG) ; Belisário, L.C. (FAACZ) ; Barbieri, A.V. (FAACZ)
RESUMO: Energia é um recurso essencial à produção industrial, mas sua geração pode
ocasionar impactos ambientais na origem, seja pela liberação de gases que
provocam o efeito estufa quando provém de termelétricas, ou ainda de
alagamentos para instalação de hidrelétrica e inviabilizando ecossistemas.
Possui uma influência significativa para a sociedade em geral, por isso, seu
uso racional e de forma sustentável ganha notória relevância. Nesse
sentido, o presente trabalho avalia o comportamento de uma indústria de
alimentos em relação à utilização desse determinado recurso natural,
identificando elementos que o tipifiquem como um uso sustentável, através da
análise de indicadores de monitoramento e controle relacionados ao consumo
de energia em relação à produção.
PALAVRAS CHAVES: Matriz Energética; Sustentabilidade; SGA
INTRODUÇÃO: A matriz energética no Brasil é das mais limpas do planeta. Quase metade da
energia consumida, cerca de 45%, é renovável, por ser proveniente de
recursos capazes de se refazer em curto prazo. Destaca-se ainda quando
comparado à matriz energética mundial, onde em países industrializados, é
constituída de 87% de combustíveis fósseis, ou seja, de fontes não
renováveis (PORTAL BRASIL,2014).
Segundo Rodrigues e Halmeman (2012), o Brasil está adiante quanto à
discussão ambiental, já que a hidroeletricidade polui menos, e há
aproximadamente 40 anos verifica-se uma diversificação quanto às fontes de
energia, com a substituição das fontes primárias já comuns pelo uso da
energia eólica e da biomassa. No entanto, a falta de investimentos em
tecnologia e em redes de transmissão nos deixa à mercê de riscos associados
à baixa dos reservatórios que é o fator limitante deste modelo.
Esse cenário leva as organizações a entender que economizar energia deve ser
uma prioridade, trazendo ganhos ambientais e redução de custos, já que
demandará menos produção de energia que em sua fonte pode ter como impacto
ambiental a geração de gases do efeito estufa, como é o caso das
termoelétricas movidas a combustíveis fosseis ou a inundação de áreas para
instalação de hidrelétricas, atingindo ecossistemas inteiros, podendo até
levar à extinção de espécies endêmicas (FERREIRA et.al.,2014).
Esse pensamento vem de encontro ao conceito de sustentabilidade, visto que
atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé
básico no qual se apoia este conceito. Trazer esse conceito para a realidade
requer ações concretas que possam ser medidas e monitoradas para efetivo
controle (BERTOLINO,2012). Este artigo busca investigar o comportamento de
uma indústria alimentícia quanto a esse tema.
MATERIAL E MÉTODOS: A indústria objeto deste trabalho atua no segmento alimentício, localizada
no município de Linhares, litoral norte do Espírito Santo, consta com 280
funcionários e produz, coco ralado e leite de coco. O coco ralado é
produzido em embalagens de 50g, 100g e 1kg. Já o leite de coco é produzido
em garrafas de 200ml e 500ml. A empresa é certificada na Norma ISO 14001
desde 2014, uma referência internacional para empresas que possuem Sistema
de Gestão Ambiental (SGA). Isso indica que a organização adota
criteriosamente a legislação aplicável, em todas as esferas, além de ações
para controlar seus impactos ambientais potenciais e também ter uma rotina
voltada à melhoria continua para questões relacionadas ao meio ambiente.
Os dados analisados a seguir foram coletados entre os anos de 2011 e 2015 e
relacionados através de indicadores de desempenho sendo estes: total
produzido mensalmente pela indústria em toneladas e a energia elétrica
consumida kw.h, possibilitando assim que se absorva as variações no consumo
de energia que derivam de um aumento ou redução do volume de produção, que
estão diretamente ligados às oscilações de mercado consumidor. Para uma
visão geral, os resultados serão representados na forma de valores médios,
por semestre.
O período determinado para análise indica a data em que a organização
iniciou uma sistematização de suas ações de controle e monitoramento de
algumas variáveis relacionadas ao SGA, e neste trabalho será avaliado o
desempenho quanto ao consumo de energia elétrica. Dessa forma é possível
verificar a eficiência dessas ações, conforme a redução no indicador e assim
indicar os direcionamentos quanto ao consumo de energia da empresa, tanto no
setor administrativo quanto na área industrial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados coletados entre 2011 e 2015 são apresentados na Tabela 1, onde
também é apresentado o indicador de desempenho.
Tabela 1:
Essa tabela mostra de forma detalhada a produção e o consumo de energia que
permitem determinar o indicador de desempenho. O Gráfico 1 apresenta esses
dados em valores de média semestral.
Gráfico1:
O Gráfico 1 demonstra uma gradativa redução do consumo de energia na unidade
do Espírito Santo, onde o indicador apresentou uma melhora de 17,2% em
eficiência kw.h/T, porém, com oscilações entre os meses de fevereiro a julho
de 2013 devido a um menor volume de produção, portanto um número menor de
turnos causou um resultado ruim no indicador, já que o consumo de energia
precisa ser mantido para o funcionamento das centrais de utilidades como ar
comprimido, além de áreas administrativas. Também se destaca, por um ponto
positivo, 2° semestre de 2014, devido à alta produtividade, diluindo o
consumo de energia por tonelada. Considerando ainda que no mês de abril de
2015 houvesse uma baixa produção, ao retirar a análise deste mês que causa
distorção no resultado, na média o semestre teria um consumo de 119,9
kw.h/T. Desde o início do programa ambiental, percebeu-se uma redução de
23,8% no consumo de energia.
Entre as ações tomadas pela empresa, destacam-se: treinamento dos
colaboradores; substituição e adequação de equipamentos na área produtiva e
administrativa (troca de 2 compressores de 80 HP cada por 1 de 125 HP que
opera com inversos de frequência, troca de ar condicionado janela por
centrais tipo Split, troca de lâmpadas antigas por LED, isolamento térmico
de tubulações de vapor e refrigeração industrial e redimensionamento de
motores de alta potência) e vistoria periódica da equipe de eletricista no
parque industrial.
Tabela 1: Dados da produção industrial e consumo de energia
A tabela 1 apresenta de maneira detalhada dados
sobre a produção e o consumo de energia que
permitem determinar o indicador de desempenho,
em KW.h/T.
Gráfico 1: Consumo de energia elétrica na unidade do Espírito Santo
O gráfico 1 mostra a evolução do indicador de
desempenho relacionado ao consumo de energia, com
valores médios por semestre.
CONCLUSÕES: A economia de energia foi nítida ao longo do tempo, resultado das ações
tomadas pela empresa, o que se reflete também em relevantes benefícios do
ponto de vista econômico, destacando o momento de aumento significativo de
tarifas e também ambientais e sociais. As ações trazem benefícios tanto para a
organização, como dito anteriormente, quanto para os colaboradores que podem
levar os conhecimentos para a sua rotina diária.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos a empresa por fornecer os dados de produção e consumo de energia
para a realização desse estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BERTOLINO, Marco Túlio. Sistemas de gestão ambiental na indústria alimentícia. Porto Alegre, RS: Editora Artmed, 2012. 157 p.
FERREIRA, André Luis; TSAI, David Shiling; CUNHA, Kamyla Borges da; CREMER, Marcelo dos Santos. Análise da evolução das emissões de GEE no Brasil (1990-2012) Setor de energia. Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) – São Paulo: Observatório do Clima, 2014. 51 p.
PORTAL BRASIL. Matriz energética. 28 de jul. 2014. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/11/matriz-energetica>. Acesso em: 15 de mai. 2015.
RODRIGUES, Sérgio Augusto HALMEMAN, Radamés Juliano. Matriz energética brasileira: uma reflexão sobre a situação atual e possíveis riscos de “apagões”. Diálogos, ano 2, n.1, p. 11-26, jan./jun. 2012