Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: PRODUÇÃO DE BIOFILME DE QUITOSANA, RODUZIDA DA QUITINA, EXTRAÍDA DE EXOESQUELETO DE CRUSTÁCEOS, PROPOSTA E DISPONIBILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DESSE RESÍDUO.
AUTORES: Rodrigues, L.O. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Freitas, N.M. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Barbosa, P.S. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Debona, D.G. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Azevedo, O.A. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES)
RESUMO: O setor pesqueiro é um dos mais importantes para a economia do Estado do
Espírito Santo. Esta atividade, porém, produz inúmeros resíduos, que causam
danos ao meio ambiente devido a sua dificuldade de degradação. Nos
crustáceos, há o descarte do exoesqueleto, que possui como um de seus
componentes a quitina. Através dos processos de desmineralização,
desproteinização, desodorização e secagem do exoesqueleto, obtém-se a
quitina, que através de outro processo, denominado desacetilação,
transforma-se em quitosana. A quitosana possui alto valor no mercado, e
também diversas aplicações. Dentre elas o biofilme, um polímero fino e
biodegradável, que pode substituir diversos outros polímeros utilizados na
indústria que são de difícil degradação.
PALAVRAS CHAVES: exoesqueleto de crustáceo; quitina; quitosana
INTRODUÇÃO: Com área total de 46078 km², o Estado do Espírito Santo possui 5% da costa
brasileira, que corresponde a 411 km de extensão litorânea. Nesta área
localizam-se 15 municípios. Com uma população diversificada, o litoral do
Espírito Santo destaca-se pelo desenvolvimento do setor pesqueiro,
responsável pela movimentação da economia local. Os crustáceos são parte
importante dos pescados do Estado, sendo camarão e caranguejo um dos mais
consumidos.Os crustáceos possuem um exoesqueleto que contém como um de seus
componentes a quitina. Pode-se citar como exemplo, a composição centesimal
dos exoesqueleto de camarões, 15 a 20% de quitina, 25 a 40% de proteínas e
40 a 55% de carbonato de cálcio, já nos caranguejos, a quitina ocorre entre
69 e 70%, (ASSIS et al., 2008). Após a obtenção da quitina, podemos
transformá-la em quitosana, através do processo de desacetilação. A quitina
e a quitosana possuem grande valor no mercado, o que faz com que seja viável
a obtenção a partir dos resíduos de pesca. Dentre suas várias aplicações, a
quitosana pode ser designada para a produção de um polímero, denominado
biofilme. O biofilme é um filme fino preparado a partir de materiais
biológicos, que age como barreira a elementos externos e, consequentemente,
pode proteger o produto embalado de danos físicos e biológicos e aumentar a
sua vida útil. (HENRIQUE et al., 2008). Para compreender a importância da
conversão da quitina extraída de exoesqueleto de crustáceos em quitosana
para a produção do biofilme, no setor econômico do estado do Espírito Santo,
deve-se instruir a população sobre o custo-benefício da conversão do produto
extraído e inferir nova metodologia para minimizar os impactos ambientais
causados pelo descarte inadequado dos resíduos de pesca no litoral do estado
do Espírito Santo.
MATERIAL E MÉTODOS: Buscando-se melhor alternativa de utilização dos resíduos gerados no
processo de beneficiamento de crustáceos, que no mundo chega ser da ordem de
39 mil toneladas/ano (CRAVEIRO, 1998), realizou-se uma pesquisa
bibliográfica, onde caracterizou-se o problema de ordem econômica e
ambiental, o qual é proporcionado tanto pela grande quantidade de resíduo
gerado, quanto pela forma de disponibilização dos mesmos (ANTONINO, 2007).
Após a realização da pesquisa bibliográfica, iniciou-se o trabalho coletando
o material, exoesqueleto de siri, da espécie Callinectes sapidus, obtido de
pescados no litoral sul capixaba, município de Marataízes, em 30 de janeiro
de 2014. No laboratório do Centro Universitário São Camilo – ES, os resíduos
coletados foram submetidos a processos para a obtenção da quitina, a partir
de esqueletos, que foram descarnados, secos, granulados, desmineralizados,
desproteinados e despigmentados, a partir daí realizou-se a desacetilação da
quitina obtendo a quitosana. A produção do biofilme foi desenvolvida
utilizando-se duas metodologias, na primeira, dissolveu-se a quitosana em
meio ácido vertendo-se o gel obtido sobre uma superfície plana, prensando
e e volatilizando o solvente, finalizando a remoção por destacamento. Na
segunda, foram produzidos filmes poliméricos com um maior controle
estrutural utilizando eletrodeposição, obtendo um filme com menor
rusticidade, pelo processo de formação estrutural, porem com maior custo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Verificou-se que atualmente os resíduos de crustáceos representam para as
indústrias de beneficiamento um grande problema de descarte que, em muitos
casos, é responsável por desequilíbrios ecológicos graves e crescentes.
(ANTONINO, 2007). A utilização destes para produção de biofilmes, de
quitosana extraída a partir de exoesqueleto de crustáceos, sendo efetiva,
evita o disponibilização inadequada desses resíduos, tornando-se muito
atrativa do ponto de vista econômico, visto que a quitosana pode ser obtida
de resíduos que muitas vezes são disponibilizados de forma inadequada,
gerando tecnologias alternativas, que reduz seu custo de produção em 60% e
atividade econômica para a região.
Após a realização do processo de descarnação, secagem e moagem foi possível
obter 181,30 g de agregado bruto a partir de exoesqueletos de 11 siris,
sendo que essa massa corresponde a aproximadamente 1/5 do valor da massa dos
siris, sendo que deste obteve-se 39,87 g do agregado fino triturado. Após as
etapas de desmineralização, desproteinação, despigmentação e desacetilação,
foi obtida uma massa final de aproximadamente 9,2150 g, correspondente a um
rendimento considerável no processo de obtenção da quitosana. O biofilme foi
desenvolvido duas metodologias, na primeira, dissolveu-se a quitosana em
meio ácido vertendo-se o gel obtido sobre uma superfície plana, prensando
e e volatilizando o solvente em estufa com exaustão a temperatura
ambiente, finalizando a remoção por destacamento (RATHKE, et al., 1994). Na
segunda metodologias, foram produzidos filmes poliméricos com um maior
controle estrutural utilizando eletrodeposição (PATERNO, et al., 2001),
obtendo um filme mais fino e flexível.
CONCLUSÕES: A quitina extraída de exoesqueleto de crustáceos, quando submetida a diversos
processos, é convertida em quitosana. A mesma apresenta-se benéfica em relação
à economia e ao meio ambiente. Uma das aplicações desta matéria-prima obtida é
o biofilme, que possibilita a população envolvida na atividade pesqueira uma
renda alternativa, agregando mais valores a esta atividade, já que o
exoesqueleto do crustáceo antes era descartado de maneira inadequada,
ocasionado problemas de ordem ambiental e econômica.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSIS, Anamélia Sales de et al. Bioconversão de resíduos de camarão LitopenaeusVannamei(booner, 1931) para produção de biofilme de quitosana. Revista Iberoamericana de Polímeros, PE, v.9, n.5, p. 480-491, outubro. 2008.
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