Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: Estudo da Extração e Análise Físico-química do Óleo da Noz Macadâmia Proveniente da Região Norte do Estado do Espírito Santo.
AUTORES: Ferreira, C.P.C. (CEUNES/UFES) ; Justiniano, M.R. (CEUNES/UFES) ; Silva, A.A.B. (EEEFM AUGUSTO DE OLIVEIRA) ; Silva, J.A. (EEEFM AUGUSTO DE OLIVEIRA) ; Santos, J.R. (EEEFM AUGUSTO DE OLIVEIRA) ; Costa, A.P.O. (CEUNES/UFES) ; Silveira, V.C. (CEUNES/UFES) ; Porto, P.S.S. (CEUNES/UFES) ; Nogueira, C.M. (CEUNES/UFES)
RESUMO: A Região Norte do Espírito Santo é o segundo maior produtor de Noz Macadâmia.
Para determinar a qualidade óleo extraído do fruto produzido nesta região foi
realizado a extração do óleo em diferentes condições e posterior, análise do
índice de acidez, índice de iodo e índice de saponificação que mostraram que
este óleo apresenta um alto grau de conservação, estabilidade oxidativa, pois
tem baixa quantidade de ácido graxo insaturado e é ideal para a produção de
sabão.
PALAVRAS CHAVES: macadâmia; óleo; caracterização química
INTRODUÇÃO: A noz macadâmia é conhecida como a "rainha das nozes" pelo sabor
diferenciado e pelo elevado preço. O Espírito Santo é responsável por grande
parte da produção nacional da cultura de macadâmia, sendo um dos líderes em
exportação. Dentre as nozes, a macadâmia é a mais rica em óleo, podendo
atingir até 78% de um óleo de alta qualidade, rico em ácidos graxos
monoinsaturados (FRANÇA, 2007). Por isso, tem-se a necessidade de estudar as
melhores condições de extração do óleo de macadâmia obtido na Região Norte
do Estado do Espírito Santo, visando à obtenção de um método eficiente com
melhor rendimento, sem perder a qualidade do produto. Além da importância da
caracterização do óleo de macadâmia obtido na Região Norte do Estado do
Espírito Santo.
MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos de Macadâmia foram adquiridos no Mercado Municipal de São Mateus-
ES. A matéria-prima foi triturada em liquidificador e suas partículas foram
separadas em peneiras Tyler com 3 faixas de diâmetros (mesh 6, 9 e 10). Cada
porção com os diferentes diâmetros foram divididas em 3 partes, sendo que 2
foram secas em estufa por 10 horas a 50 e 60°C. A extração foi realizada em
aparelho Soxhlet com 150mL de hexano e 10g de macadâmia. Os procedimentos
foram realizados em triplicata em diferentes ciclos de extração 10 ciclos
(2h) e 16 ciclos (3h). Após a extração, o solvente foi evaporado sob pressão
reduzida (D’OCA et al, 2011). Ao terminar as extrações, o óleo de cada
triplicata foi agrupado, seco em estufa (40ºC) até peso constante e
analisado quimicamente em triplicata para determinação do índice de acidez
que consistiu na diluição de 0,5g de óleo em 5ml de solução etanol/éter
etílico, titulou-se com solução de NaOH 0,01M e fenolftaleína (AOCS CD 3-63,
1993). O índice de iodo foi realizado com 0,5g de óleo, 3mL de clorofórmio e
10mL de solução de Wijs. A mistura foi mantida em repouso por 30 minutos ao
abrigo da luz. Posteriormente, foi adicionado 8mL de uma solução de KI 10% e
60mL de água destilada. Em seguida, titulou-se com solução de tiossulfato de
sódio 0,1M e solução de amido até o desaparecimento da cor azul (AOCS CD 1-
25, 1997). O índice de saponificação consistiu em adicionar 0,5g da amostra
em 5mL de solução alcoólica de KOH 4% e 15mL de etanol. Em seguida a mistura
foi aquecida à ebulição branda durante 30 minutos e, após o resfriamento a
mistura foi titulada com HCl 0,5M e fenolftaleína (AOCS CD 3-24, 1998). Os
dados foram estatisticamente tratados, através do intervalo de confiança do
valor médio com o nível de confiança de 95% (PASSARI et al, 2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com os dados obtidos na extração (Tabela 1), observou-se que o diâmetro das
partículas foi o principal fator que influenciou na quantidade de óleo
extraído, visto que quanto menor o diâmetro da partícula da noz macadâmia,
mais óleo foi obtido na extração. Com os dados, percebeu-se que a macadâmia
seca à 50°C proporcionou um rendimento um pouco maior na quantidade de óleo
extraído. Análise do óleo (Tabela 2): O índice de acidez avalia o estado de
conservação, sendo essencial na determinação do estado de deteorização
(rancidez hidrolítica). A rancidez quase sempre é acompanhada pela formação
de ácidos graxos livres. Quanto maior o valor da acidez maior o grau de
decomposição do lipídio. O índice de acidez apresentou valores menores que
3,0% o que caracteriza que o óleo da macadâmia apresentou um elevado grau de
pureza. O índice de iodo avalia a capacidade de oxidação do óleo vegetal,
sendo denominado de secantividade do óleo. Estima o grau de insaturação de
óleos e gorduras, quanto maior este índice, maior o número de duplas, então
maior é a probabilidade de processos oxidativos. Óleos com índice de iodo
menor que 100, apresentam cadeias com ausência parcial ou total de duplas
ligações, classificando o óleo como um óleo não-secativo (TEMPERINE, 2004).
Os valores entre 30-35 podem confirmar a presença, em maior porcentagem, do
ácido oléico que é um ácido graxo monoinsaturado. O índice de saponificação
é uma indicação da quantidade relativa de ácidos graxos de alto e baixo peso
molecular. Os ácidos graxos livres aumentam o índice de saponificação das
gorduras vegetais. Quanto maior o índice de saponificação menor será o peso
molecular do ácido graxo (MORETTO e FETT, 1998). Os valores entre 138-151
indicam que o óleo possui mais ácidos graxos de alto peso molecular.
Tabela 1
Extração do óleo da Noz Macadâmia.
Tabela 2
Análise físico-química do óleo da Noz Macadâmia.
CONCLUSÕES: A extração do óleo com partículas de menor diâmetro foi mais eficiente, devido
à maior superfície de contato. A secagem à 50°C e a utilização de um solvente
apolar como o hexano levaram a bons resultados na extração. O óleo apresentou
qualidades importantes, o resultado do índice de iodo o classifica como não-
secativo, importante característica na produção de sabão, sabonetes e também
na produção de biodiesel. Por apresentar baixo índice de iodo pode fornecer
uma estabilidade maior ao biodiesel, pois as insaturações são suscetíveis a
reações de oxidação influenciando no desempenho do motor.
AGRADECIMENTOS: CNPq, FAPES, CEUNES/UFES.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: D’OCA, M. G. M. et al. Production of FAMEs from several microalgal lipidic extracts and direct transesterification of the Chlorella pyrenoidosa. Biomass and Bioenergy, 35(4), 1533-1538, 2011.
FRANÇA, B. H. C.; DOSSIÊ TÉCNICO – MACADÂMIA – CULTIVO E PRODUTOS DERIVADOS. REDETEC Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro. 2007.
MORETTO, E.; FETT, R. Óleos e Gorduras Vegetais (Processamento e Análises). 2 ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1989.
PASSARI, L. M. Z. G., SOARES, P. K., BRUNS, R. E., SCARMINIO, I. S. Estatística aplicada à química: Dez dúvidas comuns, Química Nova 34(5), 888-892, 2011.
TEMPERINI, J. A. Informativo Sobre Temas no Campo de Tintas – Polímeros – Solventes – Minerais – Aditivos. Boletim Jat informa. Março/2004.