Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: PRODUÇÃO E ESTUDOS DE DIFERENTES FORMULAÇÕES DE SABÕES LÍQUIDO UTILIZANDO ÓLEOS RESIDUAIS: QUALIFICAÇÃO DESDE RESÍDUO COMO MATÉRIA PRIMA ALTERNATIVA PARA INDÚSTRIA DE SABÕES.
AUTORES: Rodrigues, L.O. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Peçanha, M.P.M. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Nascimento, B.C. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Pimentel, R.O. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Freitas, N.M. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES) ; Azevedo, O.A. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ES)
RESUMO: Apresenta- se metodologias que apontam a viabilidade de produção de sabão, a
partir de óleo comestível residual, comprovada em estudos de controle de
qualidade da matéria prima lavada e esterilizada, e do produto desenvolvido,
como uma alternativa de minimizar problemas de ordem ambiental e econômicas. A
proposta de solução para estes problemas consistiu no desenvolvimento de
formulações de sabão líquido e estudos físico-químicos dos mesmos, como
metodologias que certifiquem a qualidade que garantam o uso e comercialização
deste óleo, desenvolvendo sustentabilidade por meio da redução de custos,
ambientais e econômicos, propondo tecnologias que proporcionem o uso do óleo
comestível residual, como alternativa de materiais para a industria química.
PALAVRAS CHAVES: sabão; sustentabilidade; controle de qualidade
INTRODUÇÃO: De acordo com Muhringer e Shayer (2007), o Brasil recicla 1,5% do lixo
urbano orgânico sólido produzido, 10% da borracha consumida, 15% das
garrafas PET, 18% dos óleos lubrificantes, 35% das embalagens de vidro e
latas de aço. Diante desses fatos, faz-se necessário que haja uma
sensibilização com relação às questões ambientais. A legislação atual, para
o descarte de resíduos, proíbe o lançamento de óleo comestível e seus
resíduos no meio ambiente (BRASIL, 2011). Mas, em média são descartados nove
bilhões de litros deste resíduo por ano no Brasil e destes, apenas 2,5% são
reciclados (SEMA, 2011). Albereci e Pontes (2004), afirmam que o óleo
lançado em redes de esgoto encarece o tratamento em até 45%, e o que
permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos, o que
dificulta a infiltração e favorece a ocorrência das enchentes causando o
desequilíbrio ambiental, comprometendo a vida nesse ecossistema (ABRELPE,
2010). A produção de sabão líquido pode ser uma forma muito atrativa de
gerenciamento deste resíduo, sendo necessários alguns ensaios de Controle de
Qualidade para garantir sob aspectos qualitativos e quantitativos, com
objetivo de avaliar as características físicas, químicas e microbiológicas,
buscando segurança e eficácia do produto, conforme a legislação brasileira
vigente, que exige de toda empresa o cumprimento estabelecido no Termo de
Responsabilidade (ANVISA, 2008).
MATERIAL E MÉTODOS: Para pesquisa e análise do sabão líquido, produzido com óleo residual, e
viabilização da produção, foi necessário primeiramente a coleta do óleo,
para levantamentos estatísticos e posteriores tratamentos e estudos físico-
químicos, como lavagem realizadas em misturador, no qual o óleo foi agitado
junto com uma salmoura a 80ºC e posteriormente decantados em funil de bromo.
Determinou-se o índice de saponificação misturando 2,5 g de óleo a 25 mL de
solução alcoólica de KOH 0,5 mol/L em manta de aquecimento com refluxo por
30 minutos para posterior titulação com ácido clorídrico 0,5 mol/L,
procedimento realizado também para amostra em branco (PINHO et al., 2001). O
índice de acidez foi desenvolvido agitando a mistura de 2 g de óleo com 25
mL de solução de álcool-éter (2:1) por 15 minutos para posterior titulação
com hidróxido de potássio 0,01 mol/L. (VASCONCELOS, 2002). Após esses
ensaios, produziu-se o sabão, em um reator banho-maria. Com uma semana de
produzido, o sabão era novamente submetido ao reator, recebendo aditivos e
coadjuvantes, para obtenção de propriedades desejadas. Em seguida foram
separadas amostras em triplicatas para avaliação da qualidade física e
química dos sabões, segundo padrões adotados pela ANVISA, como pH,
viscosidade, densidade, alcalinidade, teste de espuma, determinação de
gliceróis, teor de ácidos graxos, biodegradação, sedimentação e testes
organolépticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Obteve-se valores dentro da faixa de 8 a 11,3 para o pH em soluções a 1% m/m
sob 25º C, variando segundo a formulação desenvolvida, de acordo com a
proporção alcali/matéria graxa. Esta proporção também estará relacionada com
o teor de ácidos graxos no sabão, que neste caso se deu entre 60 e 70%. O
teor de glicerol encontrado situou-se entre 6,3 e 9,2%, variação justificada
pela proporção de matéria graxa/álcali. A análise de turbidez foi
desenvolvida preparando soluções de sabão 1g/L, sob diferentes temperaturas,
que tornavam-se turvas ente 30 e 35°C. A redução da tensão superficial da
água foi de 34,3 e 28,7mN/m, quando utilizados soluções aquosas de sabão
1g/L, que segundo Scott e Jones (2000), é influenciada pelo pH, que mais
elevados, tendem a proporcionar tensões superficiais maiores, que também
ocasionaram diferentes teores de glicerinas nos sabões, e estabeleceram
relação com o teste de espuma que mostra a variação da altura da espuma, em
relação ao tempo. A densidade pelo método de picnometria (F. Bras.,
1988), apresentou valores entre 1,063 e 1,069g/mL, valores satisfatórios
segundo apresentado na literatura, que é de 1,06 a 1,07 (BP, 2005). A
viscosidade determinada pela ANVISA varia de 3500 – 5500 cp e a encontrada
nos sabões formulados situaram-se entre 4305 e 5216 cp. O Teste de
Centrifuga apontou que não ocorreu sedimentação com nenhuma das formulações
estudadas, com concentração de 1g/L. Todas as formulações estudadas
proporcionaram produtos com odor característicos de sabão. O índice de
biodegradabilidade verificado no teste de batimento, se deu entre 46 e 65%,
após 5 dias de observação, em conformidade com a portaria 323 (SOUZA, 2009).
O poder de limpeza superior a produtos de função similar encontrados no
mercado.
CONCLUSÕES: A partir dos testes realizados, observou-se que o sabão produzido com o óleo
residual pode ser tratado qualitativamente e quantitativamente, seguindo os
padrões previstos pela ANVISA, sendo fabricado de maneira simples e
sustentável. A reciclagem do óleo pode servir de insumo para indústrias
produtoras de sabões, possibilitando obtenção de novos produtos com
propriedades inovadoras e padrões estabelecidos pelas normas de vigilância
vigente, contribuindo para diminuição do descarte inadequado e da poluição
ambiental, minimizando custos com tratamentos de efluentes e promoção à
sustentabilidade.
AGRADECIMENTOS:
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