8º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2

TÍTULO: FOTODESCOLORAÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS, EM SOLUÇÕES AQUOSAS, COM RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

AUTORES: Sá, F.P. (IFG) ; Nunes, L.M. (UFG) ; Borges, E.C.L. (IFG)

RESUMO: As indústrias alimentícias utilizam em seus processos uma grande quantidade de corantes. Estes materiais possuem uma elevada carga de compostos orgânicos e são fortemente coloridos. Muitos corantes são de difícil descoloração devido a sua estrutura complexa e origem sintética. A utilização de radiação ultravioleta para tratamento de corantes, sem uso de catalisadores, ainda é pouco estudada. A fonte de ultravioleta mais comumente utilizada nestes processos são lâmpadas de mercúrio de baixa ou media pressão. Neste trabalho estudou-se a descoloração fotoquímica, por fotólise direta com radiação UV, dos corantes alimentícios, Amarelo Crepúsculo e Azul Brilhante.

PALAVRAS CHAVES: Corantes; Fotodescoloração; Ultravioleta

INTRODUÇÃO: Os corantes utilizados pelas indústrias alimentícias possuem uma elevada carga de compostos orgânicos e são fortemente coloridos. A remoção de cor a partir de efluentes torna-se ambientalmente importante porque, mesmo uma pequena quantidade de corante em água pode ser visível e altamente tóxico para a vida aquática, afetando processos simbióticos, reduzindo a capacidade de reoxigenação da água, dificultando a passagem de luz solar e, consequentemente, reduzindo a atividade fotossintética (CHIOU; HO; LI, 2004; SRINIVASAN; VIRARAGHAVAN,2010). Os efluentes oriundos de indústrias de alimentos, devido às grandes concentrações de matéria orgânica e às suas intensas colorações, são importantes fontes de poluição dos corpos d’água, pois diminui a transparência da água e a penetração da luz solar, provoca a depleção de oxigênio e, consequentemente interfere no processo fotossintético da biota aquática, principalmente nas imediações do ponto de emissão (MARMITT; PIROTTA; STULP, 2010; ZAHRIM; TIZAOUI; HILAL, 2010; HAQUE; JUN; JHUNG, 2011; ZHANG et al., 2012b). Assim, torna-se necessário remover estes materiais, antes de serem misturados aos ambientes aquáticos naturais e despoluídos (SHEN et al., 2009). A utilização de radiação ultravioleta para tratamento de corantes, sem uso de catalisadores, ainda é pouco estudada. A fonte de ultravioleta mais comumente utilizada nestes processos são lâmpadas de mercúrio de baixa ou media pressão. Na fotólise direta com ultravioleta, a luz é a única fonte capaz de produzir a degradação do poluente. Porém muitas ligações químicas não podem ser quebradas diretamente, devido ao limitado comprimento de onda emitido por estas fontes não alcançar a energia da ligação do material alvo.

MATERIAL E MÉTODOS: A avaliação quanto a descoloração das soluções dos corantes alimentícios, Amarelo Crepúsculo e Azul Brilhante, foi realizada a partir da confecção de um reator constituído por uma célula cilíndrica de vidro com capacidade para 300 mL, filamento de lâmpada de vapor de mercúrio de 250 W, inserida no interior de um tubo de quartzo e suporte com haste metálica para fixação da lâmpada. Este aparato foi colocado dentro de um recipiente cilíndrico de paredes de alumínio, contendo água para minimizar os efeitos da temperatura interna. Foram preparadas soluções com concentrações de 20 e 50 mg/L para os dois corantes utilizados nos experimentos. Os ensaios foram realizados por meio de irradiação ultravioleta (UV) nas soluções contendo corante, sendo coletadas amostras em tempos predefinidos para quantificação através das medidas de absorbância utilizando espectrofotômetro UV/Vis. O comprimento de onda foi selecionado para obter a máxima absorbância, utilizando 480 nm para o Amarelo Crepúsculo e 626 nm para o Azul Brilhante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostram que no decorrer do tempo de irradiação, ocorre diminuição da coloração das soluções para as concentrações estudadas. A partir da análise da redução de absorbância das amostras, durante o tratamento fotoquímico, verificou-se que a descoloração ocorre de maneira mais rápida no início do processo, durante os primeiros 30 minutos, e após este tempo a diminuição da cor das soluções acontece mais lentamente. Após um intervalo de 60 minutos do início da irradiação, observou-se uma redução maior que 80 % da coloração das soluções para o corante Azul Brilhante e superior a 90 % para o corante Amarelo Crepúsculo, Figura 1. A cinética de descoloração das soluções ocorre de maneira diferente para os dois corantes estudados, sendo observado uma maior velocidade para a solução do corante Amarelo Crepúsculo. Esta diferença pode ser explicada pela maior complexidade da estrutura molecular do corante Azul Brilhante, o qual possui uma maior quantidade de grupos aromáticos, sendo necessário mais tempo para o rompimento destas ligações, o que contribui para uma menor velocidade no processo de descoloração.

Figura 1

Descoloração das soluções dos corantes Amarelo Crepúsculo e Azul Brilhante (20 e 50 mg/L) em função do tempo de irradiação

CONCLUSÕES: A metodologia aplicada neste trabalho, utilizando fotólise direta com incidência de radiação ultravioleta, mostrou-se muito eficiente para o tratamento de corantes utilizados em indústrias alimentícias. Em todos os experimentos o processo fotoquímico apresentou bom desempenho para tratar soluções com fortes colorações. Diante dos resultados alcançados, a metodologia utilizada apresenta-se como uma alternativa com real possibilidade de aplicação na remoção da coloração de efluentes oriundos de indústrias alimentícias.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao IFG e IQ-UFG pelo apoio financeiro e de infraestrutura para com este projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHIOU, M.-S.; HO, P.-Y.; LI, H.-Y. Adsorption of anionic dyes in acid solutions using chemically cross-linked chitosan beads. Dyes and Pigments, 2004. v. 60, p. 69–84, 2004.

HAQUE, E.; JUN, J. W.; JHUNG, S. H. Adsorptive removal of methyl orange and methylene blue from aqueous solution with a metal-organic framework material, iron terephthalate (mof-235). Journal of Hazardous Materials, 2011. v. 185, p. 507–511, 2011.

MARMITT, S.; PIROTTA, L. V.; STULP, S. Aplicação de fotólise direta e UV/H2O2 a efluente sintético contendo diferentes corantes alimentícios. Química Nova, 2010. v. 33(2), p. 384–388, 2010.

SHEN, D. et al. Adsorption kinetics and isotherm of anionic dyes onto organo-bentonite from single and multisolute systems. Journal of Hazardous Materials, 2009. v. 172, p. 99–107, 2009.

SRINIVASAN, A.; VIRARAGHAVAN, T. Decolorization of dye wastewaters by biosorbents: A review. Journal of Environmental Management, 2010. v. 91, p. 1915–1929, 2010.

ZAHRIM, A.; TIZAOUI, C.; HILAL, N. Evaluation of several commercial synthetic polymers as flocculant aids for removal of highly concentrated C.I. acid black 210 dye. Journal of Hazardous Materials, 2010. v. 182, p. 624–630, 2010.