Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: PROCEDIMENTO PRÁTICO DE CAMPO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE TINTAS DE ACABAMENTO
AUTORES: Bezerra, F.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Silva, R.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Pavão, D.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Nunes, P.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)
RESUMO: A pintura tem função anticorrosiva com resinas e pigmentos que possuem também função de barreira contra intempéries. Quando se indica uma tinta para aplicar em uma estrutura já pintada é necessário conhecer qual o tipo de tinta existente a fim de determinar a compatibilidade. O presente trabalho trata da identificação de tintas em estruturas realizando testes de solubilidade em solventes orgânicos, de Beilstein, de pirólise e de reação com ácido sulfúrico e hidróxido de sódio os quais permitem diferenciar tintas do tipo acrílica, borracha clorada, epóxi, poliuretano e aquilíca.
PALAVRAS CHAVES: Tintas; Identificação; Pintura de Manutenção
INTRODUÇÃO: Tinta é uma composição química, pigmentada ou não, que após sua aplicação se converte em um revestimento, proporcionando às superfícies: acabamento, resistência e proteção (DONADIO, 2011). A pintura tem ainda função anticorrosiva com resinas e pigmentos que possuem também função de barreira contra intempéries. Quando se indica uma tinta para aplicar em estrutura já pintada é necessário conhecer qual o tipo de tinta existente a fim de determinar a compatibilidade, pois é necessário assegurar que as qualidades da tinta permanecerão firmes mantendo suas funções, principalmente a proteção das estruturas. O uso de tinta de baixa qualidade, diluição exagerada da tinta, inadequada preparação da superfície e aplicação de tinta causa a ruptura na pintura mais rapidamente, além do desgaste natural do tempo que já influencia no comprometimento da superfície, favorecendo a corrosão (FRAGATA et. al, 2014). A identificação de tintas de acabamento já aplicadas pode ser feita em laboratório por meio de técnicas de análise orgânica como, por exemplo, a de espectroscopia na região do infravermelho. Porém, estas técnicas dependem de equipamentos sofisticados e de mão de obra especializada para a realização da análise. Além disso, pelo fato de exigirem certo tempo para sua execução, nem sempre é possível esperar os resultados destas análises, em função da urgência da realização dos serviços de manutenção (FRAGATA et. al, 2014). E de acordo com o tema em questão o presente trabalho trata da identificação de tintas em estruturas. Permitindo a discussão de qual tipo de tinta apresenta determinado local a partir de uma técnica rápida e de fácil manuseio.
MATERIAL E MÉTODOS: Os testes foram realizados com tintas de acabamento de quatro pontos da Universidade Estadual do Maranhão. Nos pontos escolhidos para a coleta e realização dos ensaios fez-se primeiramente uma raspagem da tinta de acabamento e isolou-se uma área de 20 cm² a qual foi lavada com água destilada. No teste de solubilidade em solventes orgânicos (xileno, tolueno e acetona) embebeu-se uma pequena porção de algodão no solvente e esfregou-se na superfície a ser analisada por aproximadamente 15 segundos e observou-se se houve a solubilização da tinta. Em seguida realizou-se o teste de Beilstein, aquecendo-se na chama de um bico de Bunsen a ponta de um fio de cobre ao rubro colocou-se o mesmo em contato com o material analisado, a raspagem, durante alguns segundos. Retornando-se com a ponta do fio à chama, analisou-se a coloração apresentada. Dando continuidade, embebeu-se um chumaço de algodão com solução de hidróxido de sódio a 15% e fixou-se nas superfícies analisadas com o auxilio de um vidro de relógio e fita por um período de uma hora e então verificou-se a ocorrência deteriorização da tinta naquele local. Realizou-se ainda um teste com ácido súlfurico onde pequenas quantidades dos raspados foram colocadas papel filtro e então pingou-se o ácido sobre o material. Inclinou-se levemente o papel para que o material escorresse e observou-se a presença de coloração lilás. No teste de pirólise colocou-se dentro de um tubo de ensaio uma porção pequena da amostra da película da tinta de acabamento removida da superfície em análise, vedou-se a boca do tubo com um chumaço de algodão e com o auxilio pinça de uma pinça de madeira, colocou-se a parte inferior do tubo de ensaio na chama de um bico de Bunsen e deixou-se que todo o material “carbonizasse”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos nos ensaios foram organizados na tabela 1. Observa-se na tabela que as amostras 1 e 3 apresentaram solubilidade em solventes orgânicos como xileno, tolueno e acentona, tal caracteristica remete a dois possíveis tipos de tinta, borracha clorada e tinta acrílica. Para fazer a diferenciação entre os dois tipos de tintas aplicou-se o teste de Beilstein. A formação de uma chama esverdeada neste teste seria indicativo da presença de cloro na tinta e a consequente formação do cloreto de cobre, logo, identificaria-se a tinta como borracha clorada, porém, em ambas as amostras (1 e 3) o teste deu negativo, portanto, pressupôe-se que as tintas em questão são do tipo acrílica. As amostras 2 e 4 apresentaram resultado negativo para a solubilidade em solventes orgânicos, logo, têm-se três possibilidades de tintas com tal caracteristica, tinta alquídica, epóxi e poliuretano. Estas amostras foram então submetidas ao teste com ácido súlfurico e observou-se a formação de coloração lilás na amostra 2 o que indica a presença de uma tinta epóxi. Sendo o resultado da análise da amostra 4 negativo para o teste com ácido súlfurico restam ainda duas alternativas para esta tinta: poliuretano e alquídica. Considerou-se então os teste do hidróxido de sódio e de pirólise, que são indicativos da presença de tinta alquídica, para fazer esta diferenciação. Como se verifica na tabela 1 ambos os testes apresentaram resultado positivo, logo, a amostra 4 é caracterizada como tinta alquídica. Na figura 1 tem-se, a nível de síntese dos procedimentos de identificação de tintas de acabamento, um diagrama de sistematização de ensaios que inclui os critérios de avaliação dos resultados obtidos.
Tabela 1. Resultados obtidos nos ensaios
Figura 1. Diagrama de procedimento sistemático de identificação de tintas de acabamento usadas em revestimentos antigos, no Brasil (FRAGATA, 2014 p.8)
CONCLUSÕES: O trabalho evidenciou a viabilidade da identificação do tipo de tinta de uma superfície a partir da realização e interpretação de alguns testes práticos e de fácil execução. Os ensaios, apesar de não agregarem uma grande variedade de tipos de tintas são eficientes pois comportam os tipos mais comuns de tintas usados no Brasil. Os resultados mostram possibilidade eminente de uma identificação do revestimento usado em uma superfície, independentemente de há quanto tempo este foi aplicado, o que certamente é de fundamental importância para uma boa aderência e durabilidade de uma nova pintura.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FRAGATA, F.; SÁ, M.; GNECCO, C.; SILVA, L. Desenvolvimento de procedimento prático de campo para a identificação de tintas de acabamento, visando auxiliar na especificação de esquemas de pintura de manutenção. Corros. Prot. Mater., Vol. 33, No 4 - 2014, p.78-86.
DONADIO, Antonio. Manual básico sobre tintas. Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (ABRAFATI), 2011.