Realizado em Vitória/ES, de 09 a 11 de Setembro de 2015.
ISBN: ISBN 978-85-85905-13-2
TÍTULO: FERMENTAÇÃO DA CASCA DA MANGA-ROSA PARA OBTENÇÃO DE DESTILADO ALCOÓLICO
AUTORES: Santos Júnior, C.J. (IFAL) ; Santana, F.S. (IFAL) ; Nascimento, G.A. (IFAL) ; Silva, J.P. (IFAL) ; Silva, V.N.T. (IFAL)
RESUMO: Este trabalho objetiva relatar a experiência desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa “Produção de biocombustíveis a partir de frutos”, do IFAL – Campus Maceió, a qual propôs a produção do etanol utilizando como matéria-prima a casca da Manga-rosa (Mangifera indica Linn). A metodologia empregada foi a descrita por Meneguetti (2010) com adaptações. Destaca-se o êxito na confecção do referido combustível empregando as cascas da manga-rosa, considerando os resultados das análises físico-químicas realizadas (densidade, acidez total e graduação alcoólica) como parâmetros de qualidade para avaliar a viabilidade do produto obtido experimentalmente, além dos parâmetros de pH, temperatura e sólidos solúveis totais monitorados durante o processo de fermentação.
PALAVRAS CHAVES: Manga-rosa; Fermantação; Álcool etílico
INTRODUÇÃO: O etanol (CH3CH2OH) é um dos mais importantes álcoois existentes. A produção desta substância é realizada a partir da fermentação de açúcares, geralmente advindos da cana-de-açúcar ou de outras culturas, tais como a mandioca e o milho. De acordo com Almeida (2012), o álcool produzido industrialmente é consumido principalmente pelos veículos automotores, além de ser amplamente utilizado pelas indústrias farmacêuticas, de perfumes, de bebidas, de produtos de limpeza e ainda como matéria-prima para a produção de tintas, solventes e vernizes. Segundo Meneguetti (2010), o emprego do álcool como combustível de motores veiculares é atualmente a forma de aplicação mais viável para a utilização deste produto, devido, principalmente, à diminuição na emissão dos gases causadores das mudanças climáticas. Assim, tendo como base a importância que o etanol adquiriu para a sociedade e a possibilidade de se expandir o panorama de produção deste produto, o presente trabalho propõe um processo alternativo para a produção de etanol, utilizando para tanto as cascas da Manga-rosa (Mangifera indica Linn), pois as mesmas geralmente são vistas enquanto resíduos e, por esse motivo, muitas vezes são desprezadas por indústrias que utilizam a polpa do fruto para fins comerciais.
MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia empregada foi a descrita por Meneguetti (2010) com adaptações. As cascas da Manga-rosa (Mangifera indica Linn), obtidas no comércio local, provenientes da própria região, sob a forma in natura, constituíram o principal material necessário para preparar o mosto; objetivando a ação da realização do processo de fermentação alcoólica, acrescentou-se ao mosto a levedura fermento de panificação seco (Saccharomyces cerevisiae), além das substâncias fosfato de amônio (NH4H2PO4), sulfato de magnésio (MgSO4) e sacarose (C12H22O11). O mosto foi acompanhado durante o período de 5 (cinco) dias e foram executadas, diariamente, análises de: pH, temperatura e sólidos solúveis totais (ºBrix), através do equipamentos: pHmetro digital, termômetro e refratômetro de bancada, respectivamente. Após o período de fermentação, realizou-se a filtração do mosto fermentado e a posterior destilação em alambique da fase líquida obtida. O álcool obtido no alambique foi submetido ainda ao processo de destilação fracionada, visando eliminar o máximo de água possível. Em seguida, o produto da destilação foi analisado quanto aos parâmetros: acidez total, obtida através da titulação de NaOH 0,1 mol/L no destilado acrescido do indicador fenolftaleína; densidade relativa do destilado a 20º C, com o uso de picnômetro; e graduação alcoólica, através do uso do alcoômetro centesimal de Gay Lussac.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O mosto foi preparado na proporção de 1:2 (casca da manga-rosa e água). Ajuste de teor de teor de sólidos solúveis com sacarose (açúcar tradicional) para 15,0º Brix e a quantidade de substrato presente no mosto a fim de aproveitar ao máximo o potencial metabólico suportado pela levedura. A inserção do fosfato de amônio se deu com o objetivo de contribuir para o metabolismo ótimo da reação do fermento, enquanto que o sulfato de magnésio teve a finalidade de favorecer a reação enzimática do processo de fermentação alcoólica. A temperatura e o valor de pH do meio após a finalização da preparação do mosto estavam, respectivamente, em: 27º C e 5,5. Nos dias subsequentes a preparação do mosto, obteve-se os seguintes valores para sólidos solúveis totais (ºBrix): 9,0; 5,5; 4,0; 0,5. O pH do mosto, verificado diariamente, foi de: 5,5; 5,0; 5,0, e 4,5. No 5º dia o mosto estava com todos os sólidos praticamente dissolvidos (0,5º Brix), indicando uma baixa concentração de açúcares e a presença do álcool, como resultado da fermentação alcoólica realizada pelas leveduras. Dessa forma, realizou-se então a filtração do mosto e sua posterior destilação. O destilado foi submetido às análises de densidade (grau alcoólico real), acidez total e graduação alcoólica, sendo os valores obtidos: 2,5 g/L de acidez total; 0,88740 de densidade relativa; e 78ºGL (Gay Lussac) de graduação alcoólica, respectivamente. Segundo Rasovisky (1979) álcoois com graduação de 50ºGL a 94ºGL são considerados do tipo “bruto” e precisam passar por um processo de retificação para eliminação de impurezas, até adquirirem uma graduação de 96º a 97ºGL.
Mosto em fermentação e Alambique usado na destilação
Registro fotográfico das etapas de fermentação e destilação do etanol.
CONCLUSÕES: A fermentação desenvolveu-se normalmente, visto o consumo dos SST, a queda do pH observada e a produção de etanol atingindo a graduação alcoólica de 78ºGL. Segundo a ANVISA (2005), para produção de bebidas destiladas, o teor alcoólico obtido é aceitável. Assim, a casca de Manga-rosa deixou de ser um resíduo e rendeu um produto que pode ser empregado industrialmente, considerando a diversidade de aplicação na indústria de bebidas e a aplicação enquanto combustível, caso o produto venha a passar pelo processo de retificação das impurezas, ampliando assim as possibilidades de obtenção de etanol.
AGRADECIMENTOS: Ao IFAL, ao PFRH e à PROEX.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MENEGUETTI, C. C. et al. Processos de produção do álcool etílico de cana-de-açúcar. In: Encontro de Engenharia de Produção Agroindustrial, 4, 2010. Campo Mourão. Anais do EEPA. Campo Mourão: FECILCAM, 2010.
ALMEIDA, M. C. O. Indução de celulases e xilanase por Trichoderma reesei e Penicillium variabile em cultivo em estado sólido a partir de substratos lignocelulósicos. Dissertação (Pós-graduação). Florianópolis: UFSC, 2012.
BRASIL. ANVISA Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.. Instrução Normativa Nº 13. Brasília: ANVISA, 2005.
RASOVISKY, E. M. Álcool – Destilarias. Rio de Janeiro: Instituto do Açúcar e do Álcool, 1979.