7º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Vitória/ES, de 17 a 19 de Setembro de 2014.
ISBN: 978-85-85905-08-8

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ZEÓLITA SINTÉTICA 4A E DA ZEÓLITA NATURAL CLINOPTILOLITA NA ADSORÇÃO DE ÍONS SULFATOS

AUTORES: Caon, L.L.F. (FAACZ - FACULDADES INTEGRADAS DE ARACRUZ) ; Dalamelino, P.J. (FAACZ - FACULDADES INTEGRADAS DE ARACRUZ) ; Merigheti, A.C. (FAACZ - FACULDADES INTEGRADAS DE ARACRUZ) ; Sarcinelli, J.A.J. (FAACZ - FACULDADES INTEGRADAS DE ARACRUZ)

RESUMO: Uma das causas de danos e redução de eficiência em equipamentos utilizados em diferentes processos industriais está relacionada aos sais inorgânicos formados a partir do sulfato (SO42-). O objetivo do trabalho foi realizar a remoção do sulfato, através da adsorção, utilizando as zeólitas natural Clinoptilolita e sintética 4A, além de avaliar a eficiência da remoção desse material em suas formas in natura, ativadas e funcionalizadas. Através dos resultados obtidos pode-se concluir, principalmente,que não houve interferência de outros íons em solução, como comprovado pelo Teste de Tukey, e que a zeólita com o melhor potencial de adsorção foi a zeólita Clinoptilolita ativada e funcionalizada, que apresentou uma eficiência de, aproximadamente, 85%.

PALAVRAS CHAVES: Remoção; Zeólitas; Modificação

INTRODUÇÃO: O íon sulfato (SO42-) é a forma mais estável dos compostos de enxofre existentes na natureza e são encontrados principalmente em mananciais hídricos e em efluentes provenientes de atividades industriais como, por exemplo, mineração, indústria petroleira, caldeiras, trocadores de calor, sistema de refrigeração e etc. Os principais problemas causados pela presença desses íons são as incrustações e corrosões em equipamentos e tubulações, e o elevado risco de intoxicação e contaminação de fauna e flora (SOUZA, 2007; REBESCHINI, 2010). Considerando os problemas causados pela presença do sulfato, surge a necessidade de remoção desse íon. Diversas técnicas vêm sendo utilizadas para a remoção, dentre elas, os processos de adsorção vem apresentando boas possibilidades de aplicação. As principais vantagens da adsorção sobre outras técnicas é a baixa formação de resíduos e a possibilidade de utilização de materiais de baixo custo como adsorventes, como por exemplo as zeólitas (SILVA, 2011; CERUTTI, 2007). Com base nos problemas causados pelo íon sulfato e na técnica de adsorção utilizando a zeólita como material adsorvente, o objetivo geral do trabalho foi avaliar a eficiência de adsorção de íons sulfato na zeólita sintética 4A e na zeólita natural clinoptilolita em suas formas naturais, ativadas e funcionalizadas. E para alcançá-lo, os objetivos específicos foram: realizar a ativação com íons Na da zeólita Clinoptilolita e a funcionalização com íons Ba na zeólita clinoptilolita e na zeólita 4A; avaliar a adsorção utilizando as zeólitas clinoptilolita e 4A in natura e também nas suas formas modificadas (ativadas e funcionalizadas) medindo a eficiência do processo; e avaliar se houve interferência de outros íons em solução no processo de adsorção.

MATERIAL E MÉTODOS: O modelo experimental foi criado, adaptado e realizado pelo grupo nos laboratórios do curso de Engenharia Química das Faculdades Integradas de Aracruz (FAACZ),em Aracruz/ES, utilizando a zeólita Clinoptilolita natural disponibilizada pela empresa Celta Brasil e a zeólita sintética 4A cedida pela empresa Oxanyl Raos, ambas em suas formas in natura. A primeira parte foi realizar a adsorção, em um aparato que simulou uma filtração, passando a solução contendo íon sulfato pelo meio adsorvente zeolítico, com auxílio de tubulações e bomba à vácuo, para assegurar vazão constante e tempo de contato iguais, recolhendo alíquotas de filtrado a cada 10 ml, para obtenção de dados estatísticos. As duas soluções utilizadas foram: uma solução de água do mar, confeccionada seguindo a metodologia adaptada por Mallasen e Valenti (1998); e uma solução contendo apenas o íon sulfato na mesma proporção contida na água do mar. Como meio adsorvente foram utilizadas três configurações: a zeólita in natura; a zeólita ativada com íons Na - funcionalizada com íons Ba; e a zeólita funcionalizada com íons Ba, seguindo metodologia proposta por Oliveira (2006). Para determinação da concentração de sulfato nas soluções antes e depois da adsorção foi utilizado o método de análise 4500-SO42- E (Turbidimétrico) do Standard Methods for the Examination of Water an Wastewater (1999), que gerou uma absorbância e partir dela calculou-se a concentração. Ao total, foram realizados 10 testes, em triplicata, variando o tipo de zeólita e a solução utilizada para análise. Em seguida, na parte estatística, foram calculadas as eficiências e foi aplicado o Teste de Tukey para avaliar a confiabilidade dos dados e também a interferência de outros íons presentes em solução.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A concentração de sulfato nos testes realizados foi calculada com base em uma curva de calibração com coeficiente de determinação (R²) de 0,9851, uma vez que a concentração inicial de entrada de sulfato nas soluções estava entre 30 a 35 mg/l. Assim, as eficiências de remoção calculadas estiveram como na Tabela 1. Ao analisá-la, percebe-se que a eficiência para a ZC na solução de sulfato foi negativa, indicando que houve um erro analítico, devido à interferência de sólidos suspensos, porém, como a disponibilidade de reagentes foi limitada, não foi possível repetir esse teste. E para a zeólita 4A in natura verificou- se uma eficiência baixa para a adsorção do íon sulfato, em ambas as soluções. Já para as zeólitas modificadas, verificou-se que a zeólita Clinoptilolita ativada- funcionalizada demonstrou ser eficiente para a adsorção do sulfato, removendo cerca de 85% em água do mar e 34% em solução de sulfato, enquanto a zeólita Clinoptilolita funcionalizada, em ambas as soluções, não demonstrou boa eficiência de remoção, ou seja, apenas a etapa de funcionalização direta não é capaz de melhorar significativamente a capacidade de remoção da zeólita. Já para a zeólita 4A funcionalizada, a eficiência de remoção foi cerca de 59% em ambas as soluções, valor satisfatório, uma vez que se esperava uma melhor remoção, pois essa configuração, que já era modificada com íon Na, foi funcionalizada, aumentando a capacidade de remoção. A confiabilidade dos dados foi testada pelo Teste de Tukey, onde todos os P-valores para as comparações feitas estiveram acima de 0,05, ou seja, as modificações (ativação e funcionalização) realizadas em ambas zeólitas melhoraram significativamente a eficiência de remoção, pois os resultados foram estatisticamente diferentes.

Tabela 1

Eficiências de remoção das configurações zeolíticas em ambas as soluções.

CONCLUSÕES: De acordo com os objetivos propostos no trabalho e com os resultados obtidos e discutidos foi possível concluir que, em relação à ativação e funcionalização das zeólitas, percebeu-se que a modificação aumentou significativamente a taxa de remoção do íon sulfato. Em relação à adsorção, a melhor configuração foi a zeólita Clinoptilolita ativada-funcionalizada em solução de água do mar, com eficiência de remoção de 84,63%±1,01%. E foi possível concluir ainda, que a hipótese de interferência de outros íons em solução, não provoca diferenças significativas nas eficiências de remoção.

AGRADECIMENTOS: Ao professor orientador Mário Sérgio da Rocha Gomes, M. Sc. Às empresas Celta Brasil e Oxanyl Raos. E aos familiares e amigos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CERUTTI, M. L. M. N. Dessulfulrização da gasolina por adsorção em zeólitas "Y" trocadas por cobre. UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, p. 184. 2007. MALLASEN, M.; VALENTI, W. C. Efeito da composição iônica da água do mar artificial no desenvolvimento de larvas de Macrobrachium rosenbergii (De Man, 1879) [Crustacea, Decapoda] no estágio II. UNESP - Centro de Aquicultura. Jaboticabal, SP, p. 6. 1998. OLIVEIRA, C. D. R. Adsorção-remoção de íons sulfato e isopropilxantato em zeólita natural funcionalizada. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, p. 161. 2006. REBESCHINI, J. Avaliação de Aditivos Químicos para Dissolver Incrustação Inorgânica de Sulfato de Bário em Poços de Petróleo. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, p. 136. 2010. SILVA, R. O problema da remoção de íons sulfato no reuso de águas tratadas de DAM no Brasil. UFRSG - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Salvador, BA, p. 9. 2011. SOUZA, A. Avaliação de inibidores de corrosão para sistemas de resfriamento industrial operando com ciclo elevado de concentração. Univerdade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. 2007.