Realizado em Vitória/ES, de 17 a 19 de Setembro de 2014.
ISBN: 978-85-85905-08-8
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DE SUPERÓXIDO DISMUTASE, PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO E PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA NA MATRIZ FEIJÃO CARIOCA
AUTORES: Ferreira, M.E.O. (IFG) ; Longhin, S.R. (IFG) ; Lanna, A.C. (EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO) ; Bassinello, P.Z. (EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO)
RESUMO: O feijão se constitui como uma importante fonte proteica e de carboidratos
complexos. Durante o armazenamento dos grãos de feijão carioca, ocorrem algumas
alterações químicas e estruturais que levam a depreciação da qualidade geral e
do valor nutritivo do produto. Indicadores químicos/bioquímicos do estresse
oxidativo, como teor de peróxido de hidrogênio (H2O2),
peroxidação de lipídeos e a atividade da superóxido dismutase (SOD) foram
determinados após ajustes metodológicos. Foram também quantificados os teores de
proteína presentes nas amostras. Foi observada atividade de SOD
significativamente maior no tegumento em relação ao cotilédone, no entanto os
teores de H2O2 e peroxidação lipídica foram maiores no
cotilédone.
PALAVRAS CHAVES: Phaseolus vulgaris L; estresse oxidativo; armazenamento
INTRODUÇÃO: As condições ambientais com altas temperaturas, umidade e radiação são comuns
nas regiões tropicais, condições estas que influenciam no armazenamento pós-
colheita de grãos. Durante o armazenamento observa-se a ocorrência de desordens
fisiológicas causadas principalmente devido ao aumento de Espécies Reativas de
Oxigênio (EROs) que levam a alterações na qualidade nutricional e comercial dos
grãos com instalação de estresse oxidativo (MATAMOROS et al., 2010). A atividade
da superóxido dismutase (SOD), enzima integrante do sistema de defesa
antioxidativa celular, destrói radicais superóxidos, O2●¯, produzindo
peróxido de hidrogênio, H2O2, metabólito extremamente
deletério para a célula, podendo levar à peroxidação de lipídeos, o que causa
dano de membrana e consequente a morte celular (PERL-TREVES e PERL, 2002). Em
grãos armazenados, a presença e atividade de SOD, peróxido de hidrogênio e
peroxidação de lipídeos indicam que o estresse oxidativo pode ocorrer durante
esse período. O presente trabalho teve como objetivo determinar a atividade da
SOD, o teor de H2O2 e o nível de peroxidação lipídica em
grãos de feijão carioca armazenados por um ano a 25°C e 45% UR.
MATERIAL E MÉTODOS: Os grãos beneficiados de feijão carioca cultivar BRS Estilo, colhidos em
setembro de 2012 na Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão, localizada em
Santo Antônio de Goiás/GO, foram o objeto de estudo. Após a colheita, estes
foram submetidos a secagem natural, beneficiados e armazenados à temperatura
ambiente pelo período de um ano. Para a realização das análises foram coletadas
três amostras de 200 g de grãos com teor médio de umidade de 7,6%, descascados
utilizando-se brunidor de arroz (TM05C, SATAKE), e separados cotilédone do
tegumento utilizando peneiras de 9, 14 e 16 mesh. Os extratos brutos de
tegumento e cotilédone foram obtidos pela moagem das amostras em cadinho
utilizando nitrogênio líquido, de acordo com Lee & Lee (2000). O sobrenadante
(extrato bruto de cotilédone e de tegumento) foi usado para determinação da
atividade de SOD, de acordo com metodologia descrita por Del Longo et al.
(1993); do nível de peroxidação de lipídeos, de acordo com Hodges et al. (1999);
do teor de proteínas solúveis totais de acordo com Bradford (1976) e teor de
peróxido de hidrogênio de acordo com Gilliland (1969). Todos os parâmetros foram
avaliados em triplicata tanto no tegumento quanto no cotilédone.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A atividade de SOD detectada foi em média, aproximadamente 15,73 vezes maior no
tegumento que no cotilédone, conforme os dados apresentados na tabela 1 a
seguir. Em grãos armazenados, a detecção de SOD sugere que durante o
armazenamento dos grãos de feijão carioca ocorreu um estresse oxidativo. A maior
atividade de SOD, principalmente no tegumento de grãos de feijão carioca, indica
formação de EROs com consequente instalação de processos oxidativos, como por
exemplo oxidação de compostos fenólicos. Mesmo que os grãos armazenados por
longos períodos apresentem baixo teor de umidade, a oxidação é parte fundamental
da vida aeróbica e, portanto, a formação de EROs demonstra ser um processo
natural mesmo nessas condições. O peróxido de hidrogênio, intermediário formado
pela reação de dismutação de O2●¯, catalisada pela enzima SOD
apresentou teor 1,7 vezes maior no cotilédone que no tegumento e como
consequência da geração do mesmo, as células estão propensas a sofrerem
peroxidação de lipídica (dano de membrana). A extensão da peroxidação lipídica,
estimada com base no conteúdo de malonaldeído (MDA), foi 4 vezes maior no
cotilédone. A peroxidação é um efetivo marcador bioquímico que possibilita a
identificação do dano oxidativo, pois o mesmo ocorre em detrimento do ataque de
EROs às membranas celulares, promovendo como subproduto a formação de MDA.
Baixos níveis de acúmulo de MDA tem estado associada com tolerância ao calor e
radiação intensos. Ao contrário, altos níveis de MDA representam mais danos de
membrana e menor tolerância aos estresses abióticos (ARA et al., 2013).
CONCLUSÕES: Apesar de existir variabilidade entre as partes dos grãos, o estresse oxidativo,
medido por meio da atividade específica de SOD, teor de peróxido e nível de
peroxidação lipídica, foi detectado tanto no tegumento quanto no cotilédone de
grãos de feijão, tipo comercial carioca. Isso sugere a necessidade da realização
de mais estudos com a variedade de grãos feijão carioca em diferentes condições de
armazenamento uma vez que as dimensões continentais de nosso país levam a
variações de temperatura e umidade. Química Agroindustrial, Orientadora Dra.
Sandra R. Longhin. Goiânia, 20/03/2014- IFG.
AGRADECIMENTOS: À Embrapa Arroz e Feijão e ao Instituto Federal de Goiás, campus Goiânia.
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