7º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Vitória/ES, de 17 a 19 de Setembro de 2014.
ISBN: 978-85-85905-08-8

TÍTULO: Levantamento de tecnologia de adsorção para corantes da indústria têxtil

AUTORES: Bertelli Santos, G. (FAACZ) ; Delfino Tedesco, L. (FAACZ) ; Trice Ravani, R. (FAACZ) ; Ramos Azeredo Fraga, T. (FAACZ) ; Teixeira Halasz, M.R. (FAACZ)

RESUMO: Os efluentes têxteis causam sérios impactos ambientais quando são despejados nos corpos hídricos sem o devido tratamento prévio. Por este motivo, este efluente deve ser tratado, sobretudo para remover as elevadas quantidades de cor que o mesmo apresenta. Desta maneira, o presente trabalha teve como objetivo realizar um breve levantamento de técnicas de adsorção de corantes da indústria têxtil, cujas técnicas estudadas foram a adsorção com carvão ativado, com lama vermelha, com derivados da celulose e com quitosana.

PALAVRAS CHAVES: ADSORÇÃO; EFLUENTE TÊXTIL; MATERIAL ADSORVENTE

INTRODUÇÃO: Os problemas ambientais têm se mostrado cada vez mais freqüentes, principalmente devido aos impactos ecológicos causados pelas atividades industriais (KUNZ et al., 2002; GUARATINI, ZANONI, 2000). Estes impactos são causados principalmente pelo despejo de efluentes industriais nos corpos hídricos, sem o devido tratamento prévio. Entre os efluentes da indústria química, o efluente têxtil é considerado o mais poluente, devido ao fato do mesmo apresentar elevadas quantidades de carga orgânica e de corantes que não se fixaram totalmente às fibras do tecido durante a etapa de tingimento da indústria têxtil (DALLAGO; SMANIOTTO; OLIVEIRA, 2005). Quando estes efluentes contendo altas concentrações de corantes são lançados nos corpos hídricos, os mesmos impedem a passagem da radiação solar, prejudicando a realização da fotossíntese e trazendo grandes malefícios a flora aquática (AMAVISCA, 2012). Por essa razão, faz-se de extrema importância o tratamento do efluente têxtil, o qual pode ser realizado por técnicas como coagulação/floculação, remoção biológica e adsorção (KUNZ et al., 2002; GUARATINI, ZANONI, 2000). Segundo Antunes et al. (2010), a adsorção é o tratamento mais interessante para a remoção de cor. Essa técnica consiste na deposição de uma substância em uma interface sólida (MOHAN; PITTMAN, 2006), sendo esta chamada de adsorvente. Os materiais adsorventes podem ser oriundos de diversos resíduos industriais e vegetais, como por exemplo, carvão ativado, lama vermelha, derivados de celulose, quitosana, entre outros. Desta forma o presente trabalho visa realizar um levantamento de técnicas de adsorção para remoção de corantes presentes em efluente têxteis.

MATERIAL E MÉTODOS: No presente trabalho foram realizadas pesquisas de cunho teórico e revisões bibliográficas, com intuído de apresentar diferentes técnicas de adsorção. Diversos trabalhos vêm sendo publicados mostrando a utilização do carvão ativado, da lama vermelha, de derivados da celulose e da quitosana como material adsorvente. Segundo Pereira (2010), o carvão ativado pode ser obtido a partir da pirólise de um material carbonáceo, seguido de ativação do mesmo com temperatura e tempo de ativação pré-determinado. De acordo com Da Silva Filho et al. (2010) a lama vermelha in natura não apresenta bom rendimento quando utilizada como adsorvente, fazendo-se necessário o uso de processos de ativação como tratamentos com ácidos, com águas ricas em íons de Mg2+ ou tratamento térmico conferindo à lama vermelha características que a tornam um bom adsorvente. A eficiência da casca de eucalipto como um adsorvente de baixo custo para a remoção de corante presente em solução aquosa foi investigado por Dave, Kaur, Khosla (2010), onde a mesma foi submetida a varias lavagens com água permutada contendo 1% (w/v) de NaOH, para a remoção de sujidade, tornando-a adequada a ser utilizada como material adsorvente. No trabalho realizado por Lima, Ribeiro e Airoldi (2006), a quitosana foi obtida através da quitina extraída da casca do caranguejo, sendo a mesma submetida a um tratamento químico, conferindo-a capacidade de adsorver corantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo Pereira (2010), a técnica de adsorção com carvão ativado mostrou-se eficiente para a remoção do corante azul de metileno do meio aquoso, visto que os carvões ativados apresentam elevadas áreas superficiais, sendo sua principal desvantagem o elevado custo. Como mostrado por Da Silva Filho et al. (2008), a lama vermelha, apresentou resultados satisfatórios para a remoção do corante Remazol Back B, sendo que o mesmo apresentou uma desvantagem, como o surgimento de cor aparente em algumas soluções, tornando necessário o uso da técnica de encapsulamento em um corpo de prova adequado. De acordo com Dave, Kaur, Khosla (2010), o corante preto de eriocromo T pode ser removido com sucesso de um efluente têxtil por adsorção em cascas de eucalipto, sendo o processo de adsorção dependente do pH, da quantidade de adsorvente, da concentração, do tempo de contato e da temperatura. No trabalho proposto por Lima, Ribeiro e Airoldi (2006) foi comprovado que a quitosana foi tão eficaz quanto o carvão ativado na adsorção do corante azul de metileno. A utilização da quitosana como adsorvente traz algumas desvantagens tais como: dependência com pH, necessidade de modificações químicas da mesma, baixa afinidade por corantes básicos dentre outras (CHAVES, 2009).

CONCLUSÕES: Concluímos com o presente estudo que, dentre as técnicas de adsorção apresentados, o carvão ativado é a mais indicada. Isto pode ser afirmado devido ao fato das outras técnicas apresentarem desvantagens significativas que influenciam diretamente o processo de adsorção, enquanto a principal desvantagem do carvão ativado é o elevado custo, o que pode ser solucionado através da utilização de materiais alternativos com boa capacidade de adsorção e um menor custo.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMAVISCA, C.V. Uso de resíduo agrícola como base para a preparação de carvão ativado. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (grau de Químico Industrial) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
ANTUNES, M. L. P.; CAMARGO, S. R. G. de; JESUS, C. P. de; RUSSO, A. C. Estudo da utilização de serragem de madeira como adsorvente para tratamento de efluentes têxteis. Revista de Estudos Ambientais, [S.l], v.12, n. 2, p. 6-14, jul./dez. 2010.
CHAVES, J. A. P. Adsorção de corantes têxteis sobre quitosana: condições modelagem e otimização. 2009. 96f. Dissertação (Doutorado em Química) – Universidade Federal da Paraíba. PB
DA SILVA FILHO, E. B.; ALVES, M. C. M.; MOTTA, M.; OLIVEIRA, E. H. C.; BRANDER JUNIOR, W. Estudo sobre a utilização da lama vermelha para a remoção de corantes em efluentes têxteis. Química Nova, [S.I], v. 31, n. 5, p. 985-989, 2008.
DALLAGO, R. M.; SMANIOTTO, A; OLIVEIRA, L. C. A. Resíduos sólidos de curtumes como adsorventes para a remoção de corantes em meio aquoso. Química Nova, [S.l], v. 28, n. 03, p. 433-437, 2005.
DAVE, P. N.; KAUR, S.; KHOSLA, E. Removal of Eriochrome back – T by adsorption on to eucalyptus bark using green technology. Indian Journal of Chemical Technology, [S.l], v. 18, p. 53-60, jan. 2011.
GUARATINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B. Corantes têxteis. Química Nova, Araraquara, v. 23, n. 01, p. 71-78, 2000.
KUNZ, A.; PERALTA-ZAMORA, P.; MORAES, S. G. de; DURÁN, N. Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis. Química Nova, [S.l.], v. 25, n. 01, p. 78-82, 2002.
LIMA, I. S.; RIBEIRO, E. S.; AIROLDI, C. O emprego de quitosana quimicamente modificada com anidrido succínico na adsorção de azul de metileno. Química Nova, v. 29, n. 3, p. 501-506, 2006.
MOHAN, D.; PITTMAN JR, C. U. Activated carbons and low cost adsorbents for remediation of tri and hexavalent chromium from water. Journal of Hazardous Materials, n. 137, p. 762-811, 2006.
PEREIRA, E. I. Produção de carvão ativado a partir de diferentes precursores utilizando FeCl3 como agente ativante. 2010. 90f. Dissertação (Mestrado em Agroquímica) – PPGA, Universidade Federal de Lavras. MG.