Realizado em Maceió/AL, de 28 a 30 de Agosto de 2013.
ISBN: 978-85-85905-04-0
TÍTULO: PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO DE ABACATE
AUTORES: Garda, D. (UPF) ; Zoch, A.N. (UPF) ; Anselmini, K. (UPF)
RESUMO: O biodiesel é um combustível derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido
através da reação de transesterificação. O uso desse combustível traz uma série de
benefícios associados à redução de poluentes atmosféricos. A realização desse
projeto de pesquisa avaliou o óleo de abacate como matéria-prima para a produção
de biodiesel. O principal obstáculo para obtenção do óleo de abacate foi o alto
teor de umidade – o abacate tem 75% de água, em média – visto que não foi possível
a secagem da polpa. O biodiesel foi obtido com rendimento de 65%. Os resultados
das análises físico-químicas realizadas ficaram em conformidade com a ANP-42.
Entretanto, ainda são necessários mais estudos para aperfeiçoar as metodologias de
secagem para obter um maior rendimento do óleo.
PALAVRAS CHAVES: Biodiesel; Abacate; Transesterificação
INTRODUÇÃO: O grande desenvolvimento da sociedade e, consequentemente, das tecnologias, fez
com que crescesse também a preocupação com o meio ambiente. O problema de
poluição causado pelo uso de combustíveis fósseis torna necessário o
desenvolvimento de fontes de energia de menor impacto ambiental e renováveis.
Isso tem estimulado o interesse crescente em fontes alternativas para substituir
os combustíveis à base de petróleo. O biodiesel é um combustível alternativo ao
óleo diesel, é produzido pela reação química entre um óleo vegetal ou gordura
animal com um álcool. O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores
de biodiesel do mundo, com uma produção anual, em 2010, de 2,4 bilhões de litros
e uma capacidade instalada, no mesmo ano, de cerca de 5,8 bilhões de litros.
Dentre as fontes para a produção de biodiesel encontra-se uma grande diversidade
de matérias-primas, que incluem os óleos vegetais, obtidos de soja, algodão,
palma, canola, entre outras e, gorduras animais que é geralmente sebo. Existem
perspectivas em relação ao abacate como matéria-prima, para produção de
biodiesel. O abacateiro é cultivado em quase todos os estados do Brasil. Trata-
se de uma planta perene, pode ser plantada em terrenos acidentados como essência
florestal, não competindo, desse modo, com plantas anuais alimentícias
cultivadas em terrenos planos. Os frutos de algumas variedades possuem teores
consideráveis de matéria graxa na polpa, constituindo-se em uma matéria-prima de
interesse para extração de óleo.
MATERIAL E MÉTODOS: Primeiramente, foi realizado o descaroçamento do abacate, depois, a polpa foi
colocada no cartucho para extração no Soxhlet, com hexano, durante um período de
4 horas. Obtido o óleo realizou-se a reação de transesterificação. O processo de
transesterificação foi realizado de acordo com o método de Ferrari que começa
com o aquecimento de 12,5 mL de óleo de abacate. Quando a temperatura atingiu
45°C, a solução contendo 6,25 mL de metanol e 0,0625 gramas de catalisador
hidróxido de potássio foi adicionada. Após o tempo de reação foi constatada a
conversão de ésteres pelo escurecimento brusco da mistura, e logo após o retorno
da coloração inicial da mistura. Após o término da reação formou-se uma fase
inferior contendo a glicerina, excesso de álcool e hidróxido de potássio que não
reagiram. Depois da separação das fases por decantação, os ésteres obtidos foram
purificados através da lavagem com água destilada e foi seco com sulfato de
sódio anidro. As análises físico-químicas para caracterização do biodiesel foram
determinação da umidade, índice de acidez, índice de iodo e viscosidade. Os
ésteres metílicos foram analisados também por Cromatografia Gasosa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram testados inicialmente vários métodos de secagem da polpa do abacate,
estufa normal, estufa com circulação de ar, forno micro-ondas e forno à gás,
porém, em nenhum deles foi possível uma secagem satisfatória da polpa. Em todas
estas tentativas a massa colocada a secar ficou com uma aparência escura e em
algumas partes com mofo. Como não foi obtido sucesso na secagem, procedeu-se a
etapa de extração do óleo com a polpa fresca. O rendimento obtido do óleo de
abacate foi de apenas 1 a 2%. O abacate tem em cerca de 75% de água, e isto
afetou consideravelmente o rendimento da extração. Na reação de
transesterificação, foi empregado óleo de abacate comercial, fixou-se um tempo
de 60 minutos. O biodiesel obtido apresentou-se límpido e com uma coloração
esverdeada. A reação forneceu um rendimento de 65%. As propriedades físico-
químicas do biodiesel de óleo de abacate obtido, foram: índice de acidez;
índice de iodo, as quais encontraram-se dentro dos limites estabelecidos pela
ANP n° 7 (2008). Em relação ao teor de ácidos graxos, o biodiesel caracterizou-
se por apresentar teores elevados de ácidos graxos monoinsaturados (ácido
oléico) e teor relativamente baixo de ácido graxo saturado palmítico.
CONCLUSÕES: O biodiesel de óleo de abacate forneceu um rendimento de 65%, quando comparado ao
óleo de soja que possui um rendimento cerca de 98%, este valor ainda não é
satisfatório, porém as propriedades físico-químicas do biodiesel de óleo de
abacate ficaram em conformidade com a ANP. Outros estudos deverão ser realizados
utilizando catalisadores diferentes e etanol. Também deverá se aperfeiçoar a
metodologia de secagem para obter um maior rendimento do óleo de abacate.
AGRADECIMENTOS:
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