Realizado em Maceió/AL, de 28 a 30 de Agosto de 2013.
ISBN: 978-85-85905-04-0
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE TERMITICIDA DA LECTINA DE Croton campestris.
AUTORES: Silva, D.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Melo, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Napoleão, T.H. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Gomes, F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Coelho, L.C.B.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Paiva, P.M.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Sá, R.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)
RESUMO: Croton campestris (CC) é uma planta do Agreste Pernambucano, indicada na
medicina popular para o tratamento de artrose, reumatismo e etc. Lectinas são
proteínas que se ligam a carboidratos, propriedade que está relacionada ao seu
papel como proteínas de reserva, de defesa contra microrganismos
fitopatogênicos, insetos e outros. O trabalho teve como objetivo isolar lectinas
e avaliar a atividade termiticida frente a cupins da espécie Nasutitermes
corniger do extrato salino (ES) e lectina (PII) de CC. O ES apresentou uma
atividade hemaglutinante específica de 7,728UH/mL. A fração 40% (PF2) foi
escolhida para a purificação da lectina. ES e PF2 foram capazes de aglutinar
eritrócitos de coelhos e humanos. A atividade inseticida revela que o ES e PII
induziram 100% de mortalidade dos cupins.
PALAVRAS CHAVES: Lectina; Campestris; Termiticida
INTRODUÇÃO: O gênero Croton detém expressiva relevância econômica, alicerçada em seu
conteúdo de óleos essenciais e diversas substâncias ativas como terpenos,
flavonóides e alcalóides. As espécies desse gênero são empregadas com frequência
na medicina popular demonstrando algumas propriedades terapêuticas comprovadas.
Os estudos existentes centrados em espécies de Croton são ainda escassos e dizem
respeito às áreas de fitoquímica e farmacologia.
Croton campestris é uma planta utilizada na medicina popular, sendo popularmente
conhecido como “velame do campo” na região do Agreste de Pernambuco, seu uso é
feito através do chá da folha do velame do campo, sendo indicados para o
tratamento de Escrofulose, eczemas, artritismo, artrose e etc. Os metabólitos
secundários de plantas são conhecidos por suas ações repelentes ou atraentes nas
interações intraespécies e interespécies. Além disto, eles podem apresentar ação
farmacológica tranquilizante, antiviral, inseticida, com as mais diversas
aplicações, tanto na terapêutica médica, como na indústria de cosméticos e
outras. O papel ecológico dos térmitas é dos mais importantes, entretanto, cerca
de 10% das espécies conhecidas estão registradas como pragas. Os problemas com
cupins vêm crescendo e causando prejuízos cada vez maiores em diversas áreas
urbanas no Brasil. Os danos às estruturas de madeira e a outros materiais
causados pelos cupins chegam a mais de US$ 3 bilhões anualmente. O termo lectina
que significa selecionado refere-se à habilidade dessas proteínas ligarem-se
seletivamente e reversivelmente a carboidratos. Sabe-se que o principal
componente do trato digestivo dos insetos são carboidratos, sendo assim as
lectinas tornam-se uma forte ferramenta para o tratamento e controle destas
infestações nas zonas urbanas.
MATERIAL E MÉTODOS: Para a preparação de extratos salinos (ES) utilizou-se 24g da farinha das Folhas
de Croton campestris em 480 ml de NaCl 0,15 molar. A extração foi realizada em
temperatura ambiente e em repouso por 48hrs. A Atividade Hemaglutinante (AH) foi
realizada segundo a metodologia (adaptada) descrita por DERÓN DE LA BARCA, OCHOA
E VALENCIA (1985), usando placas de microtitulação contendo em cada poço 50μl do
líquido extrator, 50μl do extrato bruto (EB) seguida de diluição seriada e
posteriormente acrescidos 50 μl de eritrócitos de coelho tratados com
glutaraldeído a atividade permaneceu em repouso durante 45 minutos em
temperatura ambiente. A precipitação proteica foi de acordo com a técnica de
Green & Hughes (1995) obtendo-se a melhor fração proteica com uma saturação de
20-40% (F2) do sal sulfato de amônio. A quantificação protéica foi realizada de
acordo com Lowry et al. A Cromatografia em coluna de quitina foi empacotada com
10 mL de quitina e equilibrada com NaCl 0,15M. Uma alíquota de 2,0 mL de F2 foi
aplicada à coluna cromatográfica, que foi lavada com NaCl 0,15 M até a obtenção
de uma absorbância (280 nm) menor que 0,05. A eluição foi efetuada com ácido
acético 1,0 M. O pico proteico eluído com ácido acético contendo AH foi definido
como a lectina de C. campestris. As soluções de PII (lectina isolada) foram
dialisadas em NaCl 0,15 M. A Atividade termiticida foi avaliada através do
método de Kang et al. (1990). Foram utilizados 200 L das soluções-teste: ES e
PII e o controle utilizado foi: NaCl 0,15 M. Das colônias de N. corniger
mantidas no departamento de Agronomia da UFRPE foram coletados 20 cupins sendo
estes: 16 operários e 4 soldados, todos mantidos à 28 ºC; e em escuridão. Todos
os testes foram feitos em quintuplicatas e a avaliação foi diária durante 18
dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi observado que o melhor método de extração da lectina de Croton campestres é
a partir do repouso, método também usado por Santana (2004) no isolamento de
lectinas da Macrotyloma axillare. Observou-se que através da inibição por
carboidratos a fração proteíca (F2) foi inibida com N-acetilglicosamina (Figura
1), que estimulou a purificação da lectina através de cromatografia de afinidade
em colunas de quitina. ES e PF2 aglutinaram eritrócitos de todos os tipos
sanguíneos do sistema ABO, assim como eritrócitos glutarizados de coelho. Os
ensaios termiticidas sugerem que a atividade do ES e Lectina (PII) se deve à sua
toxicidade contribuindo para levar à morte dos cupins que se alimentaram de
material contendo amostras proteicas.
Foi observado que o contato com o ES e Lectina (PII) em todas as concentrações
testadas induziu 100% de mortalidade dos operários e soldados em 7 dias de
contato com os insetos (Figura 2). A ação tóxica de lectinas inseticidas tem
sido relacionada à ligação dessas proteínas através de interações di-sulfetos e
ligações de hidrogênio a glicoproteínas presentes no trato digestivo de insetos.
Figura 1
Cromatografia de PF2 (6,0 mg) em coluna de quitina
equilibrado com NaCl 0,15 M, PII (lectina) foi
obtido através de eluição com ácido acético 1,0 M.
Figura 2
Efeito do contato com o ES) e (PII) em operários (A)
e soldados (B) de N. corniger.Cada ponto representa
a média de cinco experimentos
CONCLUSÕES: ES e a Lectina aglutinaram eritrócitos de todos os tipos sanguíneos do sistema
ABO, em especial eritrócitos do tipo AB assim como eritrócitos glutarizados de
coelho.
A fração proteica foi inibida com N-acetilglicosamina, que estimulou a purificação
da lectina (PII) através de cromatografia de afinidade em colunas de quitina.
O contato com ES e Lectina (PII), induziu 100% de mortalidade dos cupins
utilizados.
AGRADECIMENTOS: A FACEPE pelo apoio financeiro.
Ao Laboratório de Química da UFPE-Campus Agreste.
Ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABREU, A. S.; BARBOSA, P. S.; MÜLLER, A. H. & GUILHON, G. M. S. P.; Constituintes químicos do caulee das cascas do caule de Croton pullei var Glabrior (Euphorbiaceae). Revista Virtual de iniciação Científica, UFPA, v. 1, n 2, p. 1-9, 2001.
CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering plants. New York: Columbia Universisy Press, 1981.
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RANDAU, K. P.; FLORÊNCIO, D. C.; FERREIRA, C. P.; XAVIER, H. S. Estudo farmacognóstico de Croton rhamnifolius H.B.K. e Croton rhamnifolioides Pax & Hoffm.(Euphorbiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, V.14, n.2, p.89-96,2004.
SANTANA, M. A. Isolamento, Propriedades bioquímicas e estudos biológicos da Lectina de semente da Macrotyloma axillare (E. Meyer.), Ouro Preto, Universidade federal de Ouro Preto, Centro de ciências exatas e biológicas, 2004.