TÍTULO: Desempenho da fermentação etanólica utilizando mel de abelhas de diferentes floradas e caldo de cana-de-açúcar.

AUTORES: Lima, T. (UFAL) ; Rabelo, T. (UFAL) ; Vasconcelos, J. (UFAL) ; Neto, A. (UFAL) ; Gomes, E. (UFAL)

RESUMO:Este estudo avaliou o desempenho da fermentação etanólica utilizando mel de abelhas de diferentes floradas, caldo de cana-de-açúcar, mel de abelhas de cana- de-açúcar e mostos mistos (caldo de cana-de-açúcar e mel de abelhas de diferentes floradas). Os méis foram diluídos com caldo de cana-de-açúcar e água. Utilizaram-se diversas concentrações de açúcares nos mesmos. As concentrações de açúcares, medidas como Brix, foram de 13,3, 17,3, 20, 24 e 26,7g/100g que, após a inoculação, equivalem a 10, 13, 15, 18 e 20ºBrix (g/100g), respectivamente. O mosto de mel de abelhas apresentou melhor eficiência de fermentação foi o mel G (florada mista, oriundo do estado do Ceará). Quando se trabalhou com mosto misto, foi obtido com o mel C (florada mista, oriundo do Município de Pão-de- Açúcar – AL).

PALAVRAS CHAVES: Cana-de-açúcar; Etanol; Mel de abelhas

INTRODUÇÃO:O mel é um produto natural produzido por abelhas, de composição variável em função da flora, do lugar, época de colheita, manejo e, principalmente, da espécie da abelha que o produziu (ALVIN, 2001). Sendo Alagoas um dos produtores de cana-de-açúcar mais importantes do Brasil, esta alternativa particularmente é interessante por existirem atualmente cerca de 7.000 micros e pequenos produtores desta gramínea. A produção de mel de abelhas de cana de açúcar, ou seja, o mel produzido com abelhas sendo alimentadas com a sacarose dos colmos da cana-de-açúcar após o corte, pode se tornar alternativa econômica interessante, com geração de emprego e renda, contribuindo para redução do êxodo rural (VASCONCELOS, 2010). Cerca de 30% da produção de cana-de-açúcar de Alagoas se deve a aproximadamente 7.000 micro e pequenos agricultores. Mesmo com esta pequena produção, predomina na maioria os fornecedores de cana com até 500 toneladas, emprega milhares de trabalhadores, em sua maioria sem nenhuma qualificação profissional, o que cria dificuldades para a absorção destas pessoas em outras atividades. Em épocas de crise, a situação fica dramática para os micro, pequenos e médios fornecedores de cana, que ficam sem alternativas econômicas que viabilizem a manutenção de renda que traga sustento às suas famílias. Além disso, o desemprego acarreta graves conseqüências sociais, com aumento do êxodo rural. As grandes cidades, sem infra-estrutura para absorção destes desempregados, sofrem graves conseqüências.

MATERIAL E MÉTODOS:Foram realizados ensaios com mostos de caldo de cana-de-açúcar, mel-de-abelhas de diferentes floradas e mostos mistos (mel de abelhas + caldo de cana-de- açúcar). Os méis foram diluídos com caldo de cana-de-açúcar e água. Utilizaram- se diversas concentrações de açúcares nos mesmos, avaliando-se aquela que conduziria ao melhor desempenho da fermentação etanólica. As concentrações de açúcares, medidas indiretamente como Brix, foram de 13,3, 17,3, 20, 24 e 26,7g/100g que, após a inoculação, equivalem a 10, 13, 15, 18 e 20ºBrix (g/100g), respectivamente. Estes ensaios foram conduzidos, em triplicata, em Erlenmeyers de 1 litro de capacidade. Foram retiradas amostras de mosto e de vinho, quantificando-se ART, Brix e, também, teor de etanol no vinho. Os méis utilizados foram classificados como Mel A = Florada de juazeiro, oriundo de Viçosa-AL; Mel B = Florada mista (Coopmel, oriundo do Município de Pão-de-Açúcar - AL); Mel C = Florada mista, oriundo do Município de Pão-de-Açúcar-AL, Mel D = Florada mista, oriundo do Estado do Piauí; Mel E = Florada mista, oriundo do Município de Delmiro Gouveia-AL; Mel F = Oriundo do Município do Pilar – AL, com abelhas alimentadas com a sacarose dos colmos de cana–de-açúcar após o corte; Mel G = Florada mista, oriundo do Estado do Ceará e caldo de cana-de-açúcar oriunda do Município de Joaquim Gomes – AL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:O resultado da eficiência fermentativa é apresentado na Figura 1. Os resultados deste gráfico indicam que o valor dos ART (Figura 2) que conduz a melhores eficiências fermentativa, é o de ART de aproximadamente 17,5g/100mL, para Brix de cerca de 15 g/100g, para os diversos tipos de mosto utilizados. De acordo com as linhagens de levedura disponíveis, em condições normais, quando se trabalha com melaço, utiliza-se mosto de Brix 18 a 22g/100g, e quando o mosto é de caldo de cana, o Brix varia de 14 a 15g/100g (OLIVEIRA, 2007). Segundo SEBRAE (2001) a fermentação ideal para a produção de aguardente, ocorre com o mosto numa concentração de açúcares em torno de 15ºBrix. Santos (2008) estudou a influência da complementação de nutrientes no mosto sobre o processo de fermentação etanólica em batelada e verificou que o mosto de melaço, a 15°Brix, proporcionou melhor aproveitamento pela levedura, pois, apesar da menor quantidade de etanol produzida, apresentou maior eficiência fermentativa. E concluiu ainda que, o mesmo ocorreu para o caso do mosto de caldo em relação ao Brix de 14g/100g, que apresentou concentração intermediária de etanol, porém com maior eficiência de fermentação. Quando se trabalhou com mosto de mel de abelhas, o que apresentou melhor eficiência de fermentação foi o mel G (Florada mista, oriundo do estado do Ceará), porém, quando se trabalhou com mosto misto, o melhor desempenho foi obtido com o mel C (Florada mista, oriundo do Município de Pão-de-Açúcar – AL).

Figura 1

Valores das eficiências de fermentação para os diversos tipos de mel de abelhas utilizados nos ensaios experimentais.

Figura 2

ART dos vinhos referentes aos diferentes tipos de mosto utilizados nos ensaios experimentais.

CONCLUSÕES:Com a relação ao mosto de mel de abelhas, o que apresentou melhor eficiência de fermentação foi o mel G (Florada mista, oriundo do estado do Ceará), porém, quando se trabalhou com mosto misto, o melhor desempenho foi obtido com o mel C (Florada mista, oriundo do Município de Pão-de-Açúcar – AL).

AGRADECIMENTOS: A DEUS!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:DIOLA, V.; SANTOS, F. Fisiologia. In: SANTOS, F.; BORÉM, A.; CALDAS, C. (eds.) Cana-de-açúcar: Bioenergia, açúcar e álcool – Tecnologias e perspectivas. Viçosa, 2010. 577 p.

OLIVEIRA, E. G.; Métodos físico-químicos; Apostila adotada em aula prática; Universidade Federal de Alagoas, 2007.

SANTOS, A. M. dos. Estudo da influência da complementação de nutrientes no mosto sobre o processo de fermentação alcoólica em batelada. Dissertação (Mestrado em Química e Biotecnologia), Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2008.


SEBRAE-ES. Fábrica de aguardente de cana-de-açúcar (apostila). Vitória, 2001.

SODRÉ, G. S. Características físico-químicas e análises polínicas de amostras de méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera: Apidae) da região do litoral norte do Estado da Bahia. Arquivos Latinoamericano de produção animal, v.11, n. 3, p. 129-137, 2003.

SOUZA, C. C. de. Caracterização físico-química, química e analise de sabor de méis poliflorais. Dissertação (Mestrado em Ciências de Alimentos). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 135f. 2003.