TÍTULO: CORRELAÇÃO ENTRE ÍONS ANIÔNICOS TRANSPORTADOS PELO ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM UM LISÍMETRO
AUTORES: Alves, T.C. (FURB) ; Pinheiro, A. (FURB) ; Silva, M.R. (FURB) ; Kauffman, V. (UFRGS) ; Aguida, L.M. (FURB)
RESUMO:O escoamento superficial tem origem na precipitação e constitui importante vetor
de transporte de anions em bacias hidrográficas. Este trabalho tem o objetivo de
estudar a correlação dos ânions Acetato, Cloreto, Nitrito, Nitrato, Sulfato,
Brometo e Fosfato no escoamento superficial de um lisímetro de campo cultivado com
Zea mays. Observou-se uma forte correlação entre alguns ânions, e a independência
das concentrações com a precipitação. Constata-se que as concentrações são
estáveis na escala temporal de estudo.
PALAVRAS CHAVES: Lisímetro; Íons Ânionicos; Escoamento Superficial
INTRODUÇÃO:Os íons aniônicos fosfato, nitrato, nitrito, sulfato, brometo, acetato e cloreto
estão presentes no solo como macronutrientes, estando dissolvidos ou adsorvidos
a matriz do solo e em equilíbrio uns com os outros. A ciclagem desses elementos
e o seu comportamento estão baseados no equilíbrio dinâmico entre as cargas
negativas e positivas que o solo possui.
O escoamento superficial inicia, quando a intensidade de precipitação torna-se
maior do que a taxa de infiltração da água no solo, sendo, considerado o
principal responsável pelo rápido aumento da vazão após a ocorrência de uma
precipitação (GRIEBELER et al, 2001). O escoamento superficial é um importante
vetor de transporte de espécies químicas aos corpos de água.
Um bom entendimento dos efeitos dos sistemas agrícolas e das práticas agrícolas
sobre o fluxo dos nutrientes, como ânions, é de grande interesse para ajudar a
identificar onde as atividades de mitigação seriam melhor orientadas em
bacias hidrográficas. Assim, o objetivo do estudo é observar a ocorrência dos
principais ânions no escoamento superficial de um lisímetro volumétrico de
drenagem, cultivado com Zea mays, mostrando suas correlações entre si e com a
ocorrência de precipitação, caracterizando a perda de nutrientes e sua
disponibilização aos corpos hídricos.
MATERIAL E MÉTODOS:A pesquisa se desenvolve na Bacia do Ribeirão Concórdia, município de Lontras,
onde foi instalado um lisímetro volumétrico de drenagem. Ele é constituído de
uma coluna de solo indeformado com 1 m3, com dispositivos de coleta de
escoamento superficial e de drenagem. Uma descrição detalhada de construção e
coleta da amostra são apresentados por Oliveira et al. (2010). No lisímetro foi
efetuada a semeadura do milho na primeira quinzena de novembro de cada ano.
Quando da ocorrência de precipitação, o volume de escoamento superficial é
armazenado em um recipiente e posteriormente são realizadas coletas das amostras
de águas para determinação dos nutrientes. O monitoramento ocorreu entre 04/2010
e 12/2011.
Nas amostras de água de escoamento superficial foram determinadas as
concentrações dos nutrientes, nitrato (N-NO-3), nitrito (N-NO-2), fosfato (P-
PO43-), Cloreto (Cl-), Acetato (AcO-), Sulfato (SO4). Para determinação das
concentrações dos nutrientes foi utilizado um Cromatógrafo de troca iônica,
marca DIONEX AG4A, equipado com uma coluna de separação aniônica, um
supressor e um detector de condutividade. As leituras das amostras foram
realizadas em triplicatas.
Foi efetuada análise estatística da série de dados de concentrações, com análise
de variância, correlações de Pearson e regressões múltiplas. Para isto foi
utilizado o programa Origin 8.0®.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:Os valores médios das ocorrências dos analitos, desvio-padrão, Coeficiente de
Variação, assim como seus valores máximos e mínimos encontrados, estão
apresentados na figura 1. Comprando-se que os padrões de qualidade das águas
doce de classe 2 estabelecidos pela Resolução 357/2005 do CONAMA, nota-se que as
concentrações dos analitos no escoamento superficiais são inferiores aquelas
estabelecidas pela legislação.
Para avaliar a correlação das concentrações entre si, e das concentrações com a
precipitação foi feita uma matriz de correlação de Pearson (Figura 2),
considerando-se significativo como correlacionados valores acima de 0,5. Obteve-
se fortes correlações entre precipitação e Acetato, Nitrito e Nitrato. O valor
negativo é explicado por seu potencial de solubilização, os quais são lixiviados
ao invés de transportado superficialmente. Os outros analitos apresentam baixas
correlações com a precipitação. Entre os ânions pode-se observar boas correlação
entre Acetato e Nitrato, Cloreto com nitrato e sulfato, e fortes correlações
entre Sulfato e Nitrato.
Os íons em solução interagem com a fase sólida do solo, formando diferentes
complexos que afetam sua adsorção e/ou mobilidade. Ânions altamente hidratados
como Cloreto e Nitrato (Cl-, NO3-) compõem complexos de esfera externa com a
fase sólida do solo movimentando-se mais livremente com a passagem da água;
entretanto, outros íons como o PO43-, formam complexos de esfera interna com os
componentes minerais dos solos; desta forma, o íon PO43- apresenta baixa
mobilidade, considerada insignificante por alguns autores (BASSO et al., 2005).
Concentrações dos analitos no escoamento superficial
Matriz de Correlação de Pearson
CONCLUSÕES:- As correlações de Pearson demonstraram que as concentrações encontradas no
escoamento superficial independem da precipitação.
- Os íons Sulfato, Cloreto e Nitrato se correlacionam fortemente um com o outro,
podendo ser explicado pela alta solubilidade e saturação desde ânions no solo. Do
mesmo modo há também uma forte correlação entre os íons acetato e Nitrato.
AGRADECIMENTOS: FURB, CAPES e CNPQ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BASSO, C. J.; CERETTA, C. A.; DURIGON, R.; POLETTO, N.; GIROTTO, E. Dejeto líquido de suínos: II-perdas de nitrogênio e fósforo por percolação no solo sob plantio direto. Ciência Rural, v.35, n.6, p.1305-1312, 2005.
GRIEBELER, N. P; PRUSKI, F. F; MARTINS JÚNIOR, D; SILVA, D. D. Avaliação de um modelo para a estimativa da lâmina máxima de escoamento superficial. R. Bras. Ci. Solo, v. 25, p. 411-417, 2001.
OLIVEIRA, N.T.; CASTRO, N. M. R.; GOLDENFUM, J. A. Influência da palha no balanço hídrico em lisímetros. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 15, p.93-103, 2010.