TÍTULO: Modelagem e simulação do processo de reforma a vapor para a obtenção do gás de síntese a partir do gás natural visando a aplicação na tecnologia Gas-to-Liquid (GTL)
AUTORES: Silva, V.G.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)  ; Farias, R.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)  ; Carvalho, F.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)
RESUMO:A utilização da tecnologia gas-to-liquids (GTL) vem se destacando em relação às 
outras tecnologias, uma vez que os combustíveis e produtos especiais feitos 
através dela são mais limpos que os mesmos produzidos a partir de refino do 
petróleo. Para plantas embarcadas o processo convencional GTL é inviável, por isto 
é necessário um estudo da intensificação do mesmo. Este trabalho visa a modelagem 
fenomenológica do processo de reforma a vapor em ambiente MATLAB, que será 
construída direcionada a fornecer subsídios para a possibilidade de intensificação 
do processo e aplicação em plantas embarcadas, que pode facilitar esse estudo, 
visto que o modelo descreveu bem o processo, fortemente controlado pela 
temperatura e de reação rápida. 
PALAVRAS CHAVES: Modelagem; MATLAB; Reforma a vapor
INTRODUÇÃO:O gás natural é um combustível encontrado em rochas porosas no subsolo (FRANCO, 
2009) e composto basicamente por hidrocarbonetos saturados. Ultimamente, muito 
se investigou o seu aprimoramento em produtos químicos mais valiosos, como o gás 
de síntese (monóxido de carbono e hidrogênio), matéria-prima para processos 
industriais como a produção de amônia, síntese de metanol e hidroformilação de 
olefinas (FURIMSKY, E., 1998).
O processo GTL (Gas To Liquid) consiste na conversão do gás natural a 
combustíveis líquidos de alta qualidade através de vários processos: obtenção do 
gás de síntese, produção de hidrocarbonetos de cadeia longa através da síntese 
de Fischer–Tropsch e hidrocraqueamento das frações mais pesadas resultantes. As 
razões para o estudo são: aumento na demanda de energia no mundo, os 
combustíveis obtidos são mais limpos (ARZAMENDI, 2009), enquanto que o metano, 
principal componente do gás natural, é considerado o terceiro gás que provoca 
efeito estufa e possui um potencial de aquecimento 60 vezes maior que o CO2 
(CICERONE et al,1988; DUXBURY et al.,1993; KHALIL et al,1995).
A reforma a vapor é o método industrial mais usado para a produção do hidrogênio 
e foi aprovada recentemente pela Petrobras para obtenção do gás de síntese para 
a tecnologia GTL, a partir do imenso volume de gás natural associado ao petróleo 
no Pré-Sal, para aplicação em plantas embarcadas (Diário do Comércio, Indústria 
e serviços apud GasNet, 2006).
O objetivo foi a modelagem fenomenológica do processo de reforma a vapor, desde 
as propriedades físico-químicas, termodinâmicas e cinéticas, às transferências 
de massa e energia. A pressão, temperatura e composição iniciais foram obtidas 
na literatura. A partir do modelo, foram realizadas simulações para estudar o 
processo e sua intensificação.
MATERIAL E MÉTODOS:Consideramos a reforma a vapor em catalisador de níquel suportado em alumina, na 
qual o gás natural e o vapor são alimentados acerca de 773.15 K e 3x106 Pa para 
os tubos paralelos de 12 m e tendo diâmetro interno de 0.1 m. (SPENCER, C.F.et. 
al, 1973). Por ser considerada uma reação rápida e de efeito térmico não 
desprezível, pode ser necessário distinguir entre condições no fluido e na 
superfície catalítica, portanto consideramos o uso de um modelo heterogêneo. 
Também se pode observar que o processo é fortemente controlado pela difusão, 
portanto o modelo utilizado foi o unidimensional, que considera que os 
gradientes de temperatura e concentração ocorrem somente na direção axial 
(FROMENT, G. F. et al, 1979).
Para o desenvolvimento dos estudos e execução dos programas construídos foi 
utilizado um computador com o software MATLAB (Matrix Laboratory) licenciado ao 
Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas.
Na modelagem deste processo, é necessária a determinação das propriedades como a 
viscosidade, capacidade calorífica, difusividade, coeficiente de calor global, 
densidade, etc. Para tanto, algumas fontes bibliográficas foram utilizadas, 
dentre elas a literatura, desde livros, publicações, como Reid et. al. (REID, 
1988), Felder et. al. (FELDER, 1986), ou alguns softwares como Aspen Plus 
(ASPENTECH, 2012), DIADEM (DIPPR, 2012) e outros.
A partir do estudo realizado, foram construídas rotinas em linguagem/ambiente 
MATLAB para as propriedades necessárias, respeitando as restrições e 
simplificações do modelo do processo de reforma a vapor. Essas rotinas foram 
incorporadas a um programa principal, implementados em ambiente MATLAB através 
do comando ode23s que, em geral, é a melhor função para problemas mais robustos 
envolvendo equações diferenciais (MATLAB, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:Os resultados para o cálculo das propriedades, obtidos a partir das rotinas 
computacionais, foram dispostos em uma tabela, onde a temperatura varia na faixa 
de operação do reator. Podemos perceber que a variação das propriedades não é 
muito significativa, no sentido de modificar os resultados da conversão de gás 
natural para gás de síntese. Isso justifica a grande maioria dos modelos sendo 
construídos utilizando as propriedades constantes.
Durante as avaliações cinéticas, consideramos a cinética de duas formas 
diferentes: uma considerando apenas a reação principal da reforma a vapor e 
outra considerando também outras duas associadas a ela, Water-Gas shift e a 
Metanação. Vimos que a consideração com as três reações mostra um rendimento 
muito maior de hidrogênio, ou seja, são importantes e não podem ser desprezadas 
no estudo do processo.
Para avaliação do efeito da temperatura, utilizamos a temperatura constante, 
perfis de temperatura e o balanço de energia e comprovamos que a temperatura 
influencia no processo, o que já era de se esperar, pois o processo é altamente 
endotérmico. Os valores de conversão do gás natural foram muito maiores para 
temperaturas maiores.
Observamos que é uma reação muito rápida, com altas taxas de reação no início do 
comprimento do reator e estabilizando ao longo do mesmo.
Comparamos os resultados obtidos com a literatura consultada e vimos que a 
temperatura varia ao longo do reator semelhantemente àquela observada por ALVES 
(2005) e também por Mazandarani e Ebrahim (2007), exceto que esse último, 
considerou a temperatura de entrada de 900 K, portanto opera em temperaturas 
mais elevadas, resultando no fato de que embora o comportamento da composição do 
fluido ao longo do reator tenha sido semelhante, as taxas de conversão foram 
maiores.
Tabela de Propriedades para a Reforma a Vapor

Dispõe, numa tabela, os resultados calculados pelas 
rotinas para as propriedades ao longo do reator no 
processo de reforma a vapor.
Frações molares dos componentes e temperatura ao longo do reator

Dispõe em quatro gráficos, variações de todos os 
componentes, dois isolados com o CH4 e com o H2 e um 
gráfico para a temperatura ao longo do reator.
CONCLUSÕES:Foi confirmado que reação é rápida e fortemente controlada pela temperatura.
As ferramentas computacionais para o cálculo de propriedades foram uteis, 
principalmente as propriedades cinéticas, pois ainda que não variem muito durante 
o processo, são necessárias ao cálculo e puderam ser acopladas ao programa 
principal.
O modelo conseguiu descrever o comportamento aproximado do fluido dentro de um 
reator de reforma a vapor, possibilitando o estudo do processo para diversos fins 
com eficiência e economia de tempo e dinheiro.
AGRADECIMENTOS: 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ALVES, S. C. 2005. Reforma a vapor do metano para produção de hidrogênio: estudo termodinâmico e protótipo de modelo matemático de reator com membrana, Uberlândia. 
AspenTech. Disponível em: <http://www.aspentech.com/>. Acessado em: 2 de Junho de 2012.
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COUTELIERIS, F.A.. 2003. J. Power Sources, p. 200,
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DUXBURY, J.M.; HARPER, L.A.; MOSIER, A.R.. 1993. Contribuitions of agroecosystems to global climate change. Wisconsin: American Society os Agronomy, p. 1-18. (ASA Special Publication, 55).
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REID, R. C..1988. The Properties of Gases & Liquids. McGraw-Hill International Editions.
	
SPENCER, C. F.; DAUBERT, T. E.; DANNER, R. P..1973. AIChE J.
