TÍTULO: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA Spirulina platensis SECA EM BANDEJA COM CONDIÇÕES CONTROLADAS DO AR
AUTORES: Costa, B.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)) ; Rocha, S.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)) ; Rodrigues, M.C.K. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)) ; Hansmann, P.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)) ; Pinto, L.A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG))
RESUMO:O objetivo deste trabalho foi estudar a secagem deSpirulina platensis em
camada delgada com condições controladas do ar e definir a melhor temperatura de
operação em relação aos compostos fenólicos totais das amostras desidratadas. A
microalga utilizada foi a Spirulina LEB-18 cedida pelo Laboratório de
Engenharia Bioquímica da FURG. As temperaturas do ar de secagem utilizadas foram
de 30, 40 e 50ºC. Considerando a menor perda dos compostos fenólicos, a condição
de operação que utilizou 50ºC foi a que melhor se adequou a secagem de
Spirulina platensis com condicionamento do ar.
PALAVRAS CHAVES: Fenóis; microalga; secagem
INTRODUÇÃO:A microalga Spirulina platensis é um alimento funcional conhecido
mundialmente, devido sua composição química, que apresenta elevada quantidade
de proteínas, aminoácidos essenciais, compostos fenólicos, tocoferol e pigmentos
como carotenóides, ficocianina e clorofila (TORRES-DURAN et al., 2007). É
extremamente perecível devido a seu elevado conteúdo de umidade (80-85%), e para
evitar perdas neste sentido, esta microalga deve ser desidratada ou processada
para a obtenção de diferentes produtos.
A secagem de alimentos é um processo que melhora a estabilidade do alimento,
diminui a atividade de água do material consideravelmente, reduz atividade
microbiológica e minimiza as mudanças físico-químicas durante seu armazenamento.
(ROY et al., 2007). Na secagem convectiva convencional de bandeja o uso de
temperaturas muito baixas de operação (<50°C) dificulta o processo, pois a
amostra não atinge a umidade comercial (<10%) tão facilmente, sendo necessário
um longo tempo de secagem, que irá diminuir a qualidade do produto desidratado
tornando-o não interessante produtivamente. Por esse motivo o uso da secagem em
camada delgada com condições controladas do ar se torna uma alternativa viável.
Nesta técnica é possível, em baixas temperaturas (<50°C), obter o gradiente de
pressão de vapor d’água entre o interior do sólido e a corrente do ar de
secagem, suficiente para exercer a força motriz responsável pela remoção de
umidade do produto. Este fato será responsável por minimizar alterações nas
propriedades química, físicas e funcionais do mesmo.
Este trabalho teve como objetivo estudar a secagem de Spirulina em camada
delgada com condições controladas do ar e definir a melhor temperatura de
operação em relação aos compostos fenólicos totais das amostras desidratadas.
MATERIAL E MÉTODOS:A microalga Spirulina LEB-18 foi cedida pelo Laboratório de Engenharia
Bioquímica da FURG e produzida na unidade piloto de Santa Vitória do Palmar
localizada no extremo sul do Brasil. A microalga foi cultivada segundo Moraes e
Costa, 2007, e durante o cultivo foi mantida em meio Zarrouk (ZARROUK, 1966). Ao
final do cultivo, a biomassa foi filtrada em peneira de 200 mesh.
Os ensaios de secagem foram realizados em secador de bandeja com escoamento
paralelo, desenvolvido e pistonado do ar ao atingir a bandeja com o material. As
temperaturas do ar de secagem utilizadas foram de 30, 40 e 50ºC. A umidade
absoluta dentro do secador, espessura da bandeja e velocidade do ar foram
mantidas constantes em 0,0021±0,0005 kg kg ar seco-1, 3 mm
e 2 m s-1, respectivamente. Todos os experimentos foram realizados em
duplicata.
Os ensaios de umidade foram determinados segundo AOAC, 1995. Os compostos
fenólicos totais presentes nas amostras foram determinados através de
espectrofotômetro (Quimis, modelo Q-108 DRM, Brasil) utilizando o reagente de
Folin-Ciocalteau, empregando-se uma curva padrão de ácido gálico, descrito por
Furlong et al., 2003.
As respostas encontradas foram comparadas estatisticamente utilizando o teste
Tukey a um nível de significância de 95% (p ≤ 005), utilizando o programa
Statistica 6.0 (StatSoft Inc., Tulsa, OK, USA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:A secagem foi caracterizada a partir da Figura 1.
Na Figura 1, pode-se observar a existência do período de taxa constante, nas
diferentes temperaturas utilizadas, o que é característico de alimentos com alto
teor de umidade, como é o caso da Spirulina, que apresentou um teor de
umidade de 83% (base úmida). O período de taxa decrescente iniciou-se após a
umidade crítica (XC) e representou 70, 73 e 81% do tempo total da
secagem para as temperaturas de 30°C (375 min), 40°C (290 min) e 50°C (255 min),
respectivamente. Isto mostra que a difusão é o mecanismo físico dominante
durante a secagem de Spirulina platensis.
A Figura 2 apresenta os valores dos compostos fenólicos da Spirulina
platensis in natura e desidratada.
Pode-se observar na Figura 2 que os todos os valores dos compostos fenólicos
apresentaram diferença significativa ao nível de 95% (p≤0,05). A diminuição da
temperatura de secagem teve um efeito importante sobre o conteúdo de compostos
fenólicos totais, levando a uma redução notável destes componentes, de,
aproximadamente, 73, 48 e 39% para as temperaturas de 30, 40 e 50°C,
respectivamente, com relação ao valor encontrado na amostra in natura. As
baixas temperaturas utilizadas nos experimentos, devido ao condicionamento do
ar, evitaram a degradação térmica dos compostos fenólicos relatados por outros
autores (MIRANDA et al., 2009; CHAN et al., 2009; PEDRESCHI et al., 2011). Logo,
essa diminuição dos compostos fenólicos durante a desidratação pode ser
atribuída a ligação dos polifenóis com outros compostos, como proteínas,
(MARTÍN-CABREJAS et al., 2009; QU et al., 2010), bem como ao longo tempo de
operação.
Figura 1
Curvas da taxa de secagem em função da umidade das
amostras de Spirulina platensis.
Figura 2
Gráfico de colunas para a resposta compostos
fenólicos: valor médio ± erro padrão (em
duplicata). Letras iguais (p>0,05). Letras
diferentes
CONCLUSÕES:A secagem de Spirulina platensis apresentou durante a operação os típicos períodos
de taxa constante e taxa decrescente. O experimento que apresentou um produto
desidratado com menor perda dos compostos fenólicos (39%) em relação à Spirulina
in natura (3032±41 µgEAG/g amostra seca) foi o que utilizou temperatura de 50ºC.
Assim, considerando os fatores estudos, esta é a condição de operação que melhor
se adequou a secagem de Spirulina platensis com condicionamento do ar.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Furg e a Capes pelo apoio financeiro.
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