TÍTULO: Estudo comparativo do gás natural como alternativa ao gás liquefeito de petróleo na indústria: o viés ambiental e a viabilidade econômica

AUTORES: Oliveira, F.R. (UFOP) ; Silveira, C.S. (UFOP) ; Morais, S.L. (IFAL)

RESUMO:Esse trabalho procura fornecer uma comparação entre o gás natural (GN) e o gás liquefeito de petróleo (GLP), como subsídio à tomada de decisão das indústrias da região de Belo Horizonte/MG frente à matriz energética para aquecimento e refrigeração. A região se encontra em expansão da malha de gás natural canalizado. A partir da análise das características químicas e ambientais e da análise do custo do GLP e GN industrial, foi possível elencar características vantajosas da adoção do GN diante de fatores como melhorias nos índices de emissão de gases poluentes, segurança na fábrica, manutenção de equipamentos e custo.

PALAVRAS CHAVES: Gas natural; GLP; Ecoeficiência

INTRODUÇÃO:A questão ambiental vem estimulando cada vez mais estudos sobre a adoção de fontes energéticas que causem menos impacto ao meio. Neste contexto, o gás natural (GN) surge como alternativa ao gás liquefeito de petróleo (GLP) no setor industrial. O GN é um combustível fóssil que pode ser encontrado no subsolo ou no fundo do mar, associado ou não ao petróleo. Sua origem é a decomposição de plantas e animais, resultado de um processo de milhões de anos (GASMIG, 2004). Já o GLP é um derivado do petróleo que consiste principalmente na mistura de propano - C3H8 e butano - C4H10, sendo gasosa à temperatura ambiente e tornando-se liquefeita com o aumento da pressão, para a estocagem e o transporte (BARCELOS, 2011). Ao considerarmos o cenário industrial e sua diversidade, torna-se de suma importância cada indústria analisar a especificidade das fontes energéticas, como custo e impacto. Deve ser incentivada a adoção de energias renováveis, porém, frente à carência de disponibilidade e a dimensão dos processos industriais, a decisão do uso de fontes não renováveis, como o GN e o GLP, necessita de embasamento. Como foco deste estudo, será considerada a cidade de Belo Horizonte/MG e sua região metropolitana, dentro da área de expansão da malha de gás natural canalizado da Companhia de Gás de Minas Gerais – Gasmig. Conforme apontado por Melo (2008), diante de um cenário mercadológico cada vez mais acirrado, percebe-se a relevância do conceito de ecoeficiência empresarial buscando uma adaptação à nova realidade. Assim, este trabalho objetiva a comparação entre o GN e o GLP no ponto de vista ambiental e econômico, na forma de uma análise, contribuindo para a tomada de decisão das indústrias frente à adoção ou troca da matriz energética voltada para o aquecimento e refrigeração.

MATERIAL E MÉTODOS:A metodologia desse trabalho consistiu em uma pesquisa bibliográfica e o contato direto com fornecedores de gás para a indústria, buscando contemplar os aspectos ambientais e econômicos. Em primeiro plano buscou-se na literatura as características do gás liquefeito de petróleo e do gás natural, elencando-se as variantes da adoção ou troca de matriz energética através de um comparativo. Ao considerar as empresas fornecedoras de gás, no que tange ao GN, considerou-se a distribuição na forma canalizada. Para o comparativo de preços restringiu-se às indústrias com uso interno referente a aquecimento e refrigeração, além da área de abrangência do estudo e a disponibilidade de tais fontes de energia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:Diante das informações levantadas, foi possível constatar benefícios da utilização do gás natural em aspectos como segurança, meio ambiente e custo. Considerando a segurança industrial interna, o GN, por apresentar densidade relativa em torno de 0,55, menor que o ar, facilita a dissipação em caso de vazamentos, o mesmo não ocorrendo com o GLP, com densidade de 1,77. Outro ponto relevante é que o GN é inflamável apenas a temperatura acima de 620ºC, reduzindo a possibilidade de acidente (CONPET, 20--). Quanto à emissão de poluentes na combustão, enquanto o GLP possui uma taxa máxima de enxofre de 0,36 g/m3, a concentração de enxofre no GN pode ser considerada nula, visto a pequena quantidade para odorizante (GARCIA, 2002). Além disso, a queima do GN produz menor taxa de dióxido de carbono (CO2), com 2,77 Kg de CO2 por Kg de GN, contra 3,02 Kg de CO2 por Kg de GLP (PITANGA, 1992). O CO2 é prejudicial por contribuir para o aquecimento global e o SO2 por ser um dos principais causadores da chuva ácida. Conforme GASMIG (2012), na conversão energética, 1 Kg de GLP equivale, a 1,26 m3 de GN. Segundo BRASIL (24/05/2012), o preço médio ponderado do GLP ao consumidor final em Minas Gerais é cerca de R$ 2,85/Kg. No levantamento de preço da GASMIG, nesta mesma data, o valor máximo do preço do gás natural industrial é R$1,76/m3, reduzindo de acordo com a quantidade contratada. Diante da conversão energética, para o valor de R$2,85/Kg de GLP, teríamos um valor correspondente máximo de R$2,22/Kg de GN, ou seja, uma economia mínima de 22%. Dentre os ganhos econômicos indiretos, temos que o GN não requer gastos de transporte e também pode aumentar a vida útil de equipamentos, como queimadores, por não liberar borra relacionada ao enxofre, como ocorre com o GLP (REVISTA GÁS BRASIL, 2005).

CONCLUSÕES:A adoção do GN, comparado GLP, pode trazer grandes vantagens para a indústria, tornando a linha de produção mais ecoeficiente. Podem ser destacadas melhorias nos índices de emissão de gases poluentes, segurança na fábrica, manutenção de equipamentos e custo. Salienta-se que, sempre que possível, deverá ser feita a opção por algum tipo de energia renovável. Contudo, considerando a disponibilidade da região de estudo e o porte dos processos produtivos indústrias, com alta demanda energética, este trabalho buscou dar embasamento para alternativas que causem menor impacto ao meio ambiente.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BARCELOS, B.R.; Análise da substituição de gás liquefeito de petróleo por gás natural em um condomínio residencial. Monografia – UFRS, Porto Alegre, dezembro/2011.

BRASIL. ATO N˚10 de 23 de maio de 2012. Preço médio ponderado a consumidor final (PMPF) de combustíveis. Diário Oficial da União, Brasil, DF, 24 de maio de 2012. Disponível em: <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=18&data=24/05/2012 > Acessado em: 26 de maio de 2012.

COMGAS- Companhia de Gás de São Paulo; Benefícios e vantagens do gás natural. São Paulo, 2009.

CONPET- Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural. Dicionário. Disponível em: <http://www.conpet.gov.br/dicionario/dicionario_a-f.php?segmento=estudantes > Acessado em: 29 de abril de 2012.

GARCIA, R. Combustíveis e combustão industrial. Rio de Janeiro: Editora
Interciência ltda., 2002.

GASMIG- Companhia de Gás de Minas Gerais; O gás natural em Minas Gerais; julho/ 2004.

GASMIG- Companhia de Gás de Minas Gerais; Tarifas. Disponível em: <http://www.gasmig.com.br/Tarifa/SimuleConta.aspx > acessado em: 28 de abril de 2012.

MELO, I. B.; MUSIELLO NETO, F. E.; Ativo empresarial versus passivo ambiental. In: CONVIBRA 08 – V Congresso Virtual Brasileiro de Administração, 2008.

PITANGA, R. F.; Combustão de Líquido e de Gases. São Bernardo do Campo. FEI, 1992

REVISTA GÁS BRASIL. Mercado em expansão- novos números do gás natural surpreendem o mercado com seu crescimento. n˚9, p. 22, 2005. Disponível em: < http://www.gasbrasil.com.br/revista/pdf/revista_9ed.pdf > acessado em: 1 de maio de 2012.