ÁREA: TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
TÍTULO: ESTUDO PRELIMINAR DA ATIVIDADE FOTOPROTETORA DA Solenostemon scutellarioides (L.) Codd
AUTORES: SILVA, T.D.M. (IFRJ)
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi estudar os constituintes químicos e avaliar o potencial fotoprotetor da espécie Solenostemon Scutellarioides L. Codd, família Lamiaceae. Para a condução da pesquisa experimental foram preparados extratos aquosos e metanólicos, acidificados, da folha fresca e seca. Para confirmar a presença de antocianinas foi realizada uma análise fitoquímica através de testes simples com cromatografia em papel e revelação com vapores de amônia. O Fator de Proteção Solar (FPS) foi determinado pelo método espectrofotométrico in vitro desenvolvido por Mansur (1986). Os espectros de absorção foram obtidos por varredura nos comprimentos de ondas de 200 a 600 nm. A espécie apresentou absorção na região UVA e UVB. Nas concentrações e condições padronizadas neste estudo a espécie tem grande potencial de utilização como filtro solar natural.
PALAVRAS CHAVES: fps - fator de proteção solar, uva - ultravioleta a, uvb - ultravioleta b
INTRODUÇÃO: As antocianinas são uma classe de flavonóides presentes na espécie Solenostemon scutellarioides (L.) Codd ( Sin. Coleus scutellarioides (L.) Benth; Coleus blumei Benth; Plectranthus scutellarioides (L.) R. Br. ), família Lamiacea. Também conhecida como coléus, coléus de Java ou coração magoado.
A família Lamiacea é uma importante família do ponto de vista terapêutico, já que nela encontramos muitas plantas referidas e citadas como medicinais em todo mundo. Essa família também é importante como fonte de espécies de grade valor no mercado, pois são usadas como condimentos, alimentos, bem como na indústria de perfumes e cosméticos (DI STASI, 2002).
As antocianinas são encontradas em diversas plantas e são responsáveis pela maioria das cores vermelha, rosa, roxa e azul observadas nos vegetais. Além de contribuir para a cor de flores e frutas, atuam como filtro solar natural por absorver radiação ultravioleta e na região do visível (VOLP, 2008). Devido à essa característica é possível quantificar as antocianinas por métodos espectrofotométricos em medições simples de absorbância em comprimentos de ondas adequados (TEIXEIRA, 2008).
Espécies de plantas com antocianinas não sofrem com variação de intensidade ou quantidade de incidência luminosa, pois são adaptadas à essa condição. Como os flavonóides ficam depositados, principalmente, em tecidos superficiais – como epiderme, subepiderme, pelos, cutícula e material epicuticular – são usados como filtro ultra violeta pela planta. E então, esses metabólitos absorvem e/ou dissipam a energia solar, protegendo as plantas da destruição solar, e também seus tecidos internos da radiação (LOPES, 2007).
MATERIAL E MÉTODOS: A espécie Solenostemon Scutellarioides (L.) Codd foi coletada e dela foi feita uma exsicata que encontra-se no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde foi catalogada e identificada pelo código: RB 500928.
O restante do material foi higienizado e dividido em 2 partes: uma parte foi rasurada logo após a coleta e outra foi colocada para secar ao ar livre, sem exposição ao sol, e depois de secas, as folhas foram rasuradas.
A extração bruta foi feita com base nas metodologias de BAILONI, BOBBIO e BOBBIO (1998) e por ROSA e colaboradores (2008) com modificações.
Frações de 25g das folhas (secas e frescas) foram submetidas a maceração com solventes diferentes. Tanto das folhas secas, como as frescas, foram maceradas por uma semana em 300 mL de solução de água ultrapura acidificada com 1% de ácido clorídrico e 300 mL de solução de metanol grau analítico acidificado com 1% de ácido clorídrico, separadamente. Durante a maceração as amostras foram mantidas sob refrigeração e ao abrigo de luz.
Os extratos foram filtrados com papel de filtro e, em seguida, concentrados em evaporador rotatório IKA HB 10 Basic. Para não ocorrer degradação da amostra, a temperatura foi mantida a 40º C durante todo o processo.
Para confirmação da presença de antocianinas foi realizada cromatografia de papel, conforme métodologia descrita por CUNHA (2009), usando como eluente uma mistura composta de ácido clorídrico, ácido metanóico e água.
As absorbâncias foram medidas em espectrofotômetro UV/VIS VARIAN CARY, usando cubeta retangular de quartzo 10 mm VARIAN CARY, efetuando-se uma varredura na faixa de comprimento de onda de 200 - 600 nm. Nas amostras aquosas foi utilizada água ultrapura como branco, e nas amostras metanólicas metanol grau analítico.
As leituras foram feitas em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na cromatografia em papel, usando como eluente HCl: HCOOH: H20 (30:27:43), foi detectada a presença de antocianinas apenas nos extratos feitos a partir da folha fresca. Sua presença foi revelada como componentes corados, laranja-vermelho que passaram a azul com vapores de amônia (Rf=0,8).
Sabendo que as antocianinas atuam como filtro das radiações ultravioletas nas folhas (MALACRIDA, 2006), foi escolhido para o cálculo de FPS in vitro o extrato aquoso da planta fresca pois além de conter antocianinas também apresentou maiores picos de absorção na região UVB. Então, através da equação de MANSUR (1986) calculamos, FPS espectrofotométrico = FC Somatório(320-290) EE(lâmbida). I(lâmbida). Abs(lâmbida)
FPS espectrofotométrico = 10 x 0,8895 = 8,895 ~ 9
Por ter sido inédito o estudo dessa espécie nesse tipo de avaliação espectrofotométrica não é possível se fazer comparações. No entanto, o valor de FPS calculado apresenta um valor satisfatório para uma análise preliminar. Como a concentração e composição exata das amostras não é conhecida, os valores trabalhados foram aproximados, inclusive o valor final de FPS.
CONCLUSÕES: Acredita-se que devido ao valor calculado de FPS in vitro, a planta estudada neste trabalho pode ser potencialmente empregada de forma isolada ou conjuntamente como ativo principal ou adjuvante de formulações de protetores solares em concentrações apropriadas.
No entanto, estudos complementares de toxicidade se fazem necessários para promover as devidas adequações aos critérios de fabricação de filtros solares.
Estudos como este são importantes, pois ajudam na seleção de espécies vegetais que apresentem um potencial fator de proteção solar.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ e ao IQ-UFRJ por cederem seus laboratórios para pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BAILONI, M.A. BOBBIO, P.A. BOBBIO, F. O. Preparação e estabilidade do extrato antociânico das folhas da Acalipha hispida Ciência e Tecnologia Alimentos Vol.18 no.1 Campinas [Periódico on line] Jan-Abr 1998 [Capturado em fevereiro de 2010] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-20611998000100005&script=sci_arttext
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MANSUR, J. S., BREDER, M. N. R., MANSUR, M. C. A., et al An. Bras. Dermatol 1986, 61, 167.
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