TÍTULO: ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO pH E DA ALCALINIDADE TOTAL NO TRATAMENTO AERÓBIO DE EFLUENTES OLEOSOS

AUTORES: QUEIROZ, M. B. (UEPB) ; DIAS, J. (UEPB) ; OLIVEIRA, M. J. (UEPB) ; BENTO, E. R. (UEPB) ; LOPES, W. S. (UEPB)

RESUMO: Um dos maiores problemas enfrentados pelo mundo industrializado hoje é solucionar o problema da contaminação ambiental e a identificação de tratamentos eficientes. Durante as últimas décadas, a possibilidade de utilização de lodo ativado com microorganismos específicos para o tratamento de águas residuárias tem sido amplamente discutida. Para a realização do trabalho experimental foi construído e instalado um reator aeróbio em escala de bancada. Em todo o período de monitoração do sistema experimental foram realizadas no material afluente e efluente do reator análises de pH e alcalinidade total. Pôde-se concluir que os valores de pH no material afluente e efluente do reator se mantiveram próximo da faixa ideal para tratamento biológico.



PALAVRAS CHAVES: efluentes oleosos, tratamento aeróbio e surfactantes

INTRODUÇÃO: A poluição das águas por óleos representa um percentual elevado nos problemas gerados por contaminantes orgânicos uma vez que os combustíveis fósseis, como o petróleo e seus subprodutos, são matéria prima para a geração de energia da maioria dos atuais processos industriais. Os óleos prejudicam a aeração e iluminação natural de cursos d’água, devido à formação de um filme insolúvel na superfície, produzindo efeitos nocivos na fauna e flora aquática (ROSA e RUBIO, 2003). O tratamento aeróbio de efluentes através de lodos ativados apresenta uma série de vantagens em relação a outros, destacando-se o fato de as bactérias aeróbias serem menos susceptíveis à inibição por diversas substâncias químicas; o curto tempo de adaptação do lodo ao resíduo de interesse; a não necessidade de pós-tratamento do efluente liquido. Os principais organismos envolvidos no tratamento dos esgotos são as bactérias, protozoários, fungos, algas e vermes. Destes, as bactérias são sem dúvida, os mais importantes na estabilização da matéria orgânica (VON SPERLING, 1997). Este trabalho teve como objetivos estudar o comportamento do pH e da alcalinidade total (AT) no processo de biodegradação aeróbia de efluentes oleosos.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização do trabalho experimental foi construído e instalado um reator aeróbio em escala de bancada. No reator foi instalada uma bomba de aeração que fornecia oxigênio constantemente. O substrato usado na alimentação do reator foi sintetizado com óleo lubrificante e esgoto, foi adicionado ácido sulfonico com a finalidade de facilitar a mistura e se obter um substrato mais homogêneo. Em função da adição do ácido sulfônico, o pH do substrato tornou-se impróprio para um tratamento biológico, assim, foi necessaria a correção do pH com hidróxido de sódio, para tornar neutro o pH do substrato. Antes da alimentação, foi adicionado ao reator 1 litro de inóculo proveniente de um sistema de lodo ativado que tratava esgoto doméstico, a finalidade de se adicionar este inóculo era fornecer os microorganismos necessários para a degradação dos constituintes orgânicos. Em todo o período de monitoração do sistema experimental foram realizadas no material afluente e efluente do reator análises de pH e alcalinidade total. Todos os procedimentos metodológicos foram realizados de acordo com os métodos preconizados por APHA (1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Ilustração 1 são apresentadas as tendências das evoluções temporais do pH no material afluente e efluente do reator. Observa-se que no material afluente do reator apresentaram variações de 6,90 a 7,87 unidades de pH, já no material efluente observou-se uma variação de 6,57 a 7,70 unidades de pH. O pH predominante do material contido no reator era praticamente o mesmo pH do esgoto bruto. Assim fica explicada a variação apresentada no pH nos materiais afluente e efluente do reator. Pode-se observar também que os valores de pH se mantiveram próximo da faixa ideal para tratamento biológico (6,5 – 7,5) durante todo o período de monitoramento do sistema experimental (METCALF e EDDY, 1992). Os perfis referentes à alcalinidade total encontram-se na Ilustração 2. Observa-se que a alcalinidade total no material afluente apresentou o valor médio de 528mg CaCO3.L-1, no material efluente a média foi de 445mg CaCO3.L-1. Haandel e Lettinga (1994) sugerem um valor para alcalinidade total em águas residuárias equivalente a 388mg CaCO3.L-1, os altos valores encontrados neste trabalho podem estar relacionados com a adição de óleo e surfactante na alimentação do reator, já o decréscimo na concentração da alcalinidade no material efluente, pode ter provocado a diminuição da capacidade de tamponação do meio, esta tamponação é o que garante a estabilidade do processo de biodegradação.



CONCLUSÕES: Com base nos resultados obtidos no presente, pôde-se concluir que os valores de pH no material afluente e efluente do reator se mantiveram próximo da faixa ideal para tratamento biológico durante todo o período de monitoramento do sistema experimental e que os altos valores encontrados para a alcalinidade total neste trabalho podem estar relacionados com a adição de óleo lubrificante e surfactante na alimentação do reator.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA, AWWA, WPCF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 19th edition. Public Health Association Inc., New York. 1995.
HAANDEL, A. C.; LETTINGA, G. Tratamento Anaeróbio de Esgotos: Um manual para regiões de clima quente. (1994) p200.
METCALF E EDDY. Wastewater engineering; treatment disposal reuse, 3th ed. New York, Mc Graw Hill (1992).
ROSA, J. J.; RUBIO, J. Desenvolvimento de um novo processo de tratamento de águas oleosas - Processo FF. In: XIX Prêmio Jovem Cientista - Água - Fonte da Vida, 2003.
VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Volume 4, Lodos Ativados. DESA - UFMG, 1997.