Determinação da carga de DBO e DQO na maior Estação de Tratamento de Esgoto do Estado do Rio de Janeiro (ETE Alegria)
Área
Gestão de resíduos sólidos
Autores
Alvernaz, R.N. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Rocha, R.T. (INEA) ; Simas, P.V. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Neto, D.D.C. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Ka, A. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Rouças, M.A. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Mello, M.C.S. (SEEDUC-RJ) ; Cunha, C.E.S.C.P. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA) ; Soares, R. (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA)
Resumo
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO) são parâmetros empregados usualmente para realizar a avaliação da qualidade da água em Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). A determinação da qualidade e da eficiência do esgoto que chega nas ETE, normalmente são avaliadas por meio da determinação da matéria orgânica. A análise de ambos os parâmetros é de extrema relevância, isso porque, ao comparar a DBO do esgoto bruto a do efluente final é possível averiguar se a matéria orgânica está sendo consumida e se o seu descarte não irá ocasionar nenhum desequilíbrio a biota e a realização da determinação da DQO é importante para caracterizar a efetividade do tratamento dos efluentes, ajudando a identificar e a diagnosticar possíveis problemas no tratamento realizado
Palavras chaves
Demanda Bioquímica de Oxi; Demanda Química de Oxigên; Esgoto Sanitário
Introdução
Existem diversos sistemas que proporcionam o tratamento de águas residuárias. As ETE são instalações que possuem este propósito (BUDEIZ et. al, 2020). Nestas instalações é realizado o monitoramento de múltiplos parâmetros de caracterização de efluentes (DEZOTTI, 2008; VON SPERLING, 2014). Estes parâmetros têm o seu descarte autorizado em corpos hídricos por meio tanto da legislação municipal, quanto pela legislação nacional (DEZOTTI, 2008; VON SPERLING, 2014; BRASIL, 2011; RIO DE JANEIRO 2021a,b). A DBO é principal parâmetro que expressa a concentração de matéria orgânica e preconizado em todas as legislações ambientais no país (MORAIS et al., 2019). Outro processo empregado é a DQO, o qual permite reportar a concentração de matéria orgânica biodegradável e não-biodegradável em até 3 h (DEZOTTI, 2008). De acordo com a CETESB (2021), a DQO é um parâmetro indispensável nos estudos de caracterização de esgotos sanitários, onde a mesma é extremamente útil quando utilizada em conjunto com a DBO para observar a biodegradabilidade dos despejos. A ETE Alegria, localizada no município do Rio de Janeiro, possui uma licença ambiental para realizar o tratamento diário de esgoto de até 2.500 L s-1 , beneficiando uma população de aproximadamente 1.500.000 de habitantes do município. Inaugurada em 2009, é a maior ETE do Estado do Rio de Janeiro e uma das maiores do Brasil (BIELSCHOWSKY, 2014; SOARES et. al, 2022). Partindo dessa premissa, entende-se que realizar a determinação na maior ETE do Estado do Rio de Janeiro é extremamente importante, porque nesta ETE é feito o tratamento de esgoto de grande parte da população da cidade do Rio de Janeiro. Diante disso, a presente pesquisa objetiva realizar a determinação DBO e da DQO da ETE Alegria no período de 2017 a 2022.
Material e métodos
A primeira etapa metodológica deste projeto de pesquisa foi análise dos Relatórios de acompanhamento de efluentes (RAE) que são emitidos mensalmente na plataforma PROCON ÁGUA do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) referente a ETE Alegria de janeiro de 2017 até dezembro de 2022 de acordo com os parâmetros exigidos pelo INEA na NOP 45 e pela Resolução CONAMA 430/2011 (BRASIL, 2011; RIO DE JANEIRO 2021a,b). Já a segunda etapa foi a realização de revisão bibliográfica com o fito de estabelecer um denso referencial teórico, direcionado para a busca de conceitos, legislações, normas, diretrizes e procedimentos, nacionais referentes a determinação da DBO e da DQO em ETE. A terceira etapa foi a localização das coordenadas geográficas da ETE Alegria e a realização do mapa através do software “ArcGis”. Por fim, foi realizada a quarta etapa que consiste na compilação dos dados obtidos e produção dos resultados obtidos por meio dos RAE por meio dos Softwares “Excel”.
Resultado e discussão
Foi possível observar que a maioria das amostras se encontram abaixo do valor
máximo permissível (VMP) preconizado pela legislação, porém pode-se verificar que
alguns valores de DQO e DBO se encontram acima da VMP aproximadamente 3% e
11% respectivamente Além disso, é possível verificar também que o ano de 2021
apresentou a maior média de DBO, cerca de 33,87 mgL -1 e em 2022 foi encontrada
menor média do período avaliado, aproximadamente 16,94 mgL -1 e também
aproximadamente 50% menor que o ano que apresentou a maior média (2021). Todos
os outros períodos analisados apresentaram valores entre 6,3 e 121,4 mgL -1 . Já em
relação a DQO, os valores obtidos variaram entre 12,5 e 317,95 mgL -1 . Levando em
consideração o valor obtido das médias anuais, foram encontrados os valores de
86,78 e 32,33 mgL -1 para 2019 e 2022 respectivamente, com uma diminuição de cerca
de 63% entre eles. Ainda assim, quando realiza-se a análise referente ao desvio
padrão relativo (DPR%) de toda a série histórica para ambos os parâmetros estudados
identificou-se uma de mais de 75%. É possível salientar que as menores médias tanto de DBO quanto de DQO
foram encontradas no período em que ocorreu pós pandemia de COVID-19 (2022).
Apesar da vazão de esgoto a ser tratado tenha se intensificado após o começo
da pandemia de COVID-19, não foram observados impactos negativos consideráveis
na capacidade da ETE Alegria em realizar o tratamento o parâmetro de DBO e DQO
de forma satisfatória. Em princípio, a ETE Alegria manteve uma eficiência técnica
adequada em reduzir, neutralizar ou eliminar o poluente presente no esgoto sanitário
produzido por volta de 10% da população do Estado do Rio de Janeiro e
consequentemente preservando as águas superficiais da Baía de Guanabara.
Conclusões
A maior estação de tratamento de esgotos do Estado do Rio de Janeiro, a ETE Alegria, apresentou valores de DBO e DQO abaixo do VMP preconizado na legislação vigente na maioria das amostras, além disso mostrou-se eficaz em realizar o tratamento de efluentes da cidade do Rio de Janeiro. A determinação da DBO e da DQO é extremamente importante, visto que ambos os parâmetros analisados indicam o consumo da matéria orgânica no efluente, além de verificar se o descarte não irá causar um desequilíbrio a biota aquática devido ao comprometimento dos níveis de oxigênio dissolvido.
Agradecimentos
Referências
BIELSCHOWSKY, M. C. Modelo de gerenciamento de lodo de Estação de Tratamento
de Esgotos: aplicação do caso da Bacia da Baía de Guanabara. 2014. Dissertação –
Escola Politécnica e Escola de Química, Programa de Engenharia Ambiental,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Brasil. Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011. Publicada no Diário Oficial
nº 92 em 16 de maio de 2011.
Budeiz, V.; Aguiar, A. Monitoramento e relacionamento dos parâmetros DQO e DBO5
em afluente e esgoto tratado das cidades de Itajubá e Pedralva, MG. Periódico Tchê
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