ÓLEO DE COZINHA USADO E SUSTENTABILIDADE: UM LEVANTAMENTO SOBRE O RESÍDIO GERADO PELA POPULAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JURUTI-PA




Área

Gestão de resíduos sólidos

Autores

Silva, M.F. (UFOPA) ; Amorim, V.L. (UFOPA) ; Silva, L.L.C. (UFOPA) ; Azevedi, C.D.P. (UFOPA) ; Silva, A.O. (UFOPA)

Resumo

Na presente pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo realizamos a coleta de dados em alguns bairros e comunidades do município de Juruti-PA objetivando avaliar o volume de óleo residual descartado pela população. O resultado aponta claramente que a maior parte dos entrevistados (55%) mesmo tendo conhecimento das consequências ao meio ambiente descartam de forma incorreta o óleo residual na pia da cozinha/solo. Através dos dados obtidos poderemos norteador ações de sustentabilidade a fim de conscientizar e minimizar os impactos ambientais.

Palavras chaves

Sustentabilidade; óleo de cozinha; Sabão

Introdução

Ao pensamos em sustentabilidade é importante saber quais ações estamos praticando para um desenvolvimento sustentável em nossa região ou comunidade. O conceito sobre sustentabilidade leva em conta a preservação das necessidades da presente geração sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades (LINHARES, 2010). Atualmente, a Sustentabilidade está baseada em três princípios, conhecidos como o "Tripé da
Sustentabilidade": sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade econômica A reciclagem do óleo de cozinha residual está enquadrado no conceito de desenvolvimento sustentável, pois há varias ações que permite o seu reuso. Para evitar que o óleo de cozinha usado seja lançado na rede de esgoto, cidades, instituições e pessoas de todo o mundo têm criado métodos para reciclar o produto. De acordo com Veloso e colaboradores (2012 apud BÁCOLI, NUNES, MILAN; 2018), após a descoberta de novos subprodutos, tais como sabão, resinas para tintas, detergentes, biodiesel, gerados mediante a reutilização do óleo de cozinha residual, impulsionou-se a coleta desse resíduo com o intuito de agregar valor nas dimensões do desenvolvimento sustentável. Considerando ainda, que conhecer a quantidade gerada de óleo residual é importante para que ações sejam colocadas em prática com a finalidade de minimizar impactos ambientais, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a quantidade (volume) de óleo residual descartado no município de Juruti-PA.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada em alguns bairros e comunidades do município de Juruti, localizado no extremo Oeste do Estado do Pará, na região do Baixo Amazonas. A pesquisa foi de caráter qualitativo e quantitativo, na qual utilizamos para a obtenção dos dados um questionário contendo 13 questões adaptadas de Bácoli; Nunes; Milan (2018), sendo de múltipla escolha, objetivas e/ou curtas abertas. Para Minayo (1997) a pesquisa qualitativa não se baseia no critério numérico para garantir sua representatividade. A amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões. Assim, foram aplicados 133 questionários (120 residência e 13 comércio) seguindo metodologia de Arkin e Colton (1963), onde o tamanho da amostragem requerida para uma finita população de um universo acima de 50.000 mil habitantes é de no mínimo 100 unidades com confiabilidade de 90% e uma margem de erro de ±10%. Os entrevistados foram convidados a participarem da pesquisa de forma voluntária, não sendo necessário sua identificação no questionário, sendo assim, respeitando sua privacidade.

Resultado e discussão

Os questionários foram aplicados no período de 23-29 de fevereiro de 2020. As três primeiras questões basearam-se no perfil dos entrevistados (Figura 01). O município de Juruti conta com uma proposta de modelo para o desenvolvimento local, denominada de “Juruti Sustentável”, o qual apresenta orientações – que incluem premissas e ações de intervenção (MONZONI et al., 2008), com isso, realizamos a seguinte pergunta (Q. 04): Você sabe o que é sustentabilidade? 49,6% responderam sim, e 50,4% não. 60% definiram sustentabilidade, como: “sustentabilidade é utilizar objetos e materiais que seriam jogados fora e dar uma nova utilidade”. Na questão 05, 31,6% afirmaram ter conhecimento de algum projeto de sustentabilidade realizado no munícipio e 68,4% desconhecem. Na questão 06, 70% dos entrevistados não souberam dar exemplos de ações sustentáveis, porém, os exemplos mais citados foram: Reciclagem e Reutilização de óleo de cozinha para fazer sabão. A figura 02 apresenta os resultados provenientes das questões 07, 08 e 09, onde averiguamos, quantos litros de óleo eram utilizados mensalmente; a reutilização do óleo no processo de fritura; e quantos litros de óleo eram descartados, respectivamente. Como resultado podemos destacar que 49% consomem de 1 a 3 L/mês; 36% reutilizam pelo menos uma vez o óleo; e 28% descartam de 2 a 3 L/mês. Ao consideramos os maiores índices de descarte (1L e 2-3L) temos um faixa de 134 a 201 L descartados por mês. Em relação ao destino do óleo (Q. 10), 55% descartam na pia da cozinha/solo. Esse resultado aponta claramente o descarte de forma incorreta do óleo, mesmo conhecendo suas consequências (Q. 11). Nas questões 12 e 13, 75% e 82% dos entrevistados doariam o óleo e usariam o sabão, respectivamente. Enquanto 25% e 18% foram contrários a doação e uso.

Conclusões

Com base nos resultados obtidos, a volume de óleo residual descartado no município de Juruti-PA é considerado alto, pois 50% dos entrevistados descartam entre 1 a 3 litros, totalizando uma faixa de 134 a 201 L ao mês. E ainda, mesmo sabendo das consequências de suas atitudes, 55% descartam o óleo residual na pia da cozinha ou solo. Os dados obtidos reforçam a necessidade de ações de conscientização da população para minimizar os impactos ambientais gerados.

Agradecimentos

Ao Comitê Gestor dos Programas Institucionais (CGPrits) da UFOPA. À PROPPIT

Referências

BÁCOLI, M. R. S.; NUNES, P. C. A.; MILAN, W. W. Óleo de cozinha residual: análise na cidade de Iturama/MG da destinação, impactos ambientais e viabilidade empresarial. Ver. Eletrônica Organ. Soc., v. 7, n. 8, 2018.

LINHARES, S. C.; A concepção de sustentabilidade e a necessidade de políticas públicas éticas como ferramentas para o desenvolvimento e a importância da responsabilidade social empresarial nesse contexto. Jus Gentium, n.8, 2010.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

MONZONI, M.; BIDERMAN, R.; FERRAZ, C.; PINTO, D. G. s. Juruti Sustentável: uma proposta de modelo para o desenvolvimento local (2008). Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/18488

PATROCINADORES

CRQ

APOIO