Análise fitoquímica preliminar qualitativa do extrato etanólico das frutas da pitanga (Eugenia uniflora L.), no Ceará.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Santos, I.R. (UECE) ; Silva, V.E.T. (UECE) ; Oliveira, J.V. (UECE) ; Benedito, P.D.F. (UECE) ; Aguiar, G.C. (UECE) ; Barbosa, S.I.C.G. (UECE) ; Montes, R.A. (UECE) ; Liberato, M.C.T.C. (UECE)


RESUMO

A pitanga (Eugenia uniflora) pertence à família Myrtaceae, é observada em boa parte do continente sulamericano, em especial no Brasil, onde suas frutas são consumidas e suas características e importância para a saúde se destacam. Para analisar as propriedades benéficas encontradas na planta em questão, foram coletadas frutas, que posteriormente foram convertidas em extrato etanólico. Foram testados para a detecção qualitativa de metabolitos secundários e apresentaram resultado positivo para taninos condensados, flavonas, flavonoides, saponinas e xantona, com ausência de alcaloides. Os resultados sugerem potencial nutritivo e farmacêutico da pitanga e recomendam estudos adicionais para caracterizar esses compostos.


Palavras Chaves

Pitanga; Frutos; Fitoquímicos

Introdução

A Eugenia. uniflora L é uma planta seletiva higrófita semidecídua e arbustiva que pode crescer até 8 metros de altura (BRUN e MOSSI, 2010). O fruto tem oito sulcos longitudinais e mede de 1,5 a 3 cm de diâmetro (SILVA, 2006). O florescimento e a produção de frutos da pitangueira são afetados pelas variações nas condições climáticas das diversas regiões de cultivo(LIRA et al., 2007). A pitanga pode crescer e se desenvolver bem em diferentes altitudes, mas o crescimento e desenvolvimento da espécie são ideais em climas tropicais quente e úmido. Além disso, a espécie se desenvolve bem quando há condições mínimas de umidade no solo (LIRA et al., 2007). O Ministério da Saúde incluiu a E. uniflora na Relação de Plantas de Interesse ao SUS - RENISUS (BRASIL, 2009), com o objetivo de produzir produtos de interesse ao SUS. Isso inspirou a pesquisa e desenvolvimento de produtos derivados e medicamentos fitoterápicos obtidos a partir da pitangueira. Os metabolitos secundários, também conhecidos como bioativos, são componentes químicos e bioquímicos que se fazem presente em grande diversidade dos frutos (VIZZOTTO, 2006). Desta forma esses componentes desempenham amplas atividades biológicas no organismo humano podendo trazer diversos benefícios para a saúde humana (HORST; LAJOLO, 2016). A partir disso o presente trabalho tem como objetivo analisar os aspectos fitoquímicos qualitativos presentes no extrato etanólico da fruta pitanga colhidas no estado do Ceará e avaliando a presença taninos e fenóis, flavonóis, flavonas, flavonóis e xantonas, saponinas e alcaloides com ênfase em uma correlação com os benefícios a saúde, segundo a metodologia de MATOS(1997).


Material e métodos

A coleta das frutas da pitanga foi realizada no município de Fortaleza, Ceará, Brasil, no mês de fevereiro de 2023. A fabricação do extrato em etanol das frutas, foi realizado a partir higienizadas, pesadas, triturada, peneirado e submetida ao processo de extração com etanol P.A por 8 dias, filtradas e a solução alcoólica foi reduzida na chapa aquecedora a 45ºC, por dois dias para gerar o Extrato Bruto(EB). Tal material foi usado para a prospecção preliminar fitoquímica da metodologia de Matos (1997). Foram selecionados os testes de taninos, fenóis, flavonóis, flavonas, flavonóis, xantonas, saponinas e alcaloides. Os resultados obtidos baseiam-se em reações qualitativas de mudança de coloração e formação de precipitados e de suas propriedades físico-químicas dos constituintes que a planta compõe (TEIXEIRA et al, 2016), no Laboratório de Bioquímica e Tecnologia (LABBIOTEC). A princípio separou-se os testes em 3 tubos de ensaio, que foram enumerados em ordem crescente e em seu interior foram adicionadas 2ml de amostras do extrato etanoico bruto. Em seguida submeteu-se os testes abaixo. Teste 1 -Taninos e fenóis: foi adicionado três gotas da solução alcoólica de FeCl3(10%). Teste 2 - Flavonóis, flavonas, flavonóis e xantonas: adicionou-se 0,5mL de HCl concentrado, em seguida adicionou-se um pequeno pedaço magnésio. Teste 3 - Saponinas: adicionou-se 2mL de água destilada, posteriormente o material foi agitado por 2 minutos, com vigor. Teste 4– Alcaloides: adicionou-se 1,0mL de 0,1 M de HCl, em seguida adicionou-se 3 gotas de reagente Dragendorff.


Resultado e discussão

A partir dos estudos fitoquímico do EB, foram identificadas através dos resultados das reações qualitativas de coloração e precipitação, baseando-se nas propriedades físico-químicas dos metabolitos secundários analisados. Teste 1:É desejável o resultado positivo, em fenóis, que a coloração fique azulada ou avermelhada. Já para taninos hidrolisáveis ocorreria a formação de precipitado escuro e para taninos condensado geraria um precipitado verde. O resultado obtido, foi positivo apenas para taninos condensados. Segundo LIMA,R.A.(2016) os taninos condensados também foram encontrados nos frutos do extrato etanólico de E. uniflora ocorrem em uma ampla variedade de vegetais. Teste 2:Para determinação de flavonóis, flanonas e xantonas, esperava-se a mudança de cor para avermelhado para o resultado positivo. Tal resultado foi promissor, pois já forem identificados os bioativos como compostos fenólicos, flavonóides(SIMÕES et al.,2004), quercetina, xantina, quercitrina (SCHMEDA- HIRSCHMANN et al.,1987). Teste 3:Esperava-se encontrar a formação de uma espuma persistente indicando. Este metabólito secundário apresentou positivo para ambas as estruturas botânicas. O resultado é um incomum pode ser justificado, pela coleta realizadas em diferentes períodos e pelas condições do ambiente em que a planta está inserida em diferentes estações do ano(LIMA, R. A.,2016). Teste 4, determinação de alcaloides ocorre na formação de um precipitado flosculoso. Para esse teste o resultado foi negativo, pois não ocorreu nenhuma alteração ao final da análise. Nota-se em alguns trabalhos científicos a ausência de alcaloides na família Myrtaceae(LIMA, R. A., 2016), colaborando com os resultados obtidos como o levantamento de SOARES, E. C. L.(2011), em função da sua ausência ou baixa concentração.

Conclusões

Os resultados obtidos notaram-se que o extrato dos frutos da pitanga analisados apresentava potencial nutritivo e farmacêutico interessante, considerando os testes in-vitro apresentaram resultado positivos para taninos condensados, flavonas, flavonoides, saponinas e xantona, as análises foram realizadas na Universidade Estadual do Ceará (UECE), proveniente da bolsa de PIBIC/CNPq. Recomenda-se estudos mais aprofundados para caracterizar os compostos detectados.


Agradecimentos

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo investimento da bolsa, ao Laboratório de Bioquímica e Tecnologia.


Referências

BRASIL, MS - Ministério da Saúde. Relação de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS. Brasília, 2009.
BRUN, G. R.; MOSSI, A. J. Caracterização química e atividade antimicrobiana do óleo volátil de pitanga (Eugenia uniflora L.), Perspectiva, v. 34, n. 127, p. 135-142, 2010.
HORST, M. A.; CRUZ, A. de C.; LAJOLO, F. M. Biodisponibilidade de compostos bioativos de alimentos. Biodisponibilidade de Nutrientes. Tradução. Barueri: Manole, 2016.
LIMA, R. A.; SILVA, A. C. Identification class of secondary metabolites in ethanolic extract of fruits and leaves of Eugenia uniflora L. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 381–388, 2016. DOI: 10.5902/2236117019537. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reget/article/view/19537. Acesso em: 21 oct. 2022.
LIRA JÚNIOR, J. S.; BEZERRA, J. E. F.; LEDERMAN, I. E.; SILVA JUNIOR, J. F. Pitangueira. 1. ed. Recife: Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA, v. 1, 87 p., 2007.
MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 2ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, GUILLERMO, et al. "Preliminary pharmacological studies on Eugenia uniflora leaves: xanthine oxidase inhibitory activity." Journal of ethnopharmacology 21.2 (1987): 183-186.
SILVA, S. M. Pitanga. Revista Brasileira de Fruticultura [online], v. 28, n. 1, 2006
SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da Planta ao Medicamento. 5.ed. Editora da UFSC: Santa Catarina, 2004.
SOARES, E. C. L. Isolamento de endofíticos de Eugenia uniflora L. (Pitanga) e avaliação da bioatividade. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2011.Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3371>. Acesso em: 11 set. 2023.
TEIXEIRA et al. Avaliação fitoquímica qualitativa de extratos da folha e caule da spondias purpúrea l. (seriguela) – um estudo preliminar. Anais I CONIDIS. Campina Grande: Realize Editora, 2016.
VIZZOTTO, M. Fitoquímicos em pitanga (Eugenia uniflora L.): seu potencial na prevenção e combate à doenças. III Simpósio nacional do morango e II Encontro sobre pequenas frutas e frutas nativas do Mercosul. Pelotas, Rio Grande do Sul: EMBRAPA, p. 29-34, 2006

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