CONCENTRAÇÃO DE FLAVONOIDES, FENOLICOS E TANINOS DAS FOLHAS E RAIZES DA ESPÉCIE MEDICINAL ALFAVACA DE COBRA (Parietaria officinalis.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Barbosa, J.V.P. (IFPE) ; Júnior, V.S. (IFPE) ; Silva, I.R. (IFPE) ; Morais, B.A. (IFPE) ; Silva, P.C.A. (IFPE) ; da Silva Filho, S.F. (IFPE) ; Mello, M.R.F.M. (IFPE) ; Silva, G.B. (IFPE) ; Sena, A.R. (IFPE) ; Leite, T.C.C. (IFPE)


RESUMO

Neste trabalho foi realizado o doseamento de classes de metabólitos especiais e estes foram comparados a partir de duas partes da planta: a folha e a raiz. A espécie alfavaca de cobra (P. officinalis) foi selecionada a partir de levantamento etnobotânico em assentamento localizado em um município da zona da mata-sul de Pernambuco. Os doseamentos foram realizados a partir de métodos espectroscópicos. Comparando o teor de flavonoides dos extratos obtidos pode-se inferir que as folhas apresentaram maior concentração de flavonoides nos 2 extratos testados. Com relação aos fenólicos a raiz apresentou maior teor no extrato acetato de etila, contudo no extrato metanólico a folha se destacou. Por último no doseamento de taninos a raiz apresentou maior teor em ambos os extratos.


Palavras Chaves

metabólitos especiais; doseamento; alfavaca de cobra

Introdução

Desde os tempos antigos, os indivíduos descobriram que certas plantas possuem propriedades únicas, e por isso puderam ser utilizadas no tratamento de diversas doenças e condições de saúde. As plantas medicinais contêm compostos bioativos, como alcaloides, flavonoides, taninos e terpenos, que tem propriedades medicinais. Esses compostos podem ter ação anti-inflamatória, antibacteriana, antioxidante, analgésica, e diversos outros efeitos benéficos para a saúde (SOUZA; SOUSA, 2018). A família de plantas Urticaceae é diversificada e inclui variadas espécies com características únicas. Suas plantas são reconhecíveis por suas folhas recortadas e textura áspera, muitas vezes com tricomas urticantes que causam dermatite quando tocados. Além da tradicional urtiga, esta família também inclui espécies relevantes como o rami, que possui fibras com elevado valor econômico além da seringueira que teve importância histórica no Brasil, na produção de látex. Além disso algumas espécies são utilizadas medicinalmente na prática tradicional e devido também à sua distribuição mundial, desempenham um papel importante nos ecossistemas. Parietaria officinalis é uma espécie botânica pertencente à família Urticaceae. Essa planta herbácea é reconhecida por suas folhas em formato de coração e flores pequenas de tons discretos. Encontrada em regiões de clima temperado e subtropical. Também conhecida como urtiga branca, mesmo não possuindo tricomas urticantes característicos de outras espécies da família. Na medicina tradicional, várias partes da planta têm sido usadas para preparar infusões e tônicos que podem ter propriedades diuréticas e calmantes.


Material e métodos

2.1 Seleção da espécie de estudo Em estudo prévio o grupo de pesquisa de plantas medicinais do IFPE fez um levantamento etnobotânico com 25 famílias de agricultores familiares residentes no assentamento Amaragi, Rio Formoso - PE. Foram identificadas 74 espécies de plantas medicinais oriundas de 22 famílias botânicas. A identificação da espécie botânica foi realizada no INPA e uma exsicata da espécie foi depositada no herbário dele. 2.2 Material vegetal e obtenção dos extratos As folhas e raízes de p. officinalis foram secas por 4 dias, moídas em moinho de facas e extraídas por soxhlet em 3 dias. Um dia para cada solvente, foram empregados os solventes hexano, acetato de etila (AcOEt) e metanol (MeOH). 2.3 Doseamento de flavonoides totais Esta análise foi realizada segundo Barroso et al. (2011). Em um tubo de ensaio adicionou-se 1mL de extrato (10 µg/mL), 4 mL de água destilada e 300 µL de NaNO2 (25 %). Após 5 minutos foram adicionados 300 µL de AlCl3 (10 %), após 1 minuto adicionou-se 2 mL de NaOH (1 mol/L) e 2,4 mL de água destilada e então foi efetuada a leitura a 510 nm. 2.4 Doseamento de fenólicos totais Esta análise foi realizada segundo Silva et al (2006). Em um tubo de ensaio adicionou-se 0,2 mL do extrato (1,0 mg/mL), 500 µL de Folin-Ciocalteu 10 % v/v), 1 mL de Na2CO3 (7,5 % p/v) e 10 mL de água e após repouso de 30 min as leituras foram efetuadas a 760 nm. 2.5 Doseamento de Taninos totais. O ensaio foi realizado segundo Shad et al. (2012). Em um tubo de ensaio adiciona-se 500 μL do extrato e 2,5 mL de Folin-Ciocalteu (10 %). Após agitação por 3 minutos adiciona-se 2 mL de Na2CO3 (20 %). Posteriormente ao repouso de 2 horas as leituras foram efetuadas a 725 nm.


Resultado e discussão

3.1 Doseamentos 3.1.1 DOSEAMENTO DE FLAVONOIDES No doseamento de flavonoides das folhas e raízes pode-se inferir que os extratos acetato de etila (AcOEt), para as partes supracitadas, apresentaram concentrações semelhantes de acordo com o nível de significância avaliado: 205,5 e 249,3 (eq.mgRutina/g ext.), respectivamente. Já no extrato metanólico a folha apresentou concentração maior (114, 7 eq.mgRU/g ext.) quando comparada com a raiz (14,7 eq.mgRU/g ext.), uma provável explicação seria que flavonoides são utilizados nas folhas como agentes fotoprotetores, logo sua concentração nesse lugar da planta seria maior em razão dessa função. 3.1.2 DOSEAMENTO DE FENÓLICOS No doseamento de fenólicos verificou-se que o extrato acetato de etila (AcOEt) da raiz (347 eq.mgAc.Gálico/g ext.) apresentou concentração estatisticamente superior quando comparada à folha (277 eq.mgAc.Gálico/g ext). Ao contrário, o extrato metanólico da raiz (138 eq.mgAc.Gálico/g ext) apresentou menor concentração em comparação às folhas (167 eq.mgAc.Gálico/g ext). Como os fenólicos referem-se a uma grande quantidade de classes com atividades distintas é difícil discutir essa diferença. 3.1.3 DOSEAMENTO DE TANINOS No doseamento de taninos pode-se inferir que tanto no extrato acetato de etila (AcOEt) a raiz (97,7 eq.mgAc.Tânico/g ext) apresentou maior concentração comparando com a folha (71,9 eq.mgAc.Tânico/g ext). No extrato metanólico essa característica se fez presente uma vez que a raiz (123,1 eq.mgAc.Tânico/g ext) apresentou concentração superior em comparação com as folhas (52,0 eq.mgAc.Tânico/g ext). Isto pode ser devido à função da raiz de armazenar nutrientes e como os taninos presentes na família tendem a ser taninos hidrolisáveis, seu anabolismo produz energia para a planta.

Conclusões

A partir do exposto anteriormente pode-se inferir que as atividades populares associadas a espécie medicinal Parietaria officinalis fazem jus em utilizar as raízes e folhas uma vez que ambas as partes são ricas em polifenóis. Na literatura já há relatos de abundância de flavonoides e taninos nessa espécie e que foi comprovado neste trabalho com elevado teor de flavonoides na folha e já na raiz elevado teor de taninos.


Agradecimentos

Ao IFPE campus Barreiros pela estrutura e ao CNPQ pelas bolsas.


Referências

ALMEIDA, Maria Zélia. Plantas medicinais. Salvador, BA: EDUFBA, 3. ed., p. 221-255, 2011.

BARROSO, M. et al. Flavored waters: influence of ingredients on antioxidant capacity and terpenoid profile by HS-SPME/ GC-MS. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 59, p. 5062-5072, 2011.

CHAGAS, E.C.O. O gênero Miconia ruiz & pav. (Melastomataceae) na floresta atlântica do nordeste oriental. 2012. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

CLAUSING, G.; RENNER, S. S. Molecular phylogenetics of Melastomataceae and Memecylaceae: implications for character evolution. American Journal of Botanic, v. 88, n. 3, p. 486-498, 2001.

CRUZ, A. V. M.; KAPLAN, M. A. C. Estudo Comparativo do Perfil Químico e do Uso Popular de Espécies das Famílias Myrtaceae e Melastomataceae. Revista Floresta e Ambiente, v. 11, n. 1, p. 4752, 2004.

HO, K. L. et al. Peperomia pellucida (L.) Kunth e doenças oculares: uma revisão sobre fitoquímica,farmacologia e toxicologia. Revista de Medicina Integrativa, v. 4, pág. 292-304, 2022.

SIANI, A.C. Desenvolvimento tecnológico de fitoterápicos: plataforma metodológica. Rio de Janeiro: Scriptorio, 2003. 97p.

SILVA, T. M. S. et al. Chemical composition and free radical scavenging activity of pollen loads from stingless bee Melipona subnitida Ducke. Journal of Food Composition and Analysis, v. 19, n. 6-7, p. 507-511, 2006.

SOUZA, J. A.; SOUSA, Z. L. Estudo da atividade biológica do extrato etanólico da Peperomia pellucida (L.) Kunth. Revista Cereus, v. 10, n. 4, p. 147-159, 2009.

WATERMAN, P. G.; MOLE, S. Analysis of phenolic plant metabolites. Blackwell Scientific Publications, Oxford, pp. 66-103, 1994.








PATROCINADORES

CFQ PERKINELMER ACMA LABS BLUCHER SEBRAE CRQ XV CAMISETA FEITA DE PET LUCK RECEPTIVO

APOIO

UFRN UFERSA IFRN PPGQ IQ-UFRN Governo do Estado do Rio Grande do Norte Natal Convention Bureau Nexa RN