Quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais das sementes da espécie vegetal Euterpe oleracea Mart.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Chaves, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Macedo, M.C.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Santos, J.G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Khan, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Fernandes, R.M.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)


RESUMO

O açaí (Euterpe oleracea) é uma palmeira nativa do estuário da floresta Amazônia, popularmente utilizado pelas comunidades ribeirinhas e pelas agroindústrias para a produção de polpas. Essa palmeira é constituída de algumas variedades botânicas que se diferem pelo tamanho, características da palmeira e coloração dos frutos. Dentre essas variedades, destacam-se o açaí-roxo e o açaí-branco, que se diferem principalmente pela coloração dos frutos e das polpas. O objetivo do estudo foi quantificar compostos fenólicos e flavonoides totais. Obteve-se resultados de 59,47 ± 1,06 mg EAG/g de extrato para fenóis totais e 5,72 ± 0,12 mg EQ/g de extrato para flavonoides totais.


Palavras Chaves

Euterpe oleracea Mart; fenóis; flavonoides

Introdução

As plantas são importantes fontes de compostos naturais com propriedades antioxidantes e, por meio dos estudos fitoquímicos, é possível sugerir ou indicar as substâncias detentoras desta atividade. Em geral, a seleção da planta é feita pela indicação de uso na medicina popular, pois tal fato direciona na busca e identificação de substâncias ativas, além das informações botânicas e químico-taxonômicas que também são de grande relevância (Cechinel Filho; Yunes, 1998). O açaí (Euterpe oleracea) é uma palmeira nativa do estuário da floresta Amazônia, popularmente utilizado pelas comunidades ribeirinhas e pelas agroindústrias para a produção de polpas. Essa palmeira é constituída de algumas variedades botânicas que se diferem pelo tamanho, características da palmeira e coloração dos frutos. Dentre essas variedades, destacam-se o açaí-roxo e o açaí- branco, que se diferem principalmente pela coloração dos frutos e das polpas. O açaí-branco apresentar coloração creme quando maduro, originando polpa creme/esverdeada, diferentemente do açaí-roxo. A polpa de açaí-roxo apresenta alto valor energético, devido ao seu elevado teor de lipídios dos quais se caracterizam pela presença dos ácidos graxos oléico, palmítico, linoléico e alfa-linolênico. Também se destaca pelos teores de minerais como cálcio, potássio e magnésio; e pelos altos teores de compostos fenólicos como antocianinas, flavonóis e ácidos fenólicos, que promovem a elevada capacidade antioxidante do açaí-roxo (Schauss et al., 2006). A Euterpe oleracea Mart. é constituída botanicamente de duas variedades de açaí (açaí- roxo/açaí-comum e açaí-branco/açaí-verde/açaí-tinga) que ocorrem naturalmente em seus habitats (Costa; Oliveira; Moura, 2001; Neri-Numa et al., 2018). Os flavonóides são compostos fenólicos, presentes no metabolismo secundário das plantas, atuando como fitoquímico responsável pela proteção natural contra radiação ultravioleta, agressões de insetos e patógenos (Marzzoco e Torres, 2007). Segundo Lopes et al. (2000), os flavonoides apresentam inúmeras propriedades farmacológicas o que os permite atuar beneficamente sobre os sistemas biológicos. Notáveis por suas ações biológicas, os flavonóides, são encontrados em frutas, vegetais, sementes, cascas de árvores, raízes, talos, flores e em seus produtos de preparação, como por exemplo chás e vinhos (Nijvedt et al., 2001). No entanto, a sua distribuição nos diferentes vegetais depende de fatores que variam de acordo com o filo, a ordem e a família, além da variação das espécies (Machado et al., 2008). Dentre as milhares de estruturas fenólicas atualmente conhecidas, que vão desde simples moléculas a moléculas altamente polimerizadas, destacam-se os flavonóides e os ácidos fenólicos, que são os antioxidantes fenólicos naturais mais comuns (Madhava et al., 1995)( Scalbert e WilIlamson, 2000). O fruto da Euterpe oleracea Mart., popularmente conhecido como açaí é um dos frutos que apresentam quantidades significativas de compostos fenólicos, atividade antioxidante e compostos fitoquímicos, por conta disso o fruto vem sendo alvo de pesquisas internacionais (Bernaud e Funchal, 2011). Por isso o objetivo do trabalho foi quantificar compostos fenólicos e flavonóides no extrato bruto da Euterpe oleracea MART.


Material e métodos

O material vegetal da Euterpe oleracea MART escolhido foi a semente do fruto coletado no mês de dezembro de 2022 no bairro vila Isabel cafeteira, na cidade de São Luís -MA; foi seco à temperatura ambiente por 10 dias e triturado. O extrato foi pesado e preparado por maceração com solução etanoica (70 %) à temperatura ambiente por 10 dias. Após a maceração, o extrato foi filtrado. O extrato hidroalcóolico bruto foi concentrado a um terço do volume inicial. Esse material foi submetido ao fracionamento de partição líquido-líquido, por extração sequencial com solventes de polaridade crescente: hexano, diclorometano e acetato de etila. As frações obtidas, inclusive a hidroalcóolica remanescente, foram avaliadas por meio da triagem fotoquímica. O rendimento do extrato foi calculado pela expressão: Rendimento (%) = (massa do extrato/massa do material vegetal) x 100. A determinação do teor de fenóis totais no material vegetal hidroalcóolico presente na amostra de extrato etanoico foi feita por meio de espectroscopia na região do visível utilizando o método de folin–ciocalteu com modificações. Foi dissolvido 100mg de extrato bruto em metanol, logo em seguida foi transferido para o balão volumétrico de 100ml e seu volume final foi completado com metanol. Uma fração de 0,25mL desta última solução foi agitada com 2,75mL do reagente folin-ciocalteu, ficou em repouso por 5 minutos; foi adicionado 2,75ml de Na2CO3 a 10 % na mistura e agitada por mais 10s. Após as amostras descansarem por 1h, a absorbância foi medida a 765nm utilizando-se cubetas de vidro, tendo como “branco” o metanol e todos os reagentes exceto o extrato. O teor de fenóis foi determinado por interpolação da absorbância das amostras contra a curva de calibração construída com padrões de ácido gálico (12,5 a 125 ug/ml) e expressos como mg EAG (equivalentes de ácido gálico) por g de extrato. Todas as análises foram realizadas em quintuplicata. A determinação dos teores de flavonoides totais foi realizada, em que alíquotas de 1mL em quintuplicata de cada amostra do extrato hidroalcóolico, foi adicionada 1mL de solução de Cloreto de alumínio 2,5% (AlCl3 ) agitou-se por 10s e reservou por 30mim. Realizou-se a leitura em espectrofotômetro a 429nm. O conteúdo de flavonoides totais foi determinado usando uma curva padrão de quercetina nas concentrações de (2,5 a 25 ug/ml). A partir da equação da reta obtida na curva do gráfico do padrão, realiza-se o cálculo do teor de flavonoides totais, sendo os resultados expressos em mg de quercetina por g de extrato.


Resultado e discussão

O estudo foi realizado na Universidade Estadual do Maranhão com objetivo de quantificar os compostos fenólicos e flavonoides totais presentes no extrato bruto, antes da quantificação dos teores foi feito uma triagem fitoquímica um método clássico usando como base a metodologia de Mattos 2009, onde foi detectado a presença de fenóis totais após o aparecimento de uma coloração azul no extrato bruto e foi detectada a presença de flavonoides após a presença da coloração avermelhada. Essa triagem é importante para guiar os futuros passos do estudo, como o teste fitoquímico foi positivo ele da um norte para dar continuidade a quantificação, onde é utilizado a espectroscopia que um método instrumental. O teor de compostos fenólicos foi feito por espectroscopia na região do visível em um cumprimento de onda de 765nm em cubetas de vidro. Na literatura diversos ensaios têm sido empregados para a quantificação e padronização de extratos vegetais, dentre os quais o método de Folin-Ciocalteu é comumente aplicado para a triagem de compostos fenólicos totais (Sousa et al., 2007). Essa é a técnica mais utilizada atualmente pois mede a capacidade dos fenóis em reagir com o reagente Folin-Ciocalteu e formar complexo azul que pode ser quantificado por espectroscopia (Macedo. M.C.S 2023). A quantificação de fenóis totais do caroço do açaí foi determinada em relação a curva de calibração de ácido gálico, obteve-se o teor de 59,47 ± 1, 06 mg EAG/g , apresentando um Cv= 1,78%. A quantificação de flavonoides totais foi determinada em relaçãoa curva de quercetina, obteve-se o teor de 5,72± 0,12 mg EQ/g de extrato, apresentando um Cv= 2,03%. Os compostos fenólicos são estruturas químicas que apresentam hidroxilas e anéis aromáticos, nas formas simples ou de polímeros, que os confere o poder antioxidante. Amostra Fenóis totais mg (EAG/g) Flavonoides mg (EQ/g) Semente 59,47 ± 1,06 5,72 ± 0,12 Destacam-se os flavonóides, os ácidos fenólicos, os taninos e os tocoferóis como os antioxidantes fenólicos mais comuns de fonte natural (Angelo & Jorge, 2007). Vale lembrar que a quantificação e compostos fenólicos não é proporcional a quantificação de antioxidantes, ou seja, mesmo apresentando um baixo teor de fenóis pode ser que apresente um grande potencial antioxidante em estudos futuros.

Tabela 1: Quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais.



Conclusões

O presente estudo do material vegetal Euterpe oleracea MART proporcionou uma gama de conhecimentos referente ao potencial do caroço desse fruto, os objetivos da pesquisa foram alcançados. Em suma, o trabalho contribuiu para avanços de novas pesquisas como a avaliação da atividade antioxidante da Euterpe oleracea MAR pois apresentaram resultados positivos tanto no fitoquímico como na quantificação dos compostos.


Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, a minha orientadora Dr. Raquel Fernandes, ao meu grupo de pesquisa e a Universidade Estadual do maranhão.


Referências

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