ÁREA
Química de Produtos Naturais
Autores
Santos, I.R. (UECE) ; Silva, V.E.T. (UECE) ; Oliveira, J.V. (UECE) ; Aguiar, G.C. (UECE) ; Vasconcelos, (UFC) ; Benedito, P.D.F. (UECE) ; Alves, G.M. (UECE) ; Liberato, M.C.T.C. (UECE)
RESUMO
A pitanga (Eugenia uniflora L.) pertence à família Myrtaceae, nativa do Brasil, distribuída do nordeste ao sul, e muito utilizada na fitoterapia e na farmacologia. Considerando que seus benefícios estão relacionados à composição fitoquímica dos metabólitos secundários, este trabalho teve como objetivo quantificar o teor de fenóis totais e flavonóides totais em um extrato etanólico à base de folhas secas da planta através da técnica de colorimétrica por meio de espectroscopia da região do visível. Os resultados obtidos in vitro mostram um potencial antioxidante interessante, pelos seus valores elevados teor fenóis totais e confirmados pelo teor flavonoides totais. Recomenda-se que o material vegetal seja mais bem estudado para melhor compreender o seu potencial comercial e biossegurança.
Palavras Chaves
Pitanga; Fenóis; Flavonoides
Introdução
O Brasil se destaca mundialmente pela enorme biodiversidade de flora e fauna, pelo uso sustentável desses recursos naturais, o que proporciona condições essenciais para o seu uso social e farmacêutico (VIZZOTTO, 2006). Dentre os diversos usos, os extratos vegetais possuem uso terapêutico para controle e prevenção de doenças. A Eugenia uniflora L. faz parte da família Myrtaceae, que inclui mais de 3.600 espécies em 100 gêneros e consiste em árvores e arbustos esverdeados o ano todo (TYLER, 1996). A Pitanga apresenta de alto valor nutritivo e biológico, incluiu vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos, que se destacam pela natureza antioxidante, que é fator de proteção contra diversas patologias degenerativas (STÉFANI; DA SILVA, 2021). Os metabólitos secundários presentes nas folhas da Pitangueira são fenóis da família dos flavonóides como a miricitrina, a quercetina e sua quercetina, triterpenos, sesquiterpenos e taninos hidrolisáveis (VIZZOTTO, 2006). Segundo SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., (1987) o extrato alcoólico das folhas, é a parte que apresenta uma considerável concentração de flavonóides. A atividade terapêutica desta folha é considerada eficaz no tratamento de doenças como febre, gastrite, hipertensão, obesidade (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 1987). Devido ao grande potencial fitoterápico da Eugenia uniflora, comumente conhecida como pitanga, o objetivo deste estudo foi caracterizá-la a partir da quantificação de fenólicos totais e flavonóides totais em extratos etanólicos de folhas secas.
Material e métodos
A coleta das folhas da pitanga foi realizada no município de Fortaleza, Ceará, Brasil, no mês de fevereiro de 2023. O preparo do Extrato das Folhas Secas da Pitanga(EFSP) e a realização dos dois testes foram realizados no Laboratório de Bioquímica e Tecnologia(LABBIOTEC) e no Laboratório de Química de Produtos Naturais(LQPN) respectivamente. O 1° testes, de Teor de Fenóis Totais(TFT) foi baseada no método Folin-Ciocalteu(Sousa et al.,2007). Foram pesados 7,5mg do EFSP, ao qual foi diluída e transferida para um balão volumétrico 25mL e com metanol, completou até o menisco. Logo em seguida, coletou-se uma alíquota desta solução, de 100µL, misturou-se com 500µL de solução de Folin-Ciocalteu, agitou- se a solução por 30 segundos, em um balão volumétrico de 10mL, em seguida acrescentou-se 6mL de água destilada e 2mL de uma solução Na2CO3. Agitou-se novamente a solução por cerca de 1 minuto e tarou-se o balão com água destilada, tal processo foi realizado em triplicata. Após 2 horas de descanso das amostras, abrigadas da luz, foram determinadas as absorbâncias das amostras em 750nm, em espectrofotômetro UV-Vis. Já a análise do Teor dos Flavonóides Totais(TFlaT), foi preparado utilizando a metodologia Funari e Ferro(2006) adaptada, ao qual consiste em um teste colorimétrico por meio de espectroscopia na região do UV- Vis. Para isso foram pesados 20mg do EFSP, diluída, transferida para um balão volumétrico 10mL e completou-se com etanol até o menisco. Depois misturou-se uma alíquota desta solução de 2mL, com 1mL de solução de AlCl3 a 2,5% em um balão volumétrico de 25mL, tarou-se com etanol, tal processo foi realizado em triplicata. Após meia hora de descanso das amostras, abrigado da luz, as absorbâncias foram obtidas no comprimento de onda de 425nm, em espectrofotômetro UV-Vis.
Resultado e discussão
As análises dos EFSP apresentaram valores aceitáveis e promissores. O TFT foi
determinado por interpolação da absorbância das amostras contra uma curva padrão
de calibração construída com a determinada de absorbâncias de ácido gálico (0 a
4 µg/mL) e expressos como mg de Equivalentes de Ácido Gálico (EAG) por grama de
extrato e seu desvio padrão. A equação da curva de calibração da quercetina
construída a partir da seguinte equação: y = 0,127x - 0,011; com R2=0,995.
(LOPES, F., 2019). O teor de fenóis totais foi de 206,32 ± 0,14mg EAG/g de
Extrato, tal valor se mostra promissor, pois o teor de fenóis totais maiores que
100 μgmL-1, já é considerado um valor aceitável em extratos vegetais (ACHKAR et
al., 2013).
O TFlaT foi determinado por interpolação da absorbância das amostras contra uma
curva padrão de calibração construída com a determinada de absorbâncias da
quercetina (0 a 14 µg/mL) e expressos como mg de Equivalentes de Quercetina (EQ)
por grama de extrato. A equação da curva de calibração da quercetina construída
a partir da seguinte equação: y = 0,067x - 0,011; com R2=0,999 (Lopes, F.,
2019). O TFlaT foi 29,92 ±0,26mg EQ/g de Extrato, considerando que os
flavonoides constituem a maior classe de compostos fenólicos vegetais existentes
(Simões, C. M. O. et al., 2004) e que novas alternativas terapêuticas podem ser
provenientes desses metabolitos (COUTINHO; MUZITANO; COSTA, 2009).
Fonte: autor.
Conclusões
Considerando os resultados deste trabalho notou-se que o extrato das folhas secas da pitanga analisado apresenta potencial farmacêutico interessante, considerando os testes in vitro preliminares realizados na Universidade Estadual do Ceará (UECE), proveniente da bolsa de PIBIC/CNPq. Novos estudos são recomendados para uma melhor comprovação de sua eficácia farmacológica, além da caracterização dos compostos detectados.
Agradecimentos
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo investimento da bolsa, ao Laboratório de Bioquímica e Tecnologia; ao Laboratório de Química de Produtos Naturais.
Referências
ACHKAR, M. T. ; NOVAES, G. M. ; SILVA, DIAS J. M. ; VILEGAS, W. Propriedade antioxidante de compostos fenólicos: importância na dieta e na conservação de alimentos. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 11, p. 398-406, ago. 2013.
COUTINHO, M. A. S.; MUZITANO, M. F.; COSTA, S. S. Flavonoids: Potential therapeutic agents for the inflammatory process. Revista Virtual de Química, v. 1, n. 3, p. 241–256, 26 jun. 2009.
FUNARI, C. S.; FERRO, V. O. Análise de própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, [s.l.], v. 26, n. 1, p.171-178, mar. 2006.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, GUILLERMO, et al. "Preliminary pharmacological studies on Eugenia uniflora leaves: xanthine oxidase inhibitory activity." Journal of ethnopharmacology 21.2 (1987): 183-186.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R.; Farmacognosia - da Planta ao Medicamento, 5ª ed., Editora da UFSC: Santa Catarina, 2004.
SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA JUNIOR., G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVAALCANTI, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, p.351-355, abr. 2007.
STÉFANI, K.; DA SILVA, M. Universidade Federal De Santa Maria Campus Palmeira Das Missões Departamento De Alimentos E Nutrição Curso De Nutrição Compostos Presentes Na Pitanga (Eugenia Uniflora L.) E Sua Ação Na Prevenção Do Câncer Palmeira das Missões, RS 2021. [s.l: s.n.].
TYLER, V.E. Phytomedicines: back to the future. J. Nat. Prod., 62:1589-1592, 1999.
VIZZOTTO, M. Fitoquímicos em pitanga (Eugenia uniflora L.): seu potencial na prevenção e combate à doenças. III Simpósio nacional do morango e II Encontro sobre pequenas frutas e frutas nativas do Mercosul. Pelotas, Rio Grande do Sul: EMBRAPA, p. 29-34, 2006.