ANÁLISE DO PERFIL QUÍMICO, E AVALIAÇÃO DA TOXIDADE DO ÓLEO ESSENCIAL DE Stemodia maritima UTILIZANDO O Danio rerio (Zebrafish) ADULTO.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Vale, J.P.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Andrade, M.D.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Almeida, A.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Santos, H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Costa, S.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Soares, T.H.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Vale, J.M.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Costa, C.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Sousa, N.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ)


RESUMO

Espécies do gênero Stemodia tem sido utilizada na medicina popular no tratamento de várias doenças como Stemodia Marítima Linn. O Zebrafish, ( Danio rerio ) é um Teleósteo de pequeno porte (3 a 5 cm) de água doce, e que apresenta uma alta conservação da função gênica, contendo entre 70 a 80% de genes homólogos aos humanos. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o perfil químico e a toxicidade aguda do óleo essencial da Stemodia marítima utilizando zebrafish adulto. A composição química do óleo foi obtida por espectrometria de massas (CG-EM) e os resultados, apresentaram 12 compostos químicos. Os zebrafish receberam óleo por via intraperitonial (4, 20 e 40 mg/kg p.c.) em DMSO 3%. Análises estatísticas, mostraram que a DL50 é maior que 40 mg/kg p.c.) indicando baixa toxidade.


Palavras Chaves

Óleo essencial; Toxidade; Danio rerio

Introdução

O uso de plantas com fins terapêuticos é uma tradição milenar presente nas culturas de várias nações constituindo ainda hoje, um recurso alternativo de grande aceitação, não somente nas pequenas comunidades rurais mas, sobretudo nos centros urbanos (BRAZ-FILHO, 2010). Cerca de 80% da população de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento são dependentes da medicina caseira, utilizando plantas para curar suas necessidades básicas de saúde (VORIS, et al., 2017). O estemodano, isolado da stemódia maritima vem atraindo interesse pelo fato de apresentar uma pequena semelhança como a aphidicolina, conhecido agente citotóxico e antiviral isolado de cultura de fungo Cephalosporium aphidicola, (RODRIGUES, 2010; MOURÃO, 2021). Assim pretendeu-se, analisar a composição química e toxidade aguda do óleo essencial de Stemodia maritma em zebrafish adulto (Danio rerio). O termo óleo essencial é utilizado para designar líquidos oleosos voláteis dotados de forte aroma, extraídos principalmente de plantas por arraste com vapor d’água. Seus constituintes variam desde hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas além de outros compostos (JERÕNIMO, et al., 2021). O zebrafish atingiu alta popularidade como um modelo de pesquisa pelas suas características favoráveis baseadas em propriedades únicas, tais como alta fecundidade, pequeno tamanho, rápido desenvolvimento, utilização em estudos de distúrbios cerebrais, como depressão, mal de Parkinson, autismo e principalmente pela alta similaridade, cerca de (70%) do sistema nervoso do zebrafish com o do ser humano (SOUZA et al., 2023). Além de outras tantas vantagens de sua morfologia e fisiologia semelhantes aos humanos.


Material e métodos

As partes aéreas (folhas e galhos ) da planta Stemodia Marítima L. (Figura 1) foram coletadas durante o estágio de floração em outubro de 2022, próximo da universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, mais precisamente no ponto de coordenadas geográficas, (-3°.67’.57”,41) Latitude Sul e (-40°33’82”,10) Longitude Weste, na cidade de Sobral-CE. A exsicata da espécie foi depositado no Herbário Francisco José de Abreu Matos da UVA, sob tombo nº 26.169. O óleo essencial foi obtido através de Hidrodestilação em um aparelho Clevenger modificado. A composição química dos óleos essenciais, foi realizada através de cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) ) e cromatografia em fase gasosa acoplada ao detector de ionização em chama (CG- DIC). Os zebrafish ZFa (n=6/grupo) foram tratados, via intraperitoneal (i.p.), com 20 μL do óleo nas doses (4, 20 e 40 mg/kg c.p.) e veículo (DMSO 3%). Após tratamentos, cada grupo de animais foi acondicionado separado, permanecendo em observação durante 96 horas (SOUZA et al., 2023). Os dados obtidos com o número de ZFa mortos, foram submetidos à análise estatística para estimar a concentração suficiente para matar 50% dos peixes (DL50 ). Os ensaios foram realizados de acordo com as diretrizes 423 e 407 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Resultado e discussão

Os resultados das análises por cromatografia em fase acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) permitiram a identificação e quantificação de 12 compostos organizados por ordem de eluição da coluna DB-5 correspondendo a 95,02% da composição química do óleo, tendo como principais constituintes β-Caryophyllene (51,16%), Caryophyllene oxide ( 10,55%) e δ-2-Carene (9,65%) e α-Pinene (9.24%). A tabela 1 apresenta os compostos identificados. A toxidade do óleo foi avaliada após, 96 horas de análises dos grupos de Zebrafish utilizados, tratados via intraperitonIal (i.p.), com 20 μL do óleo nas doses (4, 20 e 40 mg/kg c.p.) e veículo (DMSO 3%). Após tratamentos, cada grupo de animais separado, permaneceU em observação. Um grupo de animais sem tratamento (Naive) foi considerado. Contatou-se que a dose letal é superior a 40 mg/kg p.c. Diante dos dados de que o β -Caryophylene, foi o componente majoritário na amostra utilizada, a literatura reporta que o β-Cariophylene pode ser considerado um composto com toxicidade em doses superiores a 2.000 mg/kg de peso corporal em ratos (OLIVEIRA, et, al., 2018). E que a administração intragástrica, de β- Cariophylene (200 mg/kg de peso corporal) durante 45 dias diminuiu significativamente a glicose e aumentou os níveis de insulina em ratos diabéticos, além de evitar o estresse oxidativo/inflamatório no tecido pancreático de ratos diabéticos (BASHA, SANKARANARAYANAN, 2016). Neste contexto, há um indicativo de que o óleo essencial de Stemódia marítima tem potencial de utilização para amenizar possíveis patologias.

Tabela 1. Constituintes Químicos do Óleo Essencial de Stemódia marítim

Fonte: O Autor

Conclusões

A composição química do óleo encontrada corrobora com a reportada na literatura. Em relação a toxidade o estudo indica que o óleo essencial de Stemódia maritima, possui uma baixa toxidade quando comparado com doses utilizadas em estudos anteriores. Entretanto, estudos mais criteriosos deverão ser realizados para constatar outras atividades biológicas procedentes deste vegetal.


Agradecimentos

FUNCAPE (Edital Nº 02/2022 PRPPG -UVA e EMBRAPA Agroidústria Tropical (Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais-LMQPN). A professora Tigressa Helena Soares Rodrigues pelas análises de CG/MS e CG/DIC.


Referências

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RODRIGUES, F. E. A.; LIMA, J. Q.; OLIVEIRA, M. C. F.; VASCONCELOS, J. N.; SANTIAGO, G. M. P.; MAFEZOLI, J.; BRAZ-FILHO, R.; ARRIAGA, A. M. C. Diterpene and other constituents from Stemodia maritima (Scrophulariaceae). J. Braz. Chem. Soc., v. 21, n. 8, p. 1581-1586, 2010.

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VORIS, D.G.D.R.; C.H. AFONSO, C.A.; ALMEIDA FILHO, C.O.; FERNANDES, D.Q.; BRITO,; MORAES, C.S.; AVELAR, K.E. Estudos etnofarmacolÓgicos de Óleos essenciais com atividade larvicida contra o mosquito Aedes aegypt, Semioses, 11, 86-94 2017.

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