AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO EXTRATO METANÓLICO DA MACROALGA VERDE CAULERPA LENTILLIFERA

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Queiroz, L.P.O. (UFERSA) ; Leite, R.H.L. (UFERSA) ; Aroucha, E.M.M. (UFERSA) ; Martins, M.L. (UFERSA) ; Souza, R.L.S. (UFERSA) ; Almeida, J.G.L. (UFERSA) ; Ferreira, R.S. (UFERSA) ; Nunes, R.I. (UFERSA) ; Sousa, M.I.S. (UFERSA) ; Silva, W.A.O. (UFERSA)


RESUMO

As macroalgas têm ganhado importância na busca por antioxidantes naturais para aplicações medicinais e alimentícias. Objetiva-se nesse trabalho avaliar o potencial antioxidante da macroalga verde Caulerpa lentillifera coletada na praia de Barreiras (Icapuí-CE) em cinco concentrações (1 mg/mL – 5 mg/mL), a partir do método baseado na eliminação do radical livre estável 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH). Os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste F para verificar significância estatística (p ⊆ 0,05, IC 95%). A Caulerpa lentillifera apresentou potencial inibitório moderado (55,49±0,38%) na concentração de 5 mg/mL e IC50 de 2,20±0,05 mg/mL.


Palavras Chaves

Caulerpa lentillifera; Antioxidante; Economia circular

Introdução

As algas marinhas têm sido utilizadas como alimento para os humanos há séculos, e o mercado global atual é avaliado em mais de US$ 6 bilhões por ano, com um volume anual de aproximadamente 12 milhões de toneladas em 2018 (FERDOUSE et al., 2018). As macroalgas marinhas são classificadas em três grupos, Chlorophyta (macroalgas verdes), Rhodophyta (macroalgas vermelhas) e Ochrophyta (macroalgas marrons) se diferenciando através da sua pigmentação. Sua variedade no ambiente marinho é estimada em 1.800 macroalgas verdes diferentes, 6.200 macroalgas vermelhas e 1.800 macroalgas marrons (ZHONG et al., 2020). As macroalgas verdes, especificamente, têm tido aplicações diversas, a Ulva lactuta, por exemplo, é utilizada em sopas e saldas, ela possui potentes efeitos biológicos, como atividades antibacterianas, antioxidantes e antivirais (MANI; CHAKRABORTY; PANANGHAT, 2021). A macroalga verde Caulerpa lentillifera, conhecida popularmente como uvas do mar, devida a sua aparência, é encontrada facilmente na costa brasileira. Ela vem ganhando notoriedade como alimento terapêutico devido ao seu valor nutricional e benefícios farmacológicos (LEANDRO et al., 2020), funções de seus metabólicos no tratamento contra o câncer (MEHRA et al., 2019) e aplicações biotecnológicas (CHEN et al., 2019). Apesar das pesquisas terem avançado, os relatos ainda são limitados sobre o potencial antioxidante dessas espécies localizadas na região semiárida brasileira. Mediante a lacuna científica, o presente estudo tem como objetivo avaliar o potencial antioxidante a partir do método baseado na eliminação do radical livre estável 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH) da macroalga verde Caulerpa lentillifera coletada na praia de Barreiras (Icapuí-CE).


Material e métodos

As macroalgas verdes Caulerpa lentillifera foram coletadas na praia de Barreiras (Latitude: -4.67471 Longitude: -37.40155), localizada no município de Icapuí-CE. A identificação foi realizada através do Manual de Identificação das Macroalgas Marinhas (SORIANO; CARNEIRO; SORIANO, 2008). Foi realizado uma limpeza prévia do material coletado, seguido de sanitização em água clorada (25 ppm) e secagem em estufa com circulação e renovação de ar (Modelo TE-394/2 Marca: Tecnal) a 45 °C por 24 h. As algas secas foram reduzidas a pó, em moinho de facas (Tipo Willey SL-31, Marca: SOLAB) e submetidas a peneiramento (Mesh 48). A capacidade de sequestrar o radical livre DPPH foi analisada de acordo com o procedimento descrito por (MANI; CHAKRABORTY; PANANGHAT, 2021), com pequenas modificações. As amostras foram preparadas com concentração variando de 1 a 5 mg/mL. As amostras (2 mL) são misturadas com 0,16 mM de DPPH em MeOH (2 mL), agitadas em vórtex e mantida sob ausência de luz por 30 min. Após esse tempo, a absorbância foi medida em 517 nm usando um espectrofotômetro UV-VIS (Modelo EVO600PC-THERMO). Este procedimento foi realizado em triplicada. A atividade de inibição DPPH (%) é calculada a partir da razão da diferença entre as absorbâncias do controle e amostra pela absorbância do controle, sendo o resultado multiplicado por 100 para obter valores percentuais. A concentração do extrato que produz metade do efeito máximo (IC50), também foi usada para expressar a capacidade de eliminação de radicais das amostras. O ácido ascórbico foi utilizado como controle positivo. Os resultados foram analisados utilizando o software Statistica® 13 (TIBCO Software Inc., USA). Foram realizados análise de variância (ANOVA) e teste F para verificar significância estatística (p ⊆ 0,05, IC 95%).


Resultado e discussão

Os resultados obtidos indicam que existe diferença significativa (p ⊆ 0,05, IC 95%) no potencial inibitório entre as concentrações trabalhadas (1-5 mg/mL). A Fig. 1 ilustra o maior potencial inibitório (55,49±0,38%) na concentração de 5 mg/mL. O IC50 calculado a partir da curva de regressão linear e equação da reta foi de 2,20±0,05. O controle positivo (ácido ascórbico), teve seu potencial inibitório variando de 93,81±0,19 a 99,37±0,09%. Em 5 mg/mL, a macroalga verde Caulerpa lentillifera apresentou 55,84±0,42% da capacidade antioxidante do ácido ascórbico. Yap et al. (2019) relataram IC50 para a Caulerpa lentillifera em extrato com clorofórmio (2,20±0,10 mg/mL), metanol (9,74±0,59 mg/mL) e água (81,55±4,22 mg/mL), o extrato com clorofórmio apresentou IC50 idêntico ao do presente trabalho, ao contrário do extrato metanólico. Srinorasing et al. (2021), relataram IC50 de 3,55±0,53 mg/mL do extrato lipídico da Caulerpa lentillifera coletada na Tailândia. Tian et al. (2021), apresentaram resultados de potencial inibitório entre 20,6±2,0% e 89,7±1,7%, variando as concentrações (2 mg/mL a 10 mg/mL) do extrato etanólico da Caulerpa lentillifera. Apesar dos trabalhos citados usarem a mesma macroalga, estes resultados estão intrinsecamente relacionados ao local de coleta, grau de crescimento da alga, época de coleta, temperatura da água, salinidade da água e outros fatores ecológicos (SYAKILLA et al., 2022). Os resultados encontrados referente ao extrato metanólico da Caulerpa lentillifera encontrada na costa branca brasileira são promissores no que se diz respeito ao uso do recurso biológico para transformação em um produto ou seu uso como substância bioativa.

Figura 1. Potencial de inibição do radical livre DPPH do extrato bruto

Diferentes letras após as barras no gráfico \r\nsão significativamente diferentes (p\\ \\ 0,05) por \r\nANOVA com teste de Tukey.

Conclusões

Constata-se, portanto, mediante os resultados obtidos e discussões realizadas, que a atividade antioxidante do extrato metanólico da macroalga verde Caulerpa lentillifera, coletada na praia de Barreiras (Icapuí-CE), se mostrou moderada para as concentrações estudadas. Novas pesquisas precisam ser realizadas para encontrar a concentração do extrato com maior atividade antioxidante e posterior análise de seus metabólicos secundários para avaliação e aplicação na área alimentícia.


Agradecimentos

Os autores agradecem ao Laboratório de Pós-Colheita/UFERSA.


Referências

CHEN, X. et al. Advances in cultivation, wastewater treatment application, bioactive components of Caulerpa lentillifera and their biotechnological applications. PeerJ, v. 7, p. e6118, 8 jan. 2019.
FERDOUSE, F. et al. The global status of seaweed production, trade and utilization. Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2018.
LEANDRO, A. et al. Seaweed’s Bioactive Candidate Compounds to Food Industry and Global Food Security. Life, v. 10, n. 8, p. 140, 6 ago. 2020.
MANI, A. E.; CHAKRABORTY, K.; PANANGHAT, V. Comparative Phytochemical and Pharmacological Properties of Commonly Available Tropical Green Seaweeds. Journal of Aquatic Food Product Technology, v. 30, n. 8, p. 988–1001, 14 set. 2021.
MEHRA, R. et al. Marine macroalga Caulerpa: role of its metabolites in modulating cancer signaling. Molecular Biology Reports, v. 46, n. 3, p. 3545–3555, 12 jun. 2019.
SORIANO, E. M.; CARNEIRO, M. A. DO A.; SORIANO, J.-P. Manual de identificação das macroalgas marinhas do litoral do Rio Grande do Norte. 1. ed. Natal: 2008, 2008.
SRINORASING, T. et al. Lipid Extracts from Caulerpa lentillifera Waste: An Alternative Product in a Circular Economy. Sustainability, v. 13, n. 8, p. 4491, 17 abr. 2021.
SYAKILLA, N. et al. A Review on Nutrients, Phytochemicals, and Health Benefits of Green Seaweed, Caulerpa lentillifera. Foods, v. 11, n. 18, p. 2832, 13 set. 2022.
TIAN, H. et al. Polysaccharide from Caulerpa lentillifera : extraction optimization with response surface methodology, structure and antioxidant activities. Natural Product Research, v. 35, n. 20, p. 3417–3425, 18 out. 2021.
YAP, W.-F. et al. Decoding Antioxidant and Antibacterial Potentials of Malaysian Green Seaweeds: Caulerpa racemosa and Caulerpa lentillifera. Antibiotics, v. 8, n. 3, p. 152, 17 set. 2019.
ZHONG, B. et al. LC-ESI-QTOF-MS/MS Characterization of Seaweed Phenolics and Their Antioxidant Potential. Marine Drugs, v. 18, n. 6, p. 331, 24 jun. 2020.

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