PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO EXTRATO VEGETATIVO DAS FOLHAS DA ESPÉCIE VEGETAL Talinum fruticosum

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Caldas, M.V.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Macedo, M.C.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Ferreira, T.Y.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Silva, A.N.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Khan, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Fernandes, R.M.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)


RESUMO

O estudo analisou extrato vegetativo das folhas de Talinum fruticosum em busca de metabólitos secundários com potencial biológico e terapêutico. Fenóis, esteróides, taninos e saponinas foram identificados, possuindo propriedades farmacológicas. A escolha da planta baseou-se em sua distribuição e conteúdo de compostos bioativos. Focando nas folhas ricas em metabólitos, o estudo encontrou diversas classes de substâncias, como fenóis, com ações variadas, promovendo aplicações médicas e nutracêuticas promissoras. A pesquisa enfatiza o valor das substâncias, apontando seus metabólitos e suas funções, ampliando a compreensão das propriedades medicinais da planta e ressaltando a importância contínua da pesquisa na saúde.


Palavras Chaves

Metabólitos secundários; Atividades biológicas; Potencial terapêutico

Introdução

A prospecção de recursos naturais tem sido uma prática intrinsecamente ligada à evolução do conhecimento humano. No âmbito da botânica, a busca por compostos bioativos com potencial terapêutico e industrial tem levado à exploração de uma infinidade de espécies vegetais (MATOS, 2009). Uma dessas espécies que tem despertado crescente interesse é a Talinum fruticosum, também conhecida como "Maria Gorda". A prospecção do extrato vegetal dessa espécie tem se revelado uma área de pesquisa complexa e promissora, com implicações profundas para a ciência, a indústria e a medicina. A Talinum fruticosum, integrante da família Portulacaceae, é uma planta herbácea que possui um conjunto distintivo de características botânicas. Suas folhas suculentas e flores delicadas a distinguem em ambientes naturais, facilitando sua identificação. Distribuída em regiões tropicais e subtropicais globalmente, essa planta tem um longo histórico de uso na medicina tradicional (MADEIRA et al., 2022). A pesquisa na área de prospecção do extrato vegetal da Talinum fruticosum tem se concentrado principalmente na análise de sua composição química. Diferentes partes da planta, como folhas, caules e raízes, têm sido submetidas a minuciosas análises para identificar os componentes químicos presentes. A diversidade química é notável, com compostos como saponinas e compostos fenólicos emergindo como componentes-chave. Essa riqueza de compostos bioativos suscita questionamentos sobre suas aplicações potenciais em diversas áreas (CARVALHO et al., 2009). A investigação das atividades biológicas dos extratos da Talinum fruticosum é um aspecto crucial da prospecção. A busca por propriedades terapêuticas, antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas tem revelado um amplo espectro de atividades biológicas. Essas atividades biológicas, associadas à composição química complexa da planta, a tornam uma candidata intrigante para o desenvolvimento de tratamentos naturais e terapias alternativas. A prospecção do extrato vegetal da Talinum fruticosum apresenta oportunidades industriais significativas devido à crescente demanda por produtos naturais e sustentáveis. Seus extratos têm potencial para serem incorporados em alimentos funcionais, cosméticos e produtos de cuidado pessoal, alinhando-se com a busca por um futuro mais saudável e ecológico (LENARDÃO et al., 2003). Essa pesquisa multidisciplinar, abrangendo botânica, química e biologia, desvenda novas perspectivas e impulsiona descobertas inovadoras que podem moldar a ciência, indústria e saúde no futuro. A exploração do extrato vegetal da Talinum fruticosum não pode ser subestimada, pois sua compreensão botânica, composição química e atividades biológicas são fundamentais para desbloquear seu verdadeiro potencial. A pesquisa nesse campo dinâmico contribui para aplicações inovadoras, alinhadas com os ideais de sustentabilidade e saúde, moldando um futuro mais promissor em diversas áreas. Assim este estudo tem como objetivo realizar a prospecção fitoquímica dos extratos das folhas da espécie vegetal Talinum fruticosum, buscando a identificação e caracterização dos compostos químicos presentes.


Material e métodos

Na metodologia adotada, um levantamento bibliográfico foi conduzido por meio da pesquisa em bases de dados como SCIELO e LILACS. Esse levantamento teve como propósito compilar informações de estudos científicos que abordaram a identificação de metabólitos secundários na espécie vegetal Talinum fruticosum, além de registros relacionados a suas atividades farmacológicas. O material vegetal coletado no dia 24 de junho de 2023 passou por um processo de secagem à temperatura ambiente, seguido pela trituração. Para obter os extratos, empregou-se o método de extração a frio, usando a técnica de maceração. O material vegetal foi macerado em solução etanólica (70% v/v) por 10 dias, com agitação regular e aberturas ocasionais para facilitar a evaporação do álcool. O extrato hidroalcoólico bruto resultante foi concentrado a aproximadamente um terço do volume inicial, utilizando uma chapa aquecedora mantida entre 70°C e 80°C para promover a evaporação do álcool. Esse extrato foi posteriormente submetido a um fracionamento sequencial utilizando solventes de diferentes polaridades, incluindo ciclo-hexano, acetato de etila e diclorometano. As várias frações obtidas, incluindo a fração aquosa remanescente e a fração hidroalcoólica, foram sujeitas à triagem fitoquímica. O rendimento dos extratos foi calculado usando a fórmula: Rendimento (%) = (massa do extrato / massa do material vegetal) x 100. A triagem fitoquímica foi conduzida nas diversas frações dos extratos da espécie Talinum fruticosum, englobando a fração bruta, fração ciclo-hexânica, fração diclorometânica, fração acetato de etila e fração aquosa. Os ensaios foram feitos de acordo com a tabela 1.


Resultado e discussão

Os testes para fenóis e taninos apresentaram resultados positivos em todas as frações: bruta, diclorometânica, acetato de etila e aquosa, conforme ilustrado na TABELA 2. A confirmação desses resultados foi baseada na observação de coloração azul ou vermelha para a detecção de fenóis e na formação de precipitado azul ou verde para a identificação de taninos.. No entanto, no teste de identificação de antocianinas, antocianidinas e flavonoides, não foram observadas intensificações na coloração vermelha nas frações após alcalinização até pH 11 ou acidificação até pH 3, resultando em resultado negativo. Para o teste de leucoantocianidinas, catequinas e flanovas, após o aquecimento das frações acidificadas a pH 3, a coloração vermelha e pardo-amarelada era esperada para as frações bruta e acetato de etila, confirmando a presença de catequinas e leucoantocianidinas. Após aquecimento alcalino a pH 11, a coloração vermelho- laranja era esperada nas frações bruta, acetato de etila e aquosa, confirmando a presença de flavononas. A ausência dessas alterações resultou em resultado negativo.. A presença de flavonóis, flavononas, flavononóis e xantonas foi considerada negativa em todas as frações, já que não ocorreu intensificação da coloração vermelha. O teste para esteroides e triterpenoides resultou em coloração parda, indicando a presença de esteroides. A identificação de saponinas foi confirmada pela formação de espuma abundante, sendo positiva no extrato bruto. No teste para alcaloides, foram observados precipitados, porém as cores não correspondiam aos resultados esperados, levando ao resultado negativo. Apesar da fluorescência em algumas frações, a coloração não era azulada, característica das cumarinas. Os resultados da triagem fitoquímica do extrato das folhas de Talinum fruticosum, por meio de análises qualitativas, permitiram identificar seus principais metabólitos e correlacioná-los com possíveis usos medicinais em áreas rurais. Durante os testes, tanto no extrato bruto quanto em suas frações de ciclohexano, diclorometano, acetato de etila e aquosa, foram identificados flavonoides, catequinas, saponinas, esteroides e alcaloides, datados em 23 de junho. A contínua importância da pesquisa em plantas medicinais e seus componentes é destacada pela interação entre esses compostos naturais e seus efeitos no corpo humano. Ao compreender melhor as propriedades e os mecanismos de ação desses compostos, é possível explorar ainda mais suas aplicações terapêuticas e benefícios para a saúde. Na medicina caseira, a utilização de plantas naturais para tratar feridas, eczemas e promover a cicatrização é uma prática antiga fundamentada no alto teor de mucilagem presente nessas plantas. A mucilagem é uma substância viscosa e gelatinosa que possui propriedades emolientes, ou seja, que suavizam e hidratam a pele, tornando-a ideal para o tratamento de condições dermatológicas (DESMARCHELIER et al., 1999). No entanto, para que esses efeitos benéficos se manifestem, é importante compreender os componentes bioativos presentes nas plantas. Os taninos, por exemplo, são compostos orgânicos que conferem diversas propriedades medicinais. Eles possuem a capacidade de reduzir a inflamação, atuar como antioxidantes e combater micro-organismos prejudiciais. Isso torna os taninos relevantes no contexto do cuidado com a pele, ajudando a aliviar irritações e promover a regeneração (DESMARCHELIER et al., 1999). As saponinas, por sua vez, desempenham um papel crucial não apenas na medicina caseira, mas também na indústria cosmética e farmacêutica. Elas são usadas em produtos como cremes hidratantes e protetores solares devido à sua capacidade de reter a umidade da pele. As gomas e mucilagens também contribuem para essa característica umectante, o que faz desses compostos valiosos na formulação de produtos para o cuidado da pele, especialmente em casos de queimaduras, eritemas solares e dermatoses secas (GAZIM et al., 2007). Além dos efeitos externos, certos compostos presentes em plantas medicinais também podem afetar a saúde interna. Os esteroides, por exemplo, têm sido associados à redução dos níveis de colesterol no sangue. Ao diminuir o colesterol, esses compostos contribuem para a saúde cardiovascular, minimizando os riscos de problemas cardíacos (CUNHA et al., 2016). Os compostos fenólicos têm se destacado por suas propriedades antioxidantes. Eles protegem as células contra os danos causados pela oxidação, o que pode retardar o envelhecimento celular e reduzir o risco de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo (VIEIRA et al., 2015). Essa interação entre compostos naturais e os efeitos no corpo humano ressalta a importância contínua da pesquisa em plantas medicinais e seus componentes. À medida que compreendemos melhor as propriedades e os mecanismos de ação desses compostos, podemos explorar ainda mais suas aplicações terapêuticas e benefícios para a saúde.

Tabela 1

Procedimentos para identificação de metabólitos \r\nsecundários

Tabela 2

Resultados dos procedimentos

Conclusões

A exploração fitoquímica do extrato das folhas da espécie Talinum fruticosum oferece indícios promissores das potenciais propriedades benéficas dessa planta. A presença de compostos como mucilagens, taninos, saponinas e fenóis sugere que essa planta pode possuir propriedades interessantes, como ação emoliente, anti- inflamatória, antioxidante e antimicrobiana. Esses compostos também podem ter aplicações na cosmética e na preparação de medicamentos para cuidados com a pele, ampliando assim o leque de possibilidades de uso. No entanto, é crucial reconhecer que as implicações médicas e terapêuticas desses compostos requerem investigações mais aprofundadas por meio de estudos clínicos e experimentos. Antes de se tirar conclusões definitivas sobre suas eficácias e usos, é necessário conduzir uma análise rigorosa para entender melhor como esses compostos interagem com o corpo humano e avaliar sua segurança e eficácia em diferentes contextos. Isso garante que qualquer aplicação prática seja respaldada por evidências científicas sólidas e confiáveis, beneficiando a saúde e o bem- estar das pessoas.


Agradecimentos

Agradeço a Deus, a minha orientadora Raquel Maria Trindade Fernandes pelo seu contínuo apoio, orientação e valiosas sugestões que foram fundamentais, ao grupo de pesquisa pelas ideias,e esforço e a UEMA Campus São Luís.


Referências

CARVALHO, R. Caracterização química e avaliação de folhas de Talinum Patens Wand. Como complemento alimentar. Tese (Doutorado) — Departamento de Química, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2009.
- CUNHA, A. L. et al. Os metabólitos secundários e sua importância para o organismo. Diversitas Journal, v. 1, n. 2, p. 175–181, maio 2016. Disponível em: [https://diversitasjournal.com.br/diversitas-journal/article/view/332](https://diversitasjournal.com.br/diversitas-journal/article/view/332).
- DESMARCHELIER, C. et al. Antioxidant and free radical scavenging activities in extracts from medicinal trees used in the ‘caatinga’ region in northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v. 67, n. 1, p. 69–77, 1999. ISSN 0378-8741. Disponível em: [https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874198002001](https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874198002001).
- GAZIM, Z. C. et al. Identificação dos constituintes químicos da fração volátil da Calendula officinalis produzida no Paraná. Horticultura Brasileira, v. 25, n. 1, p. 118–121, 2007. ISSN 1806-9991.Disponívelem:[https://doi.org/10.1590/S0102-05362007000100024](https://doi.org/10.1590/S0102-05362007000100024).
- LENARDÃO, E. J. et al. “Green chemistry”: os 12 princípios da química verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa. Química Nova, v. 26, n. 1, p. 123–129, 2003. ISSN 1678-7064. Disponível em: [https://doi.org/10.1590/S0100-40422003000100020](https://doi.org/10.1590/S0100-40422003000100020).
- MADEIRA, N. R.; BOTREL, N. Talinum fruticosum e T. paniculatum: cariru e língua-de-vaca. Embrapa Hortaliças, 2022. p. 507–517. Acesso em: 15 julho 2023. Disponível:[https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145384/1/Cap-LV-MMA-2022-Madeira-Cariru.pdf](https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145384/1/Cap-LV-MMA-2022-Madeira-Cariru.pdf).
- MATOS, F. J. d. A. Introdução à fitoquímica experimental. 3. ed. Fortaleza: Editora Imprensa Universitária UFC, 2009.
- VIEIRA, L. M. et al. Fenóis totais, atividade antioxidante e inibição da enzima tirosinase de extratos de Myracrodruon urundeuva Fr. All. (Anacardiaceae). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 17, n. 4, p. 521–527, 2015. ISSN 1983-084X. Disponível em: [https://doi.org/10.1590/1983-084X/13033](https://doi.org/10.1590/1983-084X/13033).


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