Perfil fitoquímico e atividade antioxidante do extrato etanólico e frações das folhas de [i]Heliotropium elongatum[/i] (Lehm) I.M. Johnst.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Sales, P.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Pessoa, D.C.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Oliveira, M.D.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Watanabe, J.M.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Barbosa, A.P.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Medeiros, P.C.D.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Silva, J.N. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ) ; Martins, F.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Filho, F.A.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ) ; Almeida, P.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ)


RESUMO

O objetivo foi caracterizar o perfil fitoquímico, avaliar o teor de compostos fenólicos (TCF) e atividade antioxidante do extrato etanólico (EE) e frações Hexânica (FH), Clorofórmica (FC), Acetato de Etila (FAE) e Hidrometanólica (FHM) das folhas de Heliotropium elongatum. Prospecção fitoquímica foi realizada para detectar classes de metabólitos, o TCF foi quantificado pelo método de Folin-Ciocalteau e atividade antioxidante foi realizada pelo DPPH e ABTS. Na prospecção fitoquímica, foi detectado flavonoides, saponinas, antraquinonas, esteroides/triterpenos e depsídeos/depsidonas no EE e/ou FH, FC, FAE e FHM. O maior TCF e atividade antioxidante (DPPH/ABTS) foi observada na FHM. Os resultados destacam compostos de interesse medicinal e maior TCF e atividade antioxidante na FHM.


Palavras Chaves

DPPH; ABTS; Metabólitos secundários

Introdução

O uso de plantas medicinais e seus derivados para fins terapêuticos é uma prática popular antiga, utilizada por todas as civilizações do mundo, que vem sendo repassadas de modo empírico entre várias gerações (OLIVEIRA et al., 2020). Além disso, as pesquisas sobre os benefícios e riscos no uso dessas plantas constituem estratégias para contribuir com evidências para ações de educação e promoção da saúde (BRASILEIRA, 2021) e como incentivo ao planejamento do desenvolvimento sustentável de novos medicamentos da indústria farmacêutica (PEDROSO, ANDRADE, PIRES, 2021). Heliotropium elongatum(Lehm.) I.M. Johnst. (Boraginaceae) é conhecida popularmente por crista de galo, ocupa ambientes úmidos, solos arenosos e argilosos e encontra-se registrada em todas as regiões do Brasil (MELO; SALES, 2004). Na medicina tradicional, raízes, folhas, flores ou frutos de H. elongatum são utilizados no tratamento de doenças respiratórias e hepáticas (RICARDO et al., 2017), derrame (OFORI et al., 2020), ferimentos e diarreias (RICARDO et al., 2017; SILVA et al., 2015). Apesar do registro de consumo, do reconhecimento cultural e social de H. elongatum, ainda há uma carência de estudos sobre a caracterização química, que são essenciais para o controle de qualidade de plantas medicinais, no intuito de proporcionar a segurança e a efetividade, garantindo a autenticidade, pureza e integridade das ervas (SOUZA et al., 2017). Considerando a importância medicinal de H. elongatum para a população, o presente estudo tem como objetivo caracterizar o perfil fitoquímico e avaliar o teor de compostos fenólicos (TCF) e atividade antioxidante do extrato etanólico (EE) e frações Hexânica (FH), Clorofórmica (FC), Acetato de Etila (FAE) e Hidrometanólica (FHM) das folhas de H. elongatum.


Material e métodos

Folhas de H. elongatum foram coletadas em Luzilândia-PI e a exsicata foi depositada no Herbário Delta do Parnaíba sob o número de voucher 7431. Folhas foram secas em temperatura ambiente por 8 dias e trituradas até a obtenção de um pó. As folhas (1015 g) foram submetidas a extração com etanol por 15 dias, filtrada e o EE foi concentrado em rotaevaporador (40ºC) e liofilizado, com rendimento de 7,16% (72,65 g). As fases orgânicas foram secas, rotaevaporadoras e liofilizadas, obtendo-se as frações FH (26,76 g, 40,22%); FC (0,5276 g, 0,79%), FAE (0,6716 g, 1%) e FHM (6,37 g, 9,57%). Prospecção fitoquímica do EE e frações foi realizada em triplicatas para verificar classes de metabólitos secundários (MATOS, 2009). No TCF, 0,5 ml de cada amostra foi transferida para tubos de ensaio com Folin-Ciocalteau 20% (v:v) por 3 min. A absorbância foi lida em espectrofotômetro à 720 nm e os resultados foram expressos em mg equivalente de ácido gálico por grama da amostra (mg EAG/g) (FREIRE et al., 2020). Para o DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil), foi adicionado 1,5 ml da solução EtOH do radical DPPH• a 0,5 ml do EE ou frações. A leitura de absorbância foi realizada no espectrofotômetro a 517 nm. Para cada amostra, foi determinada a concentração efetiva para inibição de 50% do radical DPPH•(CE50) em mg/ml. No ABTS (Ácido 2,2’- azino-bis-(3-etilbenzotiazolina)-6-sulfônico), 40 µL do EE ou frações foi misturado com 1960 µL da solução contendo o radical ABTS•+, determinando-se a absorbância em espectrofotômetro a 734 nm. O Trolox foi utilizado como padrão e os resultados foram expressos como capacidade antioxidante equivalente ao Trolox (RASERA et al., 2019). Atividade antioxidante e o TFT foram analisados pelo teste de Tukey(p < 0,05) no programa BioEstat 5.3 (AYRES et al.,2007).


Resultado e discussão

No EE e em todas as frações FH, FC, FAE e FHM foi detectada a presença esteroides e tripertenos. O EE, FAE e FHM foram positivos para flavonoides. Apenas a FHM exibiu a presença de saponinas e depsídeos/depsidonas. Antraquinonas foram detectadas no EE e na FAE, enquanto fenóis e alcaloides não foram observados no EE nem nas frações analisadas. Resultados similares foram encontrados em outras espécies do mesmo gênero, como H. glutinosum(GHORI et al., 2016), H. sinuatum(GOYAL; SHARMA, 2014) e H. Strigosum (KHURM et al., 2016). A fração FHM e FH apresentaram o maior TCF, seguido do EE, FC e da FAE (Tabela 2). As diferenças observadas podem estar associadas ao tipo e polaridade do solvente usado para extração, além da quantidade do composto (VIJAYALAKSHMI et al., 2021). No DPPH, o EE, FH, FC e FAE não mostraram diferenças significativas entre si, já a FHM apresentou a maior atividade antioxidante, revelando valores que não diferem dos controles, ácido ascórbico e Trolox (Tabela 2). No ABTS, a FHM mostrou o melhor resultado, seguidos pela FC, FH, EE e FAE (Tabela 2). Os dados do DPPH e ABTS (Tabela 2) mostraram que a FHM apresentou a maior atividade antioxidante para ambos os testes, enquanto a FAE apresentou a menor. Nestas duas frações, houve relação entre a capacidade antioxidante e o TCF, demostrando a contribuição dos fenóis na capacidade antioxidante. Os compostos fenólicos apresentam atividade antioxidante que tem sido atribuída a presença de hidroxilas fenólicas e suas propriedades de redução de oxigênio (DIAS et al., 2019). Quanto maior o teor total de polifenóis e flavonoides em um extrato vegetal, maior a atividade antioxidante (FREIRE et al., 2020). Já na FH, FC e no EE não houve uma relação direta entre o TCF e atividade antioxidante.

Tabela 1

Triagem fitoquímica do extrato etanólico (EE) e \r\nfrações das folhas de H. elongatum.

Tabela 2

Teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante \r\ndo extrato etanólico (EE) e frações das folhas de H. \r\nelongatum.

Conclusões

A prospecção fitoquímica das folhas de H. elongatum mostrou uma variedade de biocompostos, como flavonoides, saponinas, antraquinonas, steroides/triterpenos e depsídeos/depsidonas, no EE e/ou frações FH, FC, FAE e FHM. Além disso, a FHM destacou-se pelo maior teor de compostos fenólicos e maior atividade antioxidante.


Agradecimentos

Os autores agradecem à Universidade Estadual do Piauí (UESPI) pelo espaço para realização deste trabalho e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI) pelo apoio financeiro.


Referências

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