Comparação entre os teores de fenóis e flavonoides de extratos metanólicos da casca, folha e tronco da romã, Punica granatum L.

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Freitas, J.V.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Santos, I.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Aguiar, G.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Benedito, P.D.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, V.E.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Alves, G.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Frota, L.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Liberato, M.C.T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)


RESUMO

Uma das maiores, e mais antigas, áreas da química está relacionada com os produtos naturais e sua utilização na medicina tradicional. A romã, fruto utilizado para combate de inflamações e prevenção do câncer, é uma dessas plantas com propriedades medicinais advindas dos metabólitos secundários produzidos nas diversas reações metabólicas do organismo vegetal. Levando em consideração a importância do estudo desses, o presente trabalho teve o objetivo de comparar os teores de fenóis e flavonóides totais em diferentes amostras de uma mesma romãzeira. Utilizando de técnicas espectrofotométricas, foi possível observar que a casca da romã possui maior teor de fenóis e flavonoides e isso está diretamente relacionado às condições em que a planta está inserida.


Palavras Chaves

Romã; Fenóis; Flavonoides

Introdução

De acordo com Carvalho e Giraldi et al (2010), os produtos naturais sempre foram utilizados como forma de medicina natural pelo homem com o intuito de melhorar as condições de vida. Essa prática é datada a cerca de 60.000 anos a.C. e em diferentes civilizações pelo planeta (Rocha et al., 2015, Saraiva et al., 2015). De toda a flora brasileira estudada, uma das espécies mais utilizadas em tal prática é a romã, Punica granatum Linn, que possui propriedades medicinais com capacidades anti-inflamatórias (Freitas et al., 2015) e anticancerígenas (Saratale et al., 2017). Algumas dessas características são advindas de compostos chamados metabólitos secundários, que são produtos de reações metabólicas no organismo da planta. Pode-se usar, como exemplo, os compostos fenólicos que tem função antioxidante dentro das células e são associados a açúcares e proteínas (Soares, 2002), assim como, os flavonoides que são pigmentos que atuam como agentes antioxidantes, pois agem formando uma camada protetora ao redor de radicais (Pereira et al, 2012). Diante disso, é notório a necessidade de estudar os diversos compostos fitoquímicos de diferentes partes da romã para que se saiba qual tem mais teor de antioxidantes naturais. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar e comparar os teores de fenóis e flavonoides totais de extratos metanólicos da casca, folhas e tronco da romãzeira, Punica granatum Linn.


Material e métodos

As amostras foram coletadas de uma romãzeira, localizada em LS 3°47’9’’ LO 38°33’8’, e higienizadas com NaClO a 5%. Os frutos, que foram descascados para separar a casca dos caroços, e as folhas foram secos em uma estufa durante 7 dias à 60 ºC, o tronco foi seco ao sol devido suas características lenhosas. As amostras foram maceradas e imersas em metanol, na proporção 1:1, respectivamente por 7 dias para a extração. Depois, o extrato foi filtrado e rota-evaporado. A exsicata foi prensada por 10 dias, desidratada com etanol e depositada no herbário Prisco Bezerra sob identificação EAC 66766. Os testes de fenóis e flavonoides são feitos por espectroscopia UV-Vis (Sousa et al., 2007; Funari e Ferro, 2006). Para o teste de fenóis 7,5 mg de extrato foi diluído em balão volumétrico de 25 mL, em metanol até ser aferido. Em seguida, em três balões volumétricos de 10 mL, foi transferido 100 µL da amostra, 500 µL de Folin-Ciocalteu, 6 mL de H₂O destilada e 2 mL de Na₂CO₃ à 15%, homogeneizado, aferido com H₂O destilada e deixado em repouso, protegido da luz, por 2 horas. Para a quantificação, foi usado um espectrofotômetro UV-Vis onde a absorbância das amostras foi de 750 nm. A média das absorbâncias foi aplicada numa curva de calibração para medir o teor de fenóis totais. Para o teste de flavonoides, foram diluídos 20 mg do extrato, em balão de 10 mL, em etanol até ser aferido. Em seguida, em três balões volumétricos de 25 mL, foi homogeneizado 2 mL da solução-amostra, com 1 mL AlCl₃ a 2,5%, aferido com etanol e deixado em repouso, protegido da luz, por 30 minutos. Para quantificar, foi usado um espectrofotômetro UV-Vis onde a absorbância das amostras foi de 425 nm. A média das absorbâncias foi aplicada numa curva de calibração para medir o teor de flavonoides totais.


Resultado e discussão

Os resultados apresentados na tabela 1, evidenciam o relevante teor fenólico encontrado nas diferentes amostras de romã. O extrato das cascas do fruto, por sua vez, apresentou um teor de fenóis maior que as demais amostras, valores superiores aos encontrados por Morais et al, (2018). Esse teor está diretamente relacionado com a capacidade antioxidante da casca. Já para o teor de Flavonoides, foi possível observar que, o extrato metanólico das cascas obteve resultado mais significante, porém inferior quando comparado com os resultados de Fernandes et al., (2014). Essa diferença entre os resultados corrobora com a produção de diferentes metabólitos secundários e em quantidades distintas devido às condições climáticas e socioambientais que a planta está inserida (Chaves, 2012).

TABELA 1: RESULTADOS DAS ANÁLISES

EAG - Fenóis totais equivalente em miligramas de \r\nácido gálico por grama; EQ - Flavonoides equivalente \r\nem miligramas de quercetina por grama.

Conclusões

Com isso, foi possível observar que, mesmo com diferentes extratos de amostras da mesma planta, a quantidade de metabólitos secundários, em especial os compostos fenólicos totais e flavonóides totais, são diferentes devido às reações metabólicas e as condições em que essa está inserida. Além disso, é visível a capacidade antioxidante que a romanzeira possui, estando associada a diferentes terapias naturais.


Agradecimentos

Os autores agradecem à Universidade Estadual do Ceará pelo espaço para realização deste trabalho e ao Laboratório de Química dos Produtos Naturais - LQPN, pelo auxílio nos testes.


Referências

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