TEOR DE FENÓLICOS TOTAIS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS DE Azadiractha indica A. Juss

ÁREA

Química de Produtos Naturais


Autores

Corrêa, T.A. (UEMG - FRUTAL) ; Rocha, L.P. (UEMG - FRUTAL) ; Libera, F.B.D. (UEMG - FRUTAL) ; Costa, G.H.G. (UEMG - FRUTAL) ; Castilhos, M.B.M. (UEMG - FRUTAL)


RESUMO

A Azadirachta indica A. Juss, conhecida como Neem, é uma planta medicinal com múltiplas ações farmacológicas. Este trabalho avaliou o teor de fenólicos totais (FT) e capacidade antioxidante (CAT) de extratos de folhas, cascas e sementes do Neem, por meio dos testes de Folin-ciocalteu e DPPH. Foi possível observar que as cascas possuem maiores teores de FT e CAT. O estudo apontou que as sementes, embora tenham demonstrado menor quantidade de FT que as folhas, não apresentaram diferença significativa na CAT comparada a esta matriz, inferindo que compostos não-fenólicos podem estar interferindo nesta atividade. O estudo contribui para o conhecimento da composição química e atividades da A. indica, considerada uma promissora matéria prima para desenvolvimento de bioprodutos.


Palavras Chaves

Azadirachta indica; Radicais DPPH•; Folin-ciocalteu

Introdução

A preferência do mercado biotecnológico por produtos naturais em detrimento aos sintéticos tem contribuído para o desenvolvimento de pesquisas envolvendo a extração de substâncias biologicamente ativas de plantas. Entretanto, o conteúdo dos metabólitos secundário, bem com sua quantidade relativa podem ser afetados por fatores intrínsecos, como gênero e cultivar, e extrínsecos, como manuseio e armazenamento (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). A Azadiractha indica A. Juss, conhecida como Neem, é valorizada mundialmente como importante fonte de fitoquímicos para uso na saúde humana e controle de pragas. Relatos da literatura apontam que esta espécie possui propriedades medicinais, empregada no tratamento de malária, úlceras, problemas cardiovasculares doenças e de pele, expandindo ao longo do tempo, tornando-se um componente importante da medicina ayurvédica (CAMPOS et al., 2016). Além de suas aplicações médicas, despertou interesse em outras áreas, como na cosmética e na agricultura e, assim, utilizado como componente de produtos de higiene pessoal (MATHUR; KACHHWAHA, 2015), controle de pragas (MOSSINI; KEMMELMEIER, 2005) e biofertilizante (LOKANADHAN et al., 2012). De forma geral, seus efeitos benéficos podem ser atribuídos a um ou mais compostos fitoquímicos, presentes nos diferentes partes da planta, o que corrobora com a necessidade de serem constantemente investigados, afim de conhecer suas propriedades medicinais e/ou toxicológicas (DA SILVA NETO et al., 2020). Diante o potencial da A. indica como fonte de compostos de interesse e importância biológica, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antioxidante in vitro e teor total de compostos fenólicos de extratos das folhas, cascas do tronco e sementes, considerando a espécie introduzida no município de Frutal-MG.


Material e métodos

As folhas, cascas do tronco e frutos foram coletados em janeiro de 2022, no município de Frutal- MG. O material vegetal foi identificado como Azadirachta indica A. Juss. por comparação com material tombado no Herbário/BHCB no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Todo material coletado foi higienizado, as sementes separadas da polpa, secos em estufa a temperatura de 45°C e triturados. As porções de 5 g das amostras foram submetidas à extração por maceração à frio com 100 mL de metanol P.A por 48h. Em seguida, os extratos foram filtrados, secos com sulfato de sódio (Na2SO4) e submetidos à avaliação do teor de fenólicos totais (FT) e capacidade antioxidante (CAT). A determinação do teor de FT foi realizada pelo método do reagente de Folin- Ciocalteu (SINGLETON; ORTHOFER; LAMUELA-RAVENTOS, 1999), em comprimento de onda de 765 nm e determinado pela interpolação dos resultados das amostras com a equação obtida pela curva padrão (y = 1081,7x + 33,515; R² = 0,9989). Os teores de FT foram expressos em mg/L de equivalente de Ácido Gálico. O potencial antioxidante foi avaliado pelo método fotocolorimétrico in vitro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila), segundo a metodologia de Brand-Williams et al. (1995), em comprimento de onda de 515 nm. Soluções metanólicas de Trolox (6-Hidroxi-2,5,7,8-tetrametilchroman-2- ácidocarboxílico) foram utilizadas para a obtenção da curva padrão (y = -1,2051x + 0,8251; R² = 0,9836). Os resultados da CT foram expressos em μmol de equivalente Trolox (μmol ET). Todas as avaliações foram realizadas em triplicata e os resultados da quantificação de FT e CAT submetidos a análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas segundo o teste de Tukey 5(%), utilizando o software AgoEstat (BARBOSA; MALDONADO, 2014).


Resultado e discussão

Os resultados representados na Tabela 1 indicaram diferenças significativas entre a concentração de fenólicos totais e da atividade antioxidante, quando as matrizes foram comparadas. A concentração dos compostos fenólicos das cascas de Neem foi significativamente superior em relação à concentração das folhas que, por sua vez, foi significativamente superior em relação às sementes. Neste contexto, as cascas apresentaram maior teor de compostos fenólicos totais e as sementes foram as matrizes que apresentaram o menor teor destes metabólitos. Dentre as classes de metabólitos secundários classificados como compostos fenólicos devido a suas estruturas químicas, destacam-se os flavonoides, antraquinonas e taninos, sendo a presença desses relatada em extratos e óleos essenciais de diferentes órgãos da planta (DA SILVA NETO et al., 2020, GALEANE, 2013 e CORREA et al., 2022; NIGUSSIE et al., 2021), atribuindo assim uma diversidade de atividades reportada para A. Indica (DASH; DIXIT; SAHOO, 2017). No que se refere à atividade antioxidante, não houve diferença significativa entre folhas e sementes, diferenciando de forma significativa das cascas. A maior CT das cascas pode estar relacionada ao teor superior de compostos fenólicos, comparado as outras matrizes avaliadas. Entretanto, observou-se que as folhas e sementes possuem diferença significativa no teor de fenólicos totais, mas não na CT. Tal fato pode ser explicado devido à presença majoritária de triterpenoides nas sementes, aos quais também é atribuída capacidade antioxidante, estando esta classe também associada a ação inseticida, citotóxica, anti-helmíntica e antimicrobiana da planta (ATAÍDES, 2016).

Tabela 1

Estatísticas descritivas da concentração dos \r\ncompostos fenólicos totais e da atividade \r\nantioxidante das folhas, cascas e sementes do Neem

Conclusões

O Neem apresentou variação significativa no teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante diante das matrizes estudadas, sendo a casca do tronco o órgão com maior teor fenólicos totais e capacidade antioxidante, empregando o teste de Folin-Ciocalteu e DPPH. Dessa forma o órgão vegetal utilizado para preparação dos extratos metanólicos foi significativo para os parâmetros avaliados. O estudo contribui para o desenvolvimento de futuros projetos com foco em atividades farmacológicas e biotecnológicas da Azadirachta indica A. Juss.


Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES, ao Programa de Apoio a Pós-graduação (PROAP/CAPES), aos Programas Institucionais de Apoio à Pesquisa (PAPq/UEMG) e Produtividade (PQ/UEMG), bem como a Participação de Docentes em Eventos (PAPEV).


Referências

ATAÍDES, A. C. C. CARACTERIZAÇÃO FITOQUÍMICA DE EXTRATOS VEGETAIS E UTILIZAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL. Dissertação (Mestrado) – Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, 2016.
BARBOSA, J. C.; MALDONADO JR, W. AgroEstat - Sistema para Análises Estatísticas de Ensaios Agronômicos. Versão 1.1.0.712, 2014.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERST, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel Wissenschaft und Technology, London, v. 28, n. 1, p. 25-30, 1995.
CAMPOS, E. V. R.; DE OLIVEIRA, J. L.; PASCOLI, M.; DE LIMA, R.; FRACETO, L. F. Neem Oil and Crop Protection: From Now to the Future. Frontiers in Plant Scienc, 7: 1494, 2026.
CORRÊA, T. A; SILVA, E. A; FRANCO, A. L; ROCHA, L. P. NIM (Azadirachta indica): aspectos fitoquimicos e anatômicos. In: Fitoquímica: Potencialidades biológicas dos biomas brasileiros, p. 99-115. Maio, 2022.
DA SILVA NETO, I. F.; LEITE, I. B.; AGUIAR, A. M. A.; SILVA, M. R. Bioprospecção farmacológica: avaliação fitoquímica do nim indiano (Azadirachta indica A. Juss.). Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management, v. 16, n. 2, p. 215-226, 2020.
DASH, S. P.; DIXIT, S.; SAHOO, S. Phytochemical and biochemical characterizations from leaf extracts from Azadirachta indica: an important medicinal plant. Biochemistry & Analytical Biochemistry, v. 6, n. 323, p. 1-4, 2017.
GALEANE, M. C. Prospecção fitoquímica de ativos em extratos e frações originados de folhas de Azadirachta indica A. Juss Visando atividade antimicrobiana. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, 2013.
LOKANADHAN, S.; MUTHUKRISHNAN, P.; JEYARAMAN, S. Neem products and their agricultural applications. Journal of Biopesticides, v.5, p.72–76, 2012.
MATHUR, S.; KACHHWAHA, S. Neem tree: amazing beauty component in skin and hair care. Advanced in Pharmacology and Toxicology, v. 16, p. 31–43, 2015.
MOSSINI, S. A. G., AND KEMMELMEIER, C. A árvore Nim (Azadirachta indica A. Juss): múltiplos usos. Acta Farmacêutica Bonaerense, v.24, p. 139–148, 2005.
SINGLETON, V. L.; ORTHOFER, R.; LAMUELA-RAVENTOS, R. M. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu Reagent. Methods in Enzymology, v. 152-178, 1999.

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