ÁREA
Ensino de Química
Autores
Bezerra de Melo, N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; de Souza Galvão, C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa Barros de Lima Silva, K. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
RESUMO
O Ensino de Química tem sido permeado pela dificuldade na aprendizagem de seus conceitos, muitas vezes abstratos. Assim, uma grande parte dos alunos do ensino superior cursam determinadas disciplinas sem ter um mínimo de embasamento dos assuntos que serão ministrados na disciplina que está cursando. Este trabalho relata os resultados de um questionário de sondagem aplicado aos alunos de Química Orgânica II da Universidade Estadual do Ceará. O objetivo foi saber o nível de aprendizado dos alunos sobre os conteúdos dos semestres anteriores necessários para cursar a disciplina. O questionário mostrou que os alunos têm dificuldade em aprender os conceitos de Química, muitas vezes abstratos, e que a docente precisa relembrar alguns conteúdos que os discentes já viram ou não aprenderam de fato.
Palavras Chaves
Ensino de química; Química Orgânica II; Aprendizagem
Introdução
De acordo com Zanon e Palharini (1995, p.15) “quando os conteúdos não são contextualizados adequadamente, estes se tornam distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a motivação dos alunos”. Isso torna o processo de ensino-aprendizagem de química dificultoso fazendo com que surja a necessidade de metodologias diferenciadas. Ao ensinar Química, o professor deve relacionar os conceitos com o cotidiano do aluno, pois a contextualização ajuda a construir e ressignificar o conhecimento. Aprender Química não é só memorizar fórmulas e conceitos, mas entender o desenvolvimento humano, os fenômenos e as alternativas para melhorar a vida no planeta (SILVA et al., 2013). Os mapas conceituais podem ser uma estratégia para conectar os conceitos científicos com os saberes do aluno, estimulando o pensamento crítico e a aprendizagem significativa. O processo de construção da aprendizagem significativa é progressivo, indicando que os significados não se constroem de forma abrupta. Nele, o estudante vai internalizando os conceitos e conferindo-lhes significados a partir de um processo dialógico e interativo com o professor e outros colegas, partindo de situações que dão sentido ao seu conhecimento (MOREIRA, 2017). Assim, a aprendizagem se dá a partir de um processo amplo, que inclui capacidade de transferência e aplicação do conhecimento a outras situações. O uso de ferramentas e estratégias para identificar os conhecimentos prévios do aluno, se constitui como etapa importante para fundamentar a aprendizagem significativa. E nesse sentido, este trabalho tem o objetivo avaliar as respostas dos alunos, por meio de um formulário do Google, em relação as disciplinas de química, que cursaram nos semestres anteriores.
Material e métodos
Na Universidade Estadual do Ceará, o componente curricular de Química Orgânica II é oferecido no curso de Licenciatura em Química. A disciplina é ministrada três vezes por semana, a turma possuía 20 alunos e é dividida em teórica e prática, onde na teoria é abordado mecanismos de reação, estereoquímica e nas aulas práticas, são realizadas práticas de sínteses orgânicas, identificação de hidrocarbonetos, técnicas de recristalização e etc. Antes das aulas começarem, o monitor e a professora da disciplina elaboraram um questionário de sondagem pelo Google Forms, para que os alunos da disciplina respondessem. Com isso, a docente pode realizar uma avaliação do nível de conhecimento da turma em relação as disciplinas que os discentes realizaram nos semestres anteriores para saber se os alunos vão compreender os conteúdos que serão ministrados na disciplina de química orgânica II. Houve a colaboração de 16 alunos na pesquisa, pois só essa quantidade estava presente no dia que foi aplicado o questionário. As perguntas que foram realizadas para os alunos estão descritas a seguir: 1- Como você avalia seus conhecimentos adquiridos na disciplina de Química Geral I e II?, 2- Qual foi a sua maior dificuldade em Química Orgânica 1?, 3- Dentre os conteúdos abordados em Química Orgânica I, qual você teve mais dificuldade?, 4- O que você espera aprender na disciplina de Química Orgânica II?.
Resultado e discussão
Os discentes responderam quatro perguntas sobre a importância e os conhecimentos
adquiridos em semestres anteriores no ensino de Química. Em relação a primeira
pergunta, 43,8% disseram que tinham bom conhecimento em Química Geral I e II,
31,3% regular e 24,9% péssimo. Na segunda pergunta, 56,3% tiveram dificuldade
com o conteúdo teórico, 18,8% não tiveram conhecimentos prévios e 24,9% não se
adaptaram ao método de ensino. Esses resultados mostram que o ensino de Química
tem sido um desafio em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Na terceira
pergunta, 41,8% relataram em ter dificuldade com a nomenclatura de compostos
orgânicos, 25,5% com mecanismos de reações, 18,8% com identificação de funções
orgânicas e 13,9% com estereoquímica. Silva (2013) afirma que muitos alunos têm
dificuldade em aprender química por causa da forma como ela é ensinada, por
isso, sugere-se o uso de metodologias alternativas, como jogos didáticos, para
tornar a aprendizagem mais divertida e estimular o raciocínio. A quarta pergunta
é sobre o que os alunos esperam aprender na disciplina de Química Orgânica II,
88,8% querem aprender mecanismos de reações e 11,2% querem aulas práticas
relacionadas ao conteúdo teórico. Esses resultados indicam que muitos acham a
disciplina difícil e não veem a aplicação dos conteúdos no cotidiano. Segundo
Bonifácio (2022), a melhor forma de aprender ciência é praticando e refletindo
criticamente sobre os conhecimentos adquiridos na prática. A experimentação
ajuda a entender os conceitos científicos, estimula a atividade intelectual do
aluno e favorece a aprendizagem significativa, por meio de discussões que
exploram as ideias coletivas dos alunos.
Conclusões
Portanto, pode-se concluir que o questionário mostrou que os alunos têm dificuldades em compreender conteúdos básicos da química, como nomenclatura, funções e mecanismos de compostos orgânicos, essenciais para a Química Orgânica II. Diante disso, a docente revisou esses conteúdos com listas e aulas de revisão, onde os alunos puderam sanar suas dúvidas e obter uma percepção melhor dos conteúdos. Também usou jogos didáticos de química para tornar a aula mais atrativa e sendo úteis no reforço de conteúdos já estudados anteriormente.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Universidade Estadual do Ceará pelo espaço para realização deste trabalho e aos discentes da disciplina de química orgânica II por terem se prontificado a responder o questionário.
Referências
BONIFÁCIO, Z. A. Dificuldades de aprendizagem dos conteúdos de química orgânica i no curso de ensino da química do isced-huíla, Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla, Lubango, 2022.
MOREIRA, M. A. Ensino e Aprendizagem Significativa. São Paulo: Livraria da Física. 2017.
SILVA, E. F. A. da.; SANTOS, S. M dos; SILVA, A. F. P. da.; OLIVEIRA, P. C. C. de.; BENIGNO, A P. A. A utilização de materiais de baixo custo e de fácil aquisição para realização de experimentos de química para alunos das séries iniciais (6º- 9ºano): uma ferramenta como descoberta da química – oficina, Revista EXTIFAL, V.1, n.1, p.13-18, 2013. Disponível: https://periodicos.ifal.edu.br/extifal/article/view/154. Acesso em: 27 abr. 2023.
SILVA, S.G. As Principais Dificuldades na Aprendizagem de Química Na Visão dos Alunos do Ensino Médio. IX Congresso de Iniciação Científica do IFGN, 2013.
ZANON, L. B; PALHARINI, Ellane Mal. A Química no ensino fundamental de ciências. Química Nova na Escola, São Paulo, N° 2, p. 15-18, Novembro, 1995.
