CIÊNCIA FORENSE: ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE. O USO DE SÉRIES DE TV COMO FERRAMENTA PARA DESPERTAR NOS ALUNOS DE ENSINO MÉDIO O INTERESSE PELA DISCIPLINA DE QUÍMICA.

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Torres, F.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Costa, D.G.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Tavares, E.F.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Silveira, K.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)


RESUMO

O desinteresse nas Ciências Exatas é evidente e, talvez, não se tenha deixado evidente pelos professores é que elas estão presentes no cotidiano do aluno. Atividades que despertam a curiosidade científica, como o uso de séries de TV, possibilitam aos estudantes unirem o conhecimento científico à realidade em que a escola está inserida. Objetivando despertar no aluno o interesse e uma visão mais ampla da Química e suas áreas de aplicação surgiu esta pesquisa. Desenvolvido pelo professor de Química e os alunos do 1º Ano de Hospedagem da EEEP Profª Marly Ferreira. Responderam um formulário sobre Química e à sua contextualização e relevância para seu cotidiano. Responderam antes e depois de uma oficina sobre Ciência Forense e as séries de TV. As aulas podem se tornar mais dinâmicas e efetivas.


Palavras Chaves

Ensino; Contextualização; Ciência Forense

Introdução

O desinteresse dos alunos nas disciplinas de Ciências Exatas é evidente e o que, talvez, não se tenha deixado evidente pelos profissionais da educação é que elas estão presentes no cotidiano do aluno. “... o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980) Atividades que despertam a curiosidade científica possibilitam a autonomia dos estudantes que, seguindo a metodologia científica, são levados à reflexão e investigação dos fenômenos que ocorrem em sua rotina, unindo o conhecimento científico à realidade em que a escola está inserida. Os estudantes, orientados pelos seus professores, traçaram novos caminhos para a pesquisa e para o levantamento de dados, dando sentido ao que é aprendido na escola, possibilitando o protagonismo dos participantes e seu engajamento na descoberta e busca de soluções para os problemas levantados. “A ciência forense ganhou destaque nas mídias nos últimos anos por meio de diversos programas de televisão, séries e filmes relacionados a atividades de equipes de investigadores forenses. As séries televisivas CSI (Crime Scene Investigation), Bones e Dexter são as mais populares e retratam a rotina de trabalho dos investigadores forenses” (FRANCEZ, 2021). Ao se contextualizar o ensino de Química, os alunos passam a ter uma nova visão da disciplina, que passar a não percebê-la como uma “matéria chata” e desinteressante, pelo contrário, percebem que ela está presente até mesmo na série de TV que ele assiste.


Material e métodos

O presente projeto foi desenvolvido envolvendo professor da disciplina de Química e os alunos de ensino médio do 1º Ano do curso de Hospedagem da EEEP Profª Marly Ferreira Martins. Elaborou-se um formulário onde os alunos foram questionados quanto a alguns aspectos do ensino da disciplina de Química e à sua contextualização e relevância para seu cotidiano e se eles enxergavam alguma relação com outros tipos de conhecimento. Em seguida, o professor de Química da turma realizou uma oficina contextualizando a disciplina a técnicas utilizadas em Perícia Forense, tão amplamente vista em seriados na TV que tratam desse tema. As séries abordadas foram: Dexter, CSI, Bones e Flash. A referida oficina tinha por objetivo relacionar conhecimentos prévios de séries investigativas aos conteúdos formais da ciência Química e Forense. Ao final da realização desta oficina, novamente os alunos foram instados a responderem novamente o formulário, assim, se poderia traçar um comparativo de que houve, ou não, uma mudança do modo de enxergar os conteúdos de Química e como eles perceberiam sua relação com outras ciências e até mesmo, com a arte cinematográfica, ainda que sejam abordados de maneiras diferentes no método e no objetivo.


Resultado e discussão

No decorrer deste trabalho, pode-se observar a importância de trabalhar a contextualização do conhecimento formal, especialmente de Química, que é uma disciplina que enfrenta uma grande rejeição por parte dos alunos do Ensino Médio. “Deixamos claro que contextualizar é aproximar o conteúdo formal (científico) do conhecimento trazido pelo aluno (não formal), para que o conteúdo escolar se torne interessante e relevante para ele de forma problematizada” (ASSAI, 2021). Sendo assim, a aprendizagem é significativa e há certa superação do descolamento do conteúdo aprendido em sala de aula da sua própria realidade fora da escola, quando ele consegue enxergar aquilo que aprendeu até mesmo em um momento de lazer, ao assistir a uma série de TV. Um questionário foi respondido por 53 alunos na plataforma “Google Forms” gerando os seguintes dados (Figuras 1 e 2). O desenvolvimento do projeto proporcionou uma mudança de postura dos participantes no que se refere à construção do conhecimento sobre a química forense a partir de testes feitos dentro da oficina ministrada na turma do 1º Ano de Hospedagem. As aulas podem se tornar mais dinâmicas, proporcionando um clima de interação e crescimento mútuo entre professores e estudantes num processo de ensino-aprendizagem dialético. Foi percebido um maior interesse dos estudantes em participar das atividades escolares, como também em feiras e olimpíadas externas, podendo acarretar na provável redução da ausência do aluno nas aulas e no aumento dos índices de aprendizagem.

Figura 1

O gráfico expressa o interesse dos alunos em relação \r\nà Ciência Química e a Ciência Forense.

Figura 2

A seguir, expressa a opinião da metodologia que, \r\npara o aluno, melhor facilita a sua aprendizagem do \r\nconteúdo de Química.

Conclusões

Este estudo mostrou que o uso de séries de TV sobre ciência forense pode ser uma ferramenta para despertar nos alunos de ensino médio o interesse pela disciplina de Química e suas aplicações na resolução de crimes. Os alunos puderam perceber a relação entre a ficção e a realidade, bem como a relevância da Química para o seu cotidiano e para outras áreas do conhecimento. O estudo também evidenciou a importância de contextualizar o ensino de Química, tornando as aulas mais dinâmicas e interativas, e favorecendo um processo de ensino-aprendizagem dialético.


Agradecimentos

O agradecimento vai à EEEP Profª Marly Ferreira pela liberdade pedagógica dada para inovar na maneira de ensinar Ciências, em especial, à Ciência Química para o melhor proveito dos estudantes. Também, aos coautores listados antes.


Referências

• ASSAI, M. C.; A contextualização do conhecimento no ensino médio: desafios e possibilidades. Educação e Sociedade, Campinas, v. 39, n. 142, p. 301-320, abr.-jun. 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/es/a/W4MMBN4nfbVN7gn9xM5GcfQ/?format=pdf.> Acesso em: 09 set. 2023.
• AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. 2. Ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
• CASTRO, Bruna Jamila de (org.). Química na educação básica: ferramentas teóricas e práticas. Londrina, PR: Eduel, 2021. E-book (189p.) (EAD). Disponível em: <http://www.eduel.com.br>. Acesso em: 5 abr. 2022.
• FRANCEZ, C. C.; CORREIA, D. Química forense: Atividades investigativas e estudo de casos (p. 21). Átomo. Edição do Kindle.
• MEDEIROS, C. E.; RODRIGUES, R. C. M. C.; SILVEIRA, D. N. Ensino de Química superando obstáculos epistemológicos. 1. ed. Curitiba: Appris, 2016. E-book (versão Kindle). Disponível em: <https://www.amazon.com.br/Ensino-Qu%C3%ADmica-superando-obst%C3%A1culos-epistemol%C3%B3gicos-ebook/dp/B01N0ZQZ2H>. Acesso em: 09 set. 2023.

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