Análise do anime Dr Stone como ferramenta didática: uma possibilidade para o ensino de química

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Gomes, A.O. (UFAL) ; Silva, M.M.M. (UFAL) ; Silva, J.W. (UFAL) ; Santos, J.C. (UFAL) ; Rodrigues, A.S. (UFAL) ; Silva, T.L. (UFAL)


RESUMO

O presente trabalho propõe a análise do anime "Dr. Stone" como uma proposta de ferramenta didática para o Ensino de Química. A partir da análise do enredo de um episódio, foram identificados conceitos químicos como “destilação”. Considerada inovadora, a proposta configura-se com potencialidade para, de forma lúdica, proporcionar discussões químicas e suas correlações com a construção artística.


Palavras Chaves

Animes; Ensino de química ; Ferramenta didática

Introdução

Segundo Cunha (2004), o lúdico é composto por dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo, além de integrarem as várias dimensões do estudante, como a afetividade, o trabalho em grupo e das relações com regras pré-definidas. Uma possibilidade para o desenvolvimento de atividades lúdicas em sala de aula é o uso dos animes, ou animações japonesas, os quais têm conquistado um espaço significativo no mundo do entretenimento e da cultura popular, e estão sendo usados como instrumentos para alfabetização e divulgação científica (RODRIGUES; FRANSCISCO JÚNIOR, 2021). Podemos utilizar os animes como ferramentas didáticas lúdicas por serem visualmente atraentes, com enredo e cenas bem elaboradas e com estilos artísticos distintos. Esses elementos estéticos, que compõe a linguagem visual dos animes e sua grande aceitação social de públicos juvenis (BARROS, 2016), associados a citação de conceitos químicos podem despertar o interesse dos alunos e tornar o aprendizado mais envolvente e cativante. Dessa forma, o presente trabalho visa propor a análise do anime “Dr Stone” como ferramenta didática para o ensino e aprendizagem em química.


Material e métodos

Em um estudo de abordagem qualitativa, no presente trabalho foi feita uma análise de conteúdo do anime Dr Stone, o Stone World (Mundo de Pedra), visando identificar conceitos científicos, especialmente químicos. Traçou-se um recorte da obra, isto é, escolheu-se um trecho do primeiro episódio, na perspectiva de tecer considerações que estabelecessem possibilidades de relações com o Ensino de Química. O tema destilação é apresentado em uma discussão entre os personagens Senku e Taiju, identificada no episódio citado, a partir de 17 min 10 seg: Senku: Se eu ao menos tivesse alguma bebida alcoólica. Com o álcool na bebida, eu poderia combinar ácido nítrico e etanol para fazer nital. É literalmente um agente decapante da força industrial [...]/Taiju: [...] Não daria para fazer vinho com uvas? [...]. Então, após esmagarem uvas, citam a destilação: -Senku: - [...] Destilação de vinhos para iniciantes/ Taiju: -Destilação? Nem sei o que significa./Senku: - Eu sabia que diria isso. Aqueça, esfrie e deixe pingar. Isso concentra o álcool. Não se preocupe, as pessoas na Mesopotâmia faziam isso em 3.000 a.C. usando potes de barro. Não tem nada que não consiga fazer se não tentar.


Resultado e discussão

Há décadas, a literatura propõe que é necessário estimular e resgatar o interesse e a curiosidade dos estudantes pelas aulas de química e para que isso aconteça é fundamental que o professor busque metodologias ativas e diferenciadas (SOARES et al., 2003). É nesse sentido que os animes são reportados como ferramentas didáticas para o ensino de química. Durante a análise do enredo do episódio Stone World (Mundo de Pedra), o fenômeno químico fermentação do suco de uva foi identificado como uma alternativa para se obter álcool. No processo, destilação fracionada foi usada para separar os componentes da mistura homogênea líquido-líquído (água e álcool). Por meio desse recorte, há a sinalização de que conceitos científicos são apresentados no enredo do anime em questão e que a identificação desses conceitos e a discussão destes pode ser útil para proporcionar discussões científicas em sala de aula, tornando a química mais atrativa e prazerosa. Além disso, ao serem levados a pensar sobre os conceitos e processos apresentados e questionarem sobre o que é ficção e o que é real, os alunos são incentivados a observar o mundo ao seu redor e identificar elementos da narrativa do anime que possam ser aplicados ao cotidiano. As discussões geradas em sala de aula têm potencial, ainda, para criar um espaço para os alunos compartilharem suas perspectivas e experiências, enriquecendo o aprendizado coletivo. Essa interação promove um ambiente de aprendizagem colaborativo, no qual os estudantes são incentivados a questionar, debater e construir conhecimento de forma ativa, articulando com elementos culturais contemporâneos de acesso a uma grande massa, pelos meios digitais (BARROS, 2016). No entanto, é importante utilizar essas produções de forma cuidadosa e seletiva, escolhendo obras adequadas para a faixa etária e os objetivos educacionais, bem como exercendo uma análise dos temas abordados e a relação destes com a literatura. Também é essencial fornecer um contexto adequado e estimular a discussão e análise dos temas apresentados nos mesmos.

Conclusões

Conforme o recorte analisado, em um universo cultural midiático, amplamente difundido a um público diverso, os animes podem ser ferramentas didáticas valiosas para o ensino de química, aproveitando seu apelo visual, diversidade temática e potencial para engajar os alunos. Quando utilizados de maneira adequada, integrados ao currículo, com a possibilidade de análise crítica de seu conteúdo pelos estudantes, os animes podem enriquecer o processo de aprendizagem e torná-lo mais estimulante e relevante.


Agradecimentos

Ao Programa de Educação Tutorial – PET Química da UFAL Campus de Arapiraca pelo incentivo e apoio financeiro à participação de eventos científicos.


Referências

BARROS, C. A Influência da cultura otaku na sociedade ocidental. E-Revista de Estudos Interculturais do CEI – ISCAP. nº 4, 2016.
CUNHA, M. B. Jogos de Química: Desenvolvendo habilidades e socializando o grupo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 12, Goiânia (Universidade Federal de Goiás; Goiás), 2004. Anais, 028, 2004.
SOARES, M. H. F. B.; OKUMURA, F.; CAVALHEIRO, T. G. Proposta de um jogo didático para ensino do conceito de equilíbrio químico. Revista Química Nova na Escola, n. 18, p. 13-17, 2003.
RODRIGUES, Aleilson da Silva; FRANCISCO JÚNIOR, Wilmo Ernesto
Relações entre o anime Pokemon e a construção da Alfabetização Científica
XIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XIII ENPEC ENPEC EM REDES – 2021. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/enpec/2021/TRABALHO_COMPLETO_EV155_MD1_SA104_ID33_01082021095009.pdf

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