EXTRAÇÃO DO CORANTE NATURAL DA CEBOLA ROXA PARA TIGIMENTO DE TECIDOS FEITOS DE ALGODÃO COM E SEM O MORDENTE

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Quadros, M.V.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Leite, Y.C.F.L. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Lima, N.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Martins, F.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Nascimento, I.B.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Santos, M.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Silva, M.F.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Oliveira, J.J.P. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Dias, R.L.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA) ; Coutinho, R.M.P. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ - IFPA)


RESUMO

Diversas pesquisas são feitas com a fim de sintetizar novos produtos, entre eles encontram-se os corantes naturais que possuem finalidades, principalmente, para a indústria alimentícia e têxtil na adição e intensificação da cor de alimentos e tecidos, sendo uma alternativa aos corantes sintéticos. Na literatura há diferentes meios de extração e diferentes recursos vegetais fontes de corantes, sendo um deles a casca da cebola roxa que é constituída de antocianinas, um metabólico secundário responsável pela sua tonalidade. O objetivo deste trabalho é comprovar a viabilidade da extração do corante da casca da cebola roxa, avaliando sua aplicação a tecidos.


Palavras Chaves

Cebola Roxa; Tingimento; Antocianinas

Introdução

Diversos compostos vegetais são pesquisados com o objetivo de sintetizar produtos para diversos setores da indústria, sendo analisados e extraídos os compostos desejados a fim de cumprir o objetivo proposto pela pesquisa. Entre os compostos que podem ser extraídos das plantas se encontram os corantes (JÚNIOR, 2019). Os corantes são substâncias indispensáveis na indústria alimentícia e têxtil, sendo responsável pela adição e intensificação de cor de alimentos e tecidos, sendo classificados como naturais e sintéticos, como disposto pelo Artigo n⁰ 55871 de 26 de março de 1965 (JÚNIOR et al, 2019). Os corantes naturais são vistos com certo interesse pela população como alternativa para o uso de corantes sintéticos, pois além de serem menos agressivos ao meio ambiente (SOUZA, 2012 apud JÚNIOR et al, 2019) também podem ser extraídas de fontes naturais e renováveis (ARAÚJO, 2006). Como apontado por Araújo (2006) e Júnior et al (2019) existem diferentes meios na literatura para a extração desses compostos presentes nos vegetais, como também aponta a utilização das cascas dos mesmos para tal finalidade, sendo uma forma de reaproveitamento e evitando serem somente descartadas no lixo. Entre os vegetais usados e sugeridos como fonte de corantes, se encontra a cebola roxa (JÚNIOR et al 2019), sendo a cebola a segunda hortaliça mais consumida mundialmente (BENITEZ et al, 2012 apud ALBUQUERQUE, 2017), sendo o Brasil um dos maiores consumidores dessa hortaliça na forma processada em tempero, resultando em resíduos principalmente da casca (ALBUQUERQUE, 2017). Albuquerque (2017) cita resultados de experimentos realizados na Universidade de Lisboa em Portugal quando utilizado a casca da cebola roxa como fonte de corantes naturais para tingimento de tecidos e lã, além de caracterizações indicando metabólicos secundários presentes. Dentre os metabólicos secundários presentes, se encontram os compostos fenólicos como os flavonoides, sendo as antocianinas os grupos responsáveis pela sua coloração roxa característica (ALBUQUERQUE, 2017). Além de tingimento, as antocianinas possuem a característica de mudança de coloração quando variado o seu pH, sendo usado tanto como meio para confirmação do metabólico, como também um indicador de meio ácido e básico (SANTOS; MARTINS, 2017; ALBUQUERQUE, 2017). Pela sua falta de estabilidade causada pelo meio ácido e básico, se adiciona alguns cátions e metais para formar produtos insolúveis com maior estabilidade (ALBUQUERQUE, 2017; FERREIRA, 2005). Esses adicionais utilizados são chamados de mordente, sendo utilizado tanto para estabilidade, como para fixação da cor no tecido, além de realçar ou mudar sua tonalidade (FERREIRA, 2005; ARAÚJO, 2006). Entre os mordentes, os mais utilizados são os alumens (pedra-ume) que constituem em sais duplos inorgânicos encontrados naturalmente ou sintetizados pela indústria, sendo o sal usado principalmente para evitar a degradação do corante pela ação da luz (ARAÚJO, 2006). O propósito deste estudo é a extração de corante a partir da cebola roxa, conhecido como antocianinas, seguida pela realização de uma série de testes de tingimento e mordente utilizando o extrato hidroalcoólico obtido. Esta pesquisa tem como principal foco a exploração de uma fonte natural de corantes, utilizando a metodologia proposta com a intenção não apenas de verificar a viabilidade prática da extração, como também a eficácia do processo de tingimento e a capacidade do corante natural em se aderir aos materiais.


Material e métodos

EXTRAÇÃO DO CORANTE Foi pesado 10 gramas de casca de cebola roxa e adicionado uma mistura 1:1 de água/etanol para cobrir as cascas e deixado em repouso por 24 horas em um erlenmeyer coberto. Passado o tempo, a mistura foi filtrada por filtração simples e o extrato foi colhido. Para confirmar a extração, 5 mL foram retirados do extrato e colocado em béquer com uma solução básica. TINGIMENTO Em um béquer, com 50 mL de água destilada, foi colocado um tecido de gaze (algodão), com medida (2x5 cm), e aquecido até a temperatura de 50 ⁰C por 10 minutos e depois retirado. Em um béquer, foi adicionado 30 mL de solução de corante e aquecido até 50 ⁰C. Com um bastão de vidro foi transferido o tecido de gaze para o extrato e deixado aquecer até o ponto de ebulição (100 ⁰C) e mantido por 10 minutos. Esperado o tempo, o tecido foi retirado e deixado para secar e esfriar. O teste foi realizado em duplicata. TESTE DE MORDENTE Para o teste do mordente, foi preparado 2 soluções: uma solução mordente de Alúmen de Potássio 2% e uma solução sem mordente (somente com água destilada). Preparadas as soluções, foram adicionados algodões em cada solução nos béqueres e deixados em mergulho por 10 minutos. Esperado o tempo, os algodões foram retirados, espremido e colocados para secar ao ar livre. Esperado o tempo de secagem, os algodões foram mergulhados em extratos do corante natural por 10 minutos. Passado o tempo no extrato, os algodões foram retirados e colocados para secar ao ar livre e feitas as observações dos algodões de forma comparativa (com e sem mordente).


Resultado e discussão

EXTRAÇÃO DO CORANTE A extração do corante através de uma solução hidroalcoólica foi confirmado pela mudança de coloração quando adicionado em meio ácido, passando da coloração roxa (inicial) para amarelo/verde (meio básico), algo indicado por Albuquerque (2017) pelo pH e tonalidade por Santos e Martins (2017). TINGIMENTO Os resultados dos testes de tingimento demonstraram que o corante teve uma boa aderência ao tecido de gaze e teve uma coloração bem viva e bem intensa (Figura 1), indicando que o corante conseguiu se fixar no tecido, algo que pode ser comparado como sendo um corante do tipo directo por Araújo (2006). MORDENTE O teste com solução mordente utilizado teve uma pequena leve mudança em sua coloração quando comparado o algodão sem solução mordente (Figura 2), tornando a cor um pouco mais viva e destacada, algo indicado por Ferreira (2005) sobre a escolha do mordente e apontado por Araújo (2006) como um bom fixante de cor.

Figura 1

Teste de Tingimento

Figura 2

Teste de mordente.

Conclusões

Os resultados obtidos da pesquisa indicaram que a metodologia utilizada na extração mistura das antocianinas da amostra vegetal teve um resultado positivo, os testes de tingimento também indicaram que o corante extraído possuí boa aderência as fibras do gaze, indicando tanto a possibilidade do uso das cascas de cebola roxa como fonte de corante e a possibilidade da utilização do corante natural produzido, e o teste com mordente indicou a possibilidade do mesmo para uma boa fixação do corante natural em tecido de algodão. Os resultados alcançados foram satisfatórios, entretanto se faz as necessidades de mais estudos a respeito de parâmetros na extração, nos tecidos usados e nos mordentes para estabilização da cor, além de testes nos tecidos pós-tingimentos. Através dos resultados alcançados, se espera utilizar outros resíduos fontes de pigmentos para promoção do uso de corantes naturais.


Agradecimentos


Referências

ALBUQUERQUE, Aline Pacheco et al. Caracterização de compostos bioativos obtidos por extração hidroalcoólica da casca de cebola roxa. 2017. DE ARAÚJO, Maria Eduarda Machado. Corantes naturais para têxteis–da antiguidade aos tempos modernos. Conservar património, n. 3-4, p. 39-51, 2006.
DOS SANTOS, Geovana; MARTINS, Marcio Marques. CEBOLA ROXA: ANTOCIANINA COMO INDICADOR ÁCIDO-BASE. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 9, n. 2.
FERREIRA, Eber Lopes. Tingimento vegetal: teoria e prática sobre tingimento com Corantes naturais. CPISP. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://cpisp.org.br/wpcontent/upl oads/2019/06/TINGIMENTO_VEGETAL.pdf&ved=2ahUKEwjQkbK559__AhV3 qZUCHUC6AHkQFnoECFYQAQ&usg=AOvVaw3X_wN7C4QcQZzjvZ7W0HN0. Acesso em: 24 Jun. 2023.
JÚNIOR, Onofre Vargas et al. Oficina temática: obtenção e aplicação de corantes naturais no cotidiano. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 7, p. 8522-8533, 2019.

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