Elaboração de livreto que aborda a contaminação do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM-AL) para contextualização do conteúdo da Tabela Periódica.

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Gomes, I.E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Cerqueira, I.T.I. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Ferreira, M.F.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; dos Santos, T.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Barros, M.E.S.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)


RESUMO

A teoria e a prática dos conteúdos de química em sala de aula se apresentam como dois universos diferentes. Essa não coabitação segue causando nos alunos a dificuldade em entender a química e visualizá-la em sua volta. Por isso, o livreto elaborado neste trabalho objetiva proporcionar aos professores a possibilidade de promover o letramento científico através da contextualização, mostrando aos alunos que a química não se separa do mundo em que vivemos. Foi trabalhado o conteúdo de tabela periódica através dos impactos que o mercúrio, enquanto metal potencialmente tóxico, pode e vêm causando no CELMM (AL) e, consequentemente, para a população que vive à margem. Uma avaliação inicial mostra que o livreto teve boa aceitação com nota máxima entre 100% dos professores e 85,7% dos estudantes.


Palavras Chaves

Ensino; Química; Mercúrio

Introdução

A contextualização desempenha um papel fundamental no ensino de química, visto que há dificuldade dos estudantes em sua interpretação, e permite que eles compreendam a relevância e exemplos práticos de situações do cotidiano que envolvem a química. Assim, os educadores tornam o aprendizado mais significativo e motivador. (SILVA; EICHLER; DEL PINO, 2003). Adotar uma abordagem que se conecte com a vivência diária do aluno tem o potencial de despertar nele não apenas um interesse por obrigação, mas sim uma motivação para compreender a Química e, mais importante ainda, interpretá-los diante de situações que se manifestem em sua vida pessoal ou na comunidade em que está inserido (FERNANDES; REIS, 2016). O objetivo da disciplina Atividades Curriculares de Extensão A, na qual este trabalho se insere, é oportunizar aos estudantes do ensino básico a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula para situações reais. Essa abordagem visa aprofundar a compreensão dos conteúdos acadêmicos por meio de experiências práticas, promovendo a aprendizagem ativa e significativa (PPC Química Licenciatura UFAL, 2019). Nesse contexto, a conscientização ambiental sobre o mercúrio no ensino de química é de extrema importância, principalmente aos estudantes de escolas públicas e particulares residentes nas proximidades do CELMM, uma vez que esse elemento químico representa riscos significativos para o ecossistema e para a saúde da comunidade. Ao abordar o mercúrio no contexto educacional, os estudantes podem compreender os efeitos nocivos desse metal quando na natureza, como a contaminação de corpos d'água e a acumulação na cadeia alimentar. Assim, objetiva-se elaborar um livreto com esta temática para contextualização do conteúdo de Tabela Periódica.


Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido por estudantes do curso de Química Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), dentro do contexto da disciplina de Atividades Curriculares de Extensão A. Para o desenvolvimento, utilizou-se a abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994), uma vez que o objetivo inicial foi a produção de um recurso pedagógico. Nesse viés, com a proposta de atividade dada em sala de aula referente à elaboração de um livreto para ser aplicado no Ensino de Química e, diante de um contexto com alta ocorrência de enchentes no estado de Alagoas, o grupo optou por relacionar a problemática da contaminação do CELMM por metais tóxicos. Visando a contextualização do conteúdo Tabela Periódica, buscou-se explorar os diversos tipos de metais, dando enfoque para o Mercúrio (Hg), principal contaminante da Laguna. O material foi produzido na plataforma Canva, buscando um design com dinamismo e figuras que facilitassem o entendimento. A estruturação do e-livreto se deu por tópicos que englobassem tanto o problema atual, quanto medidas preventivas a serem tomadas diante dele. Assim, foi feita a subdivisão: A água ideal; Como ocorre a contaminação?; O CELMM; Os metais na tabela periódica; O mercúrio; Aplicações do mercúrio ao longo do tempo; Impactos ambientais e em saúde; e, por fim, Como evitar a contaminação. Ao final da produção, foi construído um questionário no Google Formulários para que estudantes e professores da rede de ensino da cidade avaliassem o material. Dentre as perguntas, buscou-se analisar a qualidade do material em relação à temática abordada e o contexto com a Tabela Periódica.


Resultado e discussão

Segundo Treagust, Nieswandt e Duit (2000), a aversão pela Química deve-se à forma como a disciplina é apresentada, geralmente através de linguagens e conceitos separados do cotidiano. É importante contextualizar problemas locais para promover o letramento científico, que envolva uma abordagem que vá além da simples transmissão de fórmulas e teorias. O desenvolvimento de um material didático que considera a problemática regional e desmistifica conceitos, torna- os mais tangíveis e relevantes. Acreditamos alcançar este aspecto, ao abordar a contaminação do CELMM com mercúrio (Hg), cuja concentração está acima do valor recomendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). De acordo com Mayara (2021) o nível de Hg no CELMM é de <0,0069-2,92 µg\L. Isto resulta em danos para as populações. Destacamos no e-livreto a presença de Hg em objetos do dia a dia, como eletrônicos, alimentos e também nas atividades industriais. Além disso, foram abordadas informações sobre os impactos desse metal na saúde humana e no ambiente aquático. Ao disponibilizar o e-livreto “Contaminação de Mercúrio na Laguna Mundaú- Manguaba” ao público, obtivemos resultados preliminares através de um questionário com 10 perguntas para 7 alunos e 5 professores. Para os alunos observamos: 85,7% residem em Maceió-AL e 28,6% próximos ao CELMM; todos afirmaram ter aprendido tabela periódica na escola, porém, 78% consideram o e- livreto útil para contextualizar o assunto; 4 desconheciam a problemática da laguna e, dentre eles, apenas 2 não sabiam a gravidade da mesma. Para os professores observamos que todos valorizam materiais como este e a sua utilização tanto em aula quanto extraclasse. Todos os professores e 85,7% dos alunos deram nota máxima ao material.

Figura 1: páginas do livreto \"Contaminação de mercúrio na laguna Mund

(a) Capa do livreto; (b) Abordagem explicativa do \r\nCELMM; (c) Contextualização com os metais; (d) \r\nLinha do tempo do mercúrio; (e) Medidas \r\npreventivas.

Figura 2: avaliação do livreto por alunos e professores da rede básica

(a) Respostas dos alunos acerca de perguntas feitas \r\natravés do formuário do google; (b) respostas dos \r\nprofessores relativas ao mesmo formulário.

Conclusões

A discussão acerca da necessidade de novas metodologias e materiais que facilitem o processo de ensino e aprendizagem através da contextualização não é novidade (SILVA, 2018 apud CURY et al, 2003). Porém, para nós, docentes em formação, é enriquecedor e gratificante poder usar nossos conhecimentos para a elaboração de um material que pode trazer melhorias ao processo de ensino e aumentar a compreensão dos alunos. Isto foi constatado no formulário, quando mais de 70% dos alunos que tiveram acesso ao material alegaram que o mesmo somou o conhecimento já adquirido em sala de aula.


Agradecimentos

Ao Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas pela oportunidade de desenvolvimento do trabalho dentro de um componente curricular do curso.


Referências

LARA, M.S.; DUARTE, L. G. V. A contextualização na formação de professores de química. ACTIO: Docência em Ciências, v. 3, n. 3, p. 173-196, 2018.

LARA, S. M; DUARTE, L. G. V. A Contextualização na formação de professores de química. ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 173 - 196, 2018.

MAMEDE, M.; ZIMMERMANN, E. Letramento científico e CTS na formação de professores para o ensino de ciências. Enseñanza de las Ciencias, n. Extra, p. 1-4, 2005.

MANAHAN, S. E. Química ambiental. Bookman Editora, 2016.

OLIVEIRA, D. G. D. B.; SILVA, E.V.; LOPES, F.A.M.; ALVES, W.A.; DUARTE, Y.N. De repente online: uma proposta de ensino de química com as ferramentas tecnológicas. Diversitas Journal, v. 8, n. 1, 2023.

SANTOS, M.C. Níveis de elementos potencialmente tóxicos na água e no sururu da lagoa Mundaú (Alagoas, Brasil): contaminação ambiental e potencial exposição à saúde humana. Repositório Institucional da UFAL, 98 f. Tese (Doutorado em Ciências), Instituto de Química e Biotecnologia, Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas, 2021.

SILVA, S.M.; EICHLER, M.L.; DEL PINO, J.C. As percepções dos professores de química geral sobre a seleção e a organização conceitual em sua disciplina. Química Nova, v. 26, p. 585-594, 2003.

SILVA, W. R. Letramento científico na formação inicial do professor. Revista práticas de linguagem, v. 6, n. esp, p. 8-23, 2016.

TREAGUST, D.; DUIT, R.; NIESWANDT, M. Sources of students difficulties in learning Chemistry. Educación Química, 11(2):228-235, 2000.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS. Projeto Pedagógico do Curso de Química Licenciatura. Maceió, 2019.

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