ÁREA
Ensino de Química
Autores
Silva, N.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Souza, H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Alexandrino, D.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA)
RESUMO
Dada a importância da inclusão de aulas práticas no ensino de Química para construção do conhecimento científico, o presente trabalho buscou analisar sua utilização na Educação Básica. Para isso, uma pesquisa quali-quantitativa foi conduzida com os alunos do Ensino Médio, nas modalidades: Regular, Técnico e EJA, da rede pública em Itapetinga-BA. A investigação foi realizada em 2022 por meio da aplicação de um questionário com enfoque nas aulas experimentais. Os dados mostraram que a realização de aulas dessa natureza nas escolas investigadas é incipiente, contribuindo para menor participação dos alunos. Consolidando os dados, a literatura evidencia que a realização de aulas práticas alinhadas à teoria promove o interesse dos alunos visando contribuir para sua aprendizagem mais ativa.
Palavras Chaves
Metodologia de ensino; Estágio supervisionado; Participação ativa
Introdução
O ensino de Química ainda se resume em conceitos prontos, inquestionáveis, descontextualizados, desconsiderando sua origem histórica. A aplicação mecânica dos conteúdos, somada à metodologia inadequada e abordagem pouco experimental, dificulta o aprendizado de Química, resultando no analfabetismo científico. Atualmente, as crianças crescem imersas em tecnologia, sendo usuárias comuns de dispositivos eletrônicos. Logo, o método tradicional de ensino não atende às expectativas desses jovens (CURSINO, 2017). Assim, é imprescindível a contextualização do conteúdo, o engajamento ativo dos estudantes e a ligação do conhecimento com seu cotidiano, fatores cruciais para fomentar a aprendizagem e o pensamento crítico. Apesar da disponibilidade de informações científicas, a educação formal desempenha um papel crucial na ligação entre ciência e público. Nesse contexto, a escola surge como o ambiente propício para um contato mais íntimo com o universo científico. Dessa forma, o ensino da Química pode ser facilitado, tornando-se mais significativo quando teoria e prática são trabalhadas juntas (SILVA; EGAS, 2021). Empregar abordagens baseadas em atividades práticas, jogos educativos e demonstrações tem se revelado como métodos de ensino eficazes, propiciando uma compreensão tangível dos conceitos teóricos, favorecendo a aprendizagem (SANTOS; MENEZES, 2020).Uma vez que possibilitará a formação substancial de conhecimento científico, a prática experimental revela-se uma abordagem eficaz para gerar situações reais que propiciem a imersão contextual e o fomento de indagações investigativas (GUIMARÃES, 2009). Nessa perspectiva, o presente trabalho teve como principal objetivo a realização de um levantamento sobre a utilização de aulas práticas direcionadas ao contexto do Ensino Médio.
Material e métodos
Realizamos uma investigação de abordagem quali-quantitativa, combinando as técnicas de análise de cada modelo para oferecer uma visão mais precisa e abrangente da realidade em questão (SCHNEIDEE; FUJII; CORAZZA, 2017). O trabalho apresenta como tipologia de pesquisa de levantamento, no qual os dados foram coletados por meio de questionários (GIL, 2001). O estudo envolveu uma amostra de 154 participantes, composta por alunos de três instituições de ensino públicas situadas em Itapetinga-Bahia. Destes, 56 frequentavam os cursos regulares do 1° ao 3° ano, 56 estavam matriculados em programas de Ensino Técnico, quatro integravam o Ensino Técnico Integrado e 38 na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Médio, correspondentes ao ano de 2022. Os estudantes foram submetidos a um questionário aplicado tanto em formato impresso como por meio da plataforma Google Forms. O formulário continha um conjunto de perguntas que abordavam as percepções relativas à disciplina de Química, a existência de laboratórios na unidade escolar, a disponibilidade de materiais e suas experiências com aulas práticas. Após a coleta dos dados foi realizado um processo de compilação e organização desses. As informações recolhidas foram representadas de maneira mais visual por meio de gráficos para melhor visualização. O propósito foi não apenas simplificar a apresentação dos resultados, mas também torná-los mais acessíveis e compreensíveis para a análise posterior.
Resultado e discussão
O questionário aplicado teve uma abordagem mais ampla, porém apresentaremos
apenas um recorte relacionado às aulas práticas nas escolas. A Figura 1 ilustra
a distribuição das respostas dos estudantes.
Mediante a análise, observamos que mais da metade dos alunos (61,7%) afirmou que
não há laboratórios nas escolas. O que corrobora com dados encontrados na
literatura, que indicam que muitas instituições enfrentam essa realidade
(SANTANA et al., 2019; BRASIL, 2018). Já sobre a realização de aulas práticas na
disciplina de Química, 44,4% afirmaram que não realizavam, enquanto 40,2%
declararam executar tais atividades. Em relação à existência de materiais
suficientes para todos, 53,9% disseram que são contemplados, ou seja, apesar da
falta de laboratório, as aulas práticas são performadas em outros espaços
escolares.
Quanto à frequência de realização, 63,3% consideram que as aulas práticas
deveriam ser obrigatórias e 68,8% acreditam que os professores deveriam realizá-
las frequentemente. A respeito da associação com o conteúdo, 74,0% disseram que
os experimentos relacionam a teoria, enquanto 80,5% atribuíram que sua
realização facilita/melhora o aprendizado. Isso implica em 87,0% que acreditam
que o desenvolvimento dessas atividades pode ajudar a melhorar a/o
nota/desempenho na disciplina de Química.
Vale ressaltar que o ensino de Ciências/Química não ocorre no vazio conceitual,
mas é fundamentado em um arcabouço teórico que o orienta (GUIMARÃES, 2009).
Portanto, o ensino apenas conceitual das disciplinas experimentais limita o
aprendizado e contribui para o desinteresse pela aprendizagem. A adoção de aulas
experimentais permite que os alunos construam seu próprio conhecimento, para
além da memorização de conceitos científicos (DA SILVA et al., 2020).
Respostas dos discentes ao questionário aplicado
Conclusões
Com o recorte dos dados observarmos que como a Química é ensinada aos alunos resulta em uma disciplina desafiadora e distante da realidade. Uma alternativa seria a implementação de experimentos simples durante as aulas. Sabemos que apenas adicioná-los não resolveria o problema, são necessários outros recursos de ensino, como a contextualização e interdisciplinaridade do conteúdo abordado. Além disso, é fundamental que os experimentos estejam ancorados em uma base teórica, visando estimular o interesse e a reflexão dos alunos, contribuindo para sua aprendizagem mais ativa.
Agradecimentos
Agradecemos à UESB pelo auxílio financeiro, à CAPES pela bolsa de Residência Pedagógica e à orientadora pela realização desta pesquisa.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Notas Estatísticas Censo Escolar 2017, Janeiro de 2018. Disponível em http://portal.mec.gov.br/docman/janeiro-2018-pdf/81861-divulgacao-censo-2017-vi-pdf/file . Acesso em 08 de set. de 2023
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