A proposição de uma sequência didática para produção de tabelas periódicas

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Silva, A.C.N. (UFRN) ; Santos, D.O. (UFRN) ; Carvalho, J.C. (UFRN) ; Júnior, L.A.S. (UFRN) ; Macedo, M.R.C. (UFRN)


RESUMO

O foco da pesquisa foi elaborar e aplicar uma sequência didática para a produção de tabelas periódicas, a sequência se dividiu em três etapas: (I) questionário inicial, (II) aulas expositivas e (III) construção das tabelas periódicas. Nesse sentido, a relevância deste estudo se dá em atender a realidade de uma escola estadual, a qual carece de uma caracterização no laboratório de ciências devido à falta de uma tabela periódica, como também a adaptação do material no âmbito da língua brasileira de sinais (LIBRAS). Como resultado, os estudantes permaneceram empenhados em colaborar com a apresentação do espaço escolar. Portanto, a utilização dessa sequência permite a interação coletiva na elaboração das tabelas e a sensibilidade em compreender o contexto escolar onde o aluno está inserido.


Palavras Chaves

Contexto escolar; Sequência didática; Tabela periódica

Introdução

É comum na formação docente haver a necessidade da variação no ensino do conteúdo de tabela periódica, a qual favorece o distanciamento do método tradicional, proporcionando aulas dinâmicas e interativas que estimulam a participação e interação dos alunos, como afirmam os autores Carbuloni et al. (2017). Existe também a preocupação em adequar o material didático referente às tabelas periódicas para as pessoas com deficiência visual (MASSON et al., 2016). No entanto, a carência de adaptação que atendam às pessoas com deficiência auditiva dificulta a interação e aprendizagem desses alunos no ensino de química. Pensando nisso, o objetivo da pesquisa foi elaborar e aplicar uma sequência didática com a temática tabela periódica, a fim de proporcionar uma aprendizagem contextualizada e significativa no âmbito escolar, já que a produção de tabelas permite a associação dos conceitos sobre elemento químico, a classificação destes e suas aplicações, como também estão dispostos os elementos na tabela. A justificativa dessa sequência didática está centrada em atender a realidade da Escola Estadual Zila Mamede, a qual encarece de uma caracterização no laboratório de ciências acerca de um material que contemple a tabela periódica, como também a adaptação dela na perspectiva da língua brasileira de sinais (LIBRAS), visto que para a inclusão de estudantes com deficiência é necessário fornecer condições de aprendizagem, participação social e representação política que conduzam a integração do aluno (BRASIL, 2008).


Material e métodos

A sequência didática é uma forma de organizar e estruturar aulas, de modo que os conteúdos apresentados tenham objetivos que possam ser alcançados e devidamente articulados entre si, trazendo um significado ao contexto escolar ou a realidade na qual o aluno está inserido, segundo Zabala (1998). Pensando nisso, propomos uma sequência de aprendizagem relacionada ao conteúdo de tabela periódica, a qual foi desenvolvida na Escola Estadual Zila Mamede, em três turmas da primeira série do ensino médio. Nesse contexto, a sequência foi dividida em cinco aulas de 45 minutos, sendo duas aulas destinadas para aplicação do questionário e apresentação do conteúdo de forma expositiva, enquanto as três aulas foram designadas para a elaboração das tabelas periódicas. Com isso, durante as aulas expositivas e nas produções das tabelas, focamos em atender as competências e habilidades propostas pelo Referencial Curricular do Ensino Médio Potiguar e Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sendo elas: RNCNQUI022, EM13CNT306, EM13CNT307. Uma vez que a sequência didática abrange a organização dos elementos na tabela periódica e suas propriedades, como também associa os elementos químicos à constituição dos materiais e os riscos atrelados às atividades cotidianas. Dentre os materiais utilizados nas aulas expositivas, utilizamos: quadro branco, piloto e projetor audiovisual. Em se tratando da montagem das tabelas periódicas, os alunos utilizaram: papéis madeira, colas, hidrocores, fichas coloridas que correspondiam a classificação dos elementos e, dependendo do grupo, os símbolos dos elementos em libras.


Resultado e discussão

A organização e aplicação da sequência didática se configura em três etapas, sendo estas: (I) questionário prévio, (II) aulas expositivas e a (III) construção das tabelas periódicas, a seguir elencamos em tópicos as etapas envolvidas: (I) Aplicação do questionário: Na primeira aula houve a aplicação de um questionário, cuja finalidade era identificar se o aluno conhecia o termo “elemento químico”, como também a diferença entre elemento químico, átomo e substância química. Para tanto, foi utilizado como fundamentação o produto educacional Proposta de uma sequência didática sobre propriedades dos elementos químicos, escrito por Silva (2020), na preparação do questionário prévio, como ilustra a figura 1. Vale ressaltar que a primeira (Q.1) e a terceira (Q.3) questões foram selecionadas do produto educacional e a segunda (Q.2) foi criada pelas autoras do artigo. Nesse sentido, notamos que as respostas referentes ao questionário foram satisfatórias, já que existiram tentativas de correlacionar os conteúdos anteriores sobre matéria e átomo ao elemento químico. (II) Aulas expositivas: Após responderem o questionário e a partir das dúvidas dos estudantes, iniciamos as discussões acerca do assunto elemento químico e em sequência foi explicado brevemente as contribuições dos cientistas Mendeleiev e Moseley para a tabela periódica. Posteriormente, houve a apresentação da tabela periódica atual, a organização enquanto período e família, a classificação dos elementos químicos e a relação deles com o cotidiano. (III) Produção das tabelas periódicas: Dando continuidade, foi realizada a construção das tabelas segundo a União Internacional de Química Pura Aplicada (sigla em inglês – IUPAC) de 2022, a qual apresenta 118 elementos. Para tanto, propomos as tabelas periódicas em duas perspectivas, sendo a de classificação dos elementos e outra em libras, onde foi selecionado somente o símbolo em libras dos elementos químicos referente a tabela inclusiva da autora Santos (2020). A partir disso, foram organizados os grupos em cada turma, onde apenas um se encarregou de elaborar a tabela em libras, enquanto os outros grupos confeccionaram a tabela periódica referente a classificação dos elementos químicos. Em seguida, foi realizada a montagem das tabelas periódicas, este momento se dividiu em duas etapas: colagem das fichas coloridas, sendo metais: amarelo, semimetais: verde, ametais: rosa, gases nobres: branco e hidrogênio: laranja. Na segunda etapa, teve a identificação dos elementos na ficha colocando o nome, número atômico e símbolo, em todas as tabelas, como apresentado na figura 2. Como pode ser observado, os alunos se mostraram empenhados na construção das tabelas, uma vez que perceberam a importância do conhecimento químico com o cotidiano e o sentido dessa atividade, pois contribui para a caracterização do laboratório de ciências da escola, como também um material de consulta para as aulas de química. Percebemos também que na elaboração das tabelas em libras, os discentes tiveram dificuldade de assimilar a datilologia do símbolo do elemento, visto que a escola não apresenta na grade uma disciplina de libras, sendo necessário o nosso acompanhamento e a utilização do alfabeto datilológico.

Figura 1: Quadro das perguntas.

Fonte: Produzida pelas autoras.

Figura 2: Elaboração das tabelas periódicas dos elementos químicos.

Fonte: Produzida pelas autoras.

Conclusões

A aplicação desta sequência didática permitiu uma forma de abordar os conteúdos que conduzissem a aprendizagem para além do exposto nos livros didáticos. Assim como, diante das reflexões e discussões norteadas em sala de aulas, foi percebido o estímulo à assimilação dos conteúdos de química com a realidade do aluno. Diante disso, reconhecendo que a proposta da sequência didática pode ser ajustada conforme a realidade escolar e o ritmo de aprendizagem de cada turma, é favorável a aplicação desta, uma vez que a abordagem das aulas e produção de tabelas engajam a participação dos estudantes, colaborando para sua interação social e compreensão do contexto social ao qual está inserido. Tendo como base a aplicação da sequência didática, utilizando a tabela periódica, o corpo escolar pode aplicar a mesma metodologia em outras áreas e disciplinas, tendo em vista que os alunos, de modo geral, seriam contemplados com diversos projetos, que agregam em sua vida, tanto acadêmica quanto social.


Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.


Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (SEESP). Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

DO NORTE, RIO GRANDE. Referencial curricular do ensino médio potiguar. Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer-SEEC. Natal, 2021.

MASSON, Rafaela et al. Tabela periódica inclusiva. Journal of Research in Special Educational Needs, v. 16, p. 999-1003, 2016.

CARBULONI, Caroline Franco et al. Levantamento bibliográfico em revistas brasileiras de ensino: artigos sobre o conteúdo Tabela Periódica. ACTIO: Docência em Ciências, v. 2, n. 1, p. 225-242, 2017.

DOS SANTOS, Alda Ernestina. Tabela Periódica Inclusiva. 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/584195. Acesso em: 24 de julho de 2023.

SILVA, Húdson da. Proposta de uma sequência didática sobre propriedades dos elementos químicos. 2020. 154f. Dissertação (Mestrado Profissional em Química - Profqui) - Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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