APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS E FEIRA DE CIÊNCIAS: FERRAMENTAS PARA O ENSINO REMOTO DE QUIMICA

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Costa, G.H.G. (UEMG) ; Correa, T.A. (UEMG) ; Silva, F.R. (UEMG) ; Rodrigues, D.L.A. (E.E. MAESTRO JOSINO DE OLIVEIRA) ; Silva, M.F. (E.E. MAESTRO JOSINO DE OLIVEIRA)


RESUMO

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) têm o propósito de despertar o interesse dos estudantes pelos conteúdos curriculares. Assim, o trabalho consiste no relato de experiência do desenvolvimento de um biocosmético a base de Aloe vera, com estudantes do ensino médio, apresentado na II Feira de Ciências da UEMG Frutal, como forma de construção de conhecimentos interdisciplinares, durante a pandemia de covid-19. A ação levou os alunos a realizarem encontros para o estudo e execução de metodologia de preparo de uma pasta de dente, demandando a utilização de conceitos de ciências discutidos em sala de aula. O uso da ABP possibilitou que, os estudantes utilizassem conceitos curriculares para desenvolvimento do projeto e realizassem atividades experimentais durante o ensino remoto.


Palavras Chaves

Aloe vera; pensamento científico; investigação

Introdução

A Química é uma área do conhecimento presente na grade curricular do ensino básico dos estudantes brasileiros, a qual é vista, por muitos, como uma disciplina de difícil compreensão, o que leva ao desinteresse por seu conteúdo (BALLIU, 2017). Fato esse agravado durante a pandemia de covid-19, que impôs as escolas o ensino remoto emergencial, o que dificultou o processo de ensino aprendizagem (RAMO; SANTOS, 2021). Neste contexto, novas metodologias de ensino vêm sendo discutidas e implementadas com sucesso, na tentativa de motivar e despertar o interesse pelo currículo, entre essas, destaca-se a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP). Deve-se destacar que a ABP é uma abordagem que envolve os estudantes na construção de conhecimentos e competências a partir da investigação e experimentação (MASSON et al., 2012), trazendo questões do cotidiano como problemática a ser trabalhada, promovendo a atuação de forma cooperativa e colaborativa (BENDER, 2014). Diversos trabalhos demonstram a eficácia dessa abordagem no processo de ensino- aprendizagem de conteúdos de Ciências e Química no ensino básico, tais como Inocencio (2019), que observou eficácia no ensino de eletroquímica, e Pacheco (2017), que trabalhou conceitos de química durante o desenvolvimento de sistema de tratamento de água. Aliado a isso, a apresentação dos projetos em Feiras de Ciência também pode ser uma ferramenta importante para a assimilação desses conteúdos, tal qual destacado por Salvador et al. (2014). Assim, o trabalho objetiva relatar a experiência de se desenvolver um projeto de produção de pasta de dente a base de Aloe vera e apresenta-lo em uma Feira de Ciências universitária, na construção de conhecimentos de química, durante o contexto de pandemia de covid-19.


Material e métodos

A ação foi desenvolvida na Escola Estadual “Maestro Josino de Oliveira”, localizada no município de Frutal-MG, no ano de 2021, com estudantes do 2º ano do ensino médio. Destaca-se que durante o referido ano, a escola encontrava-se em sistema de ensino remoto emergencial em decorrência da pandemia de Covid-19, onde os conteúdos curriculares eram trabalhados utilizando plataformas virtuais, tais como o Google Classroom, Goolge Meet e Whatsapp. Observando que a UEMG Frutal iria realizar no mês de outubro de 2021 a II Feira de Ciências, com a temática “estimulando inovações na educação”, os professores da escola vislumbraram a possibilidade de despertar o interesse dos estudantes em trabalhar de forma experimental e interdisciplinar, conteúdos curriculares, por meio de projetos científicos envolvendo problemas reais, que pudessem ser realizados em suas próprias residências. Desta forma, mediante o interesse dos estudantes, foi trabalhado o desenvolvimento de uma pasta de dente a base de produto natural (Aloe vera), com nome de “Babogate”, que levou os mesmos a se reunirem de forma presencial e virtual (observando as restrições do momento), e realizarem as seguintes atividades: 1) encontros para o estudo e construção da metodologia de obtenção do produto desejado; 2) Coleta e identificação do material vegetal com base na literatura; 3) Extração do gel de babosa, pasteurização, avaliação do preparo da pasta de dente; e 4) Participação na Feira de Ciências. A Feira de Ciências foi realizada em edição virtual, na qual os alunos gravaram um vídeo com a apresentação do projeto e encaminharam para a comissão organizadora. O mesmo foi apresentado em sessão específica, na qual os alunos participaram ao vivo e foram arguidos por docentes/discentes da universidade.


Resultado e discussão

O trabalho desenvolvido para apresentação na Feira de Ciências denominava-se “Produção de cosmético natural a partir da babosa (Aloe vera)”. Destaca-se que para o desenvolvimento do mesmo, os estudantes trabalharam conceitos de biologia, química e física, de forma que possibilitasse a seleção da planta a ser utilizada (estação do ano, idade da planta e horário), higienização (contaminação por microrganismos), processo de extração (métodos de separação de misturas) e conservação do gel (método físico-químico referente a pasteurização), bem como de preparação da pasta dental (envolvendo analogias com conceitos como balanceamento de equações químicas, reagentes em excesso, funções orgânicas e inorgânicas, etc). Observou-se que os encontros foram enriquecedores, trazendo discussões sobre a problemática e sua relevância, o que motivou os estudantes a participarem dos mesmos e buscarem os professores para soluções de dúvidas, momentos em que os conteúdos puderam ser trabalhados utilizando o bioproduto como exemplo (Figura 1). Destaca-se que essa metodologia exige trabalho cooperativo dos estudantes, que assumem postura ativa na execução das ações, estabelecendo cronograma para o desenvolvimento das atividades e tarefas, além de sugerirem problemas ou questões motivadoras (BENDER, 2014). Silva et al. (2022) destacam que a participação de estudantes em Feiras de Ciências promove o exercício da curiosidade intelectual, levando a análise crítica, imaginação e criatividade. Além disso, os autores apontam que projetos com foco no desenvolvimento de bioprodutos levam ao trabalho de conceitos de Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA), bem como são mais propícios a premiação.

Figura 1.

Atividades desenvolvidas pelos membros da equipe

Conclusões

O emprego da metodologia de aprendizagem baseada em projetos, por meio do desenvolvimento de uma pasta de dente a base de babosa, possibilitou que estudantes se envolvessem com conteúdos curriculares interdisciplinares da área de Ciências, e realizassem atividades experimentais em um contexto de ensino remoto. O envolvimento dos estudantes no desenvolvimento do projeto, bem como a ideia de se produzir um biocosmético, levou a premiação na II Feira de Ciências da UEMG Frutal de 2021, além da seleção para apresentação na 3ª Mostra Nacional de Feira de Ciências ocorrida em Brasília-DF em 2022.


Agradecimentos

Os autores agradecem ao Cnpq pelo fomento concedido ao Projeto Feira de Ciências (Processo 446878/2020-0), a UEMG pela bolsa produtividade, e a CAPES/PROAP.


Referências

BALLIU, V. Modern Teaching Versus Traditional Teaching- Albanian Teachers Between Challenges and Choices. European Journal of Multidisciplinary Studies, v. 2, n. 4, 2017. p. 20-26.

BENDER, W. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Porto Alegre: Penso, 2014.

INOCENCIO, R.B. Aprendizagem baseada em projetos aplicada no ensino de eletroquimica para alunos do ensino médio. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, p.121. 2019.


MASSON, T. J.; MIRANDA, L. F.; MUNHOZ JR., A. H.; CASTANHEIRA, A. M. P. Metodologia de Ensino: Aprendizagem Baseada Em Projetos (PBL). In: Anais do XL Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE), Belém, PA, Brasil, 2012.

PACHECO, F.S. Aprendizagem baseada em projeto como proposta para desenvolver a aprendizagem significativa no segundo ano do ensino médio na disciplina de química. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo. Lorena. p.95. 2017.

RAMO, L.B.; SANTOS, S.F. Percepção dos discentes e docentes quanto ao ensino de Química frente à pandemia da Covid-19. Revista de Ensino de Ciências e Matemática. v.12, n.4, 2021.

SALVADOR, D.F.; ROLANDO, L.G.R.; OLIVEIRA, D.B.; VASCONCELLOS, R.F.R.R. Aplicando os princípios da Aprendizagem Baseada em Problemas como modelo instrucional no contexto de uma feira de ciências. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.13, n.3, 2014. p.292-317.

SILVA, F.R.; COSTA, G.H.G.; CORREA, T.A. Feira de Ciências Virtual: questões ambientais articuladas com a premissa CTSA como temática de desenvolvimento de projetos. In: OLIVEIRA, A.S.; SANTOS, C.S.; RITA, F.S.; ALVES, G.S.; MARQUES, R.F.P.V.; PEREIRA, V.A. Educação Ambiental, Sustentabilidade e Práticas do Cotidiano. Campina Grande: EPTEC, 2022. p.57-64.

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