Letramento Científico: A Importância da Educação Científica na Educação Básica

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Ribeiro, M.E.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Dutra, M.K.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Nascimento, R.J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Ferreira, J.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Silva, E.F.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Moraes, S.R.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Silva, K.F.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Ribeiro, A.L.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Santos, A.J.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Dias, V.L.N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)


RESUMO

Letramento e alfabetização são práticas que precisam ser desenvolvidas juntas, como um processo contínuo que se constitui conforme a criança se desenvolve, tendo em vista que, o estímulo da oralidade desde cedo impulsiona esse processo. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo incentivar a leitura científica de crianças de 5 a 6 anos do Infantil V. A pesquisa desenvolveu-se na Creche Escola Arte de Educar em São Luís – MA, onde foram escolhidos temas fundamentais para introduzir a ciência na referida Creche, tais temas foram: água, chuva, frio ou calor, banho, seres vivos e os 5 sentidos. O método utilizado foi o didático lúdico. O resultado obtido é despertar nas crianças maior interesse pela leitura e curiosidade a respeito de temas científicos.


Palavras Chaves

Letramento; Ciência; Lúdico

Introdução

É notório que, quando se fala de uma pessoa alfabetizada, fala-se de um processo de letramento, onde se aprende a ler e a escrever. Tendo isso em vista, pouco se fala do letramento científico e muito menos se aplica no ensino básico. Dessa forma, o termo letramento científico vem do inglês Science literacy, que também pode ser traduzido como alfabetização científica. Ao discutir sobre alfabetização científica, Chassot (2003) considera-a domínio de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários para o cidadão desenvolver-se na vida diária. Já a alfabetização é a ação que permite e capacita o sujeito a interagir com a leitura e a escrita, Soares (1998) ainda acrescenta: “Alfabetização é dar acesso ao mundo da leitura. Alfabetizar é dar condições para que o indivíduo – criança ou adulto – tenha acesso ao mundo da escrita, tornando-se capaz não só de ler e escrever, enquanto habilidades de decodificação e codificação do sistema da escrita, mas, é, sobretudo, de fazer uso real e adequado da escrita com todas as suas funções que ela tem em nossa sociedade e também como instrumento na luta pela conquista da cidadania plena”. Assim como ocorre no processo de alfabetização, onde antes da criança entrar na escola, já está em contato com o meio, que se torna alfabetizador dela, por meio de formas, cores e imagens, ocorre a mesma associação na alfabetização científica. Com isto, não significa que as crianças saibam a designação de determinado fenômeno da natureza, mas deve-se levar a que as crianças percebam que o mesmo existe, até porque a ciência não deve ser vista como uma área de ensino, mas sim “um manancial de factos e experiências com uma forte componente lúdica” (SÁ, 2000). Para Fracalanza (1986), explorar a Ciência na escolarização inicial da criança deve: “Permitir o aprendizado dos conceitos básicos das ciências naturais e da aplicação dos princípios aprendidos a situações práticas; possibilitar a compreensão das relações entre a ciência e a sociedade e dos mecanismos de produção e apropriação dos conhecimentos científicos e tecnológicos; garantira transmissão e a sistematização dos saberes e da cultura regional e local”. Diante disso, surge a escola como um ambiente alfabetizador, onde o objetivo é aguçar a criatividade do aluno, “Esse ambiente pode mediar a relação entre o sujeito que aprende, enquanto conhecimento a ser apreendido” (MOLL, 1996). Sobre o papel do professor, destaca-se que ao trabalhar com a Ciência, sua função não é “criar” cientistas em sala, mas mediar conhecimentos reflexivos com atividades que despertem a capacidade de questionar e posicionar-se criticamente, abordando conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais (BRASIL, 1997). É certo que, o Letramento Científico não é somente o ensino de Ciências dentro das salas de aula, sua relevância vai além dos conhecimentos científicos para a educação formal, tem a função de educar para o mundo do trabalho. Diante disso, como explica Magda Soares (2010) o termo “letramento” passou a ser utilizado no Brasil após 1980 para diferenciar as pessoas que codificam a escrita das pessoas que utilizam desses códigos para as práticas sociais. Sendo assim, as pessoas alfabetizadas cientificamente aprendem como se deve questionar e o aprendizado se dá principalmente por meio do questionamento e da investigação. Desta forma, se tornam pessoas críticas, com pensamento lógico e que desenvolvem a habilidade de argumentar. Na educação básica, é importante que o ensino parta de problemas onde os alunos consigam relacionar os temas com a realidade deles. É fundamental que o ensino mostre a ciência como um elemento presente no dia-a-dia e que os conhecimentos adquiridos em sala de aula possam ser relacionados com a tecnologia, a sociedade e o meio ambiente. Além disso, é de extrema importância que os estudantes compreendam o ser humano como parte do meio ambiente e que possam influenciá-lo de maneira positiva ou negativa e, assim, que também sejam influenciados por esse meio. É importante compreender que os alunos já chegam na sala de aula com conhecimentos e verdades prévias das quais são relativas ao contexto social do qual esses alunos estão inseridos. Deste modo, estes conhecimentos prévios demonstram que a escola sozinha não é capaz de fazer um aluno adquirir todos os conceitos sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade, sendo assim, as crianças quando chegam a escola trazem consigo uma bagagem de aprendizados, como explica FERREIRO (1993) afirmando que as crianças desde que nascem “são construtoras de conhecimento. No esforço de compreender o mundo que as rodeia, levantam problemas muito difíceis e abstratos e tratam, por si próprias, de descobrir respostas para eles.” Sendo assim, o que faz a diferença na vida desses alunos, é como foram alfabetizados cientificamente, pois é importante que eles saibam buscar as informações que necessitam e usá-las de forma adequada para a solução de seus problemas e da sociedade em que vive.


Material e métodos

2.1 PÚBLICO ALVO São crianças de 5 anos a 6 anos da Creche Escola Arte de Educar em São Luís – MA, localizada na Travessa Vitória, n0 11 , Monte Castelo 2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 2.2.1 Escolha Da Escola O cenário de estudo escolhido foi a Creche Escola Arte de Educar, localizada no centro da cidade São Luís - MA. A preferência por esta escola se deu por ser localizada no bairro do Monte Castelo, e também por ser uma creche comunitária. A Creche apresenta um número total de 35 alunos, segundo dados do Censo Escolar de 2019, 4 salas de aulas, com funcionamento em dois turnos, matutino e vespertino com alunos de 5 anos a 6 anos. 2.2.2 Escolha dos assuntos a serem trabalhados Escolheu-se 6 temas fundamentais para introduzir a ciência para a criança: • De onde vem a água? • De onde vem a chuva? • Por que sentimos frio ou calor? • Por que temos que tomar banho? • O que são seres vivos? • Os 5 sentidos. Esses temas foram importantes para que haja a comparação entre o cotidiano dos alunos com a aula ministrada. Desse modo, os docentes conseguirão perceber a utilidade do que está sendo aprendido, tornando mais fácil o estabelecimento de relações entre o conteúdo e o que já é conhecido. Vale ressaltar que a busca do uso do cotidiano é um meio facilitador de ensino, visando a faixa etária trabalhada. Segundo Mendes (2009), “O professor deve procurar resgatar as relações existentes na realidade que possam criar condições alternativas, visando a compreensão e intervenção nesse contexto social onde o conhecimento é produzido” (p. 124). Nesse sentido, é essencial considerar o conhecimento prévio do aluno para a produção do conhecimento. 2.2.3 Estratégias utilizadas Cada aula teve duração entre 60 minutos e 90 minutos, em uma sala com a média de 6 a 8 alunos por aula. Tendo em vista que, cada criança tem um tipo de comportamento e uma forma de aprendizagem que mais se adequa a sua personalidade. Sendo assim, utilizou-se algumas estratégias para alcançar o interesse dos lecionandos. Os métodos utilizados foram: Elaborações de materiais pedagógicos confeccionados com base nos temas trabalhados. Sendo assim, os materiais utilizados foram placas com imagens, fantoches e desenhos divertidos com o intuito de atrair a atenção da criança e que ela aprenda se divertindo. Os planos de aulas sucederam previamente construídos e planejados contemplando, rodas de conversas didáticas e simples, atividades de pinturas e artes, e demonstração de exemplos do cotidiano.


Resultado e discussão

Tendo o conhecimento que compreender a ciência e sua linguagem é uma necessidade para todo o indivíduo, este projeto deu ênfase no letramento científico. Diante disso, é perceptível que o método didático lúdico foi a melhor escolha para o ensino, pois as crianças conseguiram interagir durante todo o ensino. É evidente que, os centros educacionais infantis são lugares de descobertas e de ampliação das experiências individuais, culturais, sociais e educativas, através da inserção da criança em ambientes distintos da família. A partir disso, o enfoque no lúdico e relações cotidianas teve um impacto positivo na educação das crianças, pois segundo Jean Chateau (1987, p.4) “o significado da atividade lúdica na vida da criança pode ser compreendido quando se considera a totalidade dos aspectos envolvidos: preparação para a vida, prazer de atuar livremente, possibilidade de repetir experiências, realização simbólica de desejos”. A partir desse pressuposto, é imprescindível que a criança tenha acesso ao repertório de conhecimentos gerados pela ciência. Desse modo, a educação científica tem o papel crucial na formação de uma sociedade mais preparada para refletir sobre seus próprios problemas e formular as necessárias soluções. Portanto, tende a instigar mais a busca de conhecimento em virtude de aumentar mais o vocabulário e a capacidade de questionar que as crianças já possuíam. Durante o tempo que o projeto foi realizado foi possível compreender que cada criança exige uma forma de aprendizagem. Por apresentar uma sala com poucos alunos, a interação e a observação com eles foram mais apuradas. Logo, mesmo planejando as aulas de maneira antecipadas, sempre é possível adaptar para a melhora do aprendizado. Visto que, a duração da aula era 60 a 90 minutos, os caminhos metodológicos abordados eram a introdução do assunto, rodas de conversa com a finalidade de aprofundar o tema e conectar com o dia-a-dia, e por fim, durante todo o final de aula eram passadas atividades simples com o intuído de revisar e fixar os temas abordados. Convém lembrar que os temas trabalhados já foram pensados para uma forma de ensino mais simples e intuitiva. Nesse sentido, o tema com mais facilidade de absorção foi o dos “Cinco Sentidos”, uma vez que, os alunos interagiram mais e conseguiram identificar os sentidos através de demonstrações, com sons, imagens, objetos e comidas para tocar e sentir o cheiro. Do mesmo modo, o tema mais trabalhoso foi “De onde vem a água?”, pois é um assunto que exige mostrar o ciclo da água de maneira simples com termos menos complexo, para não haja mais dúvidas do que o entendimento acerca do assunto, uma forma de abordar temas assim são com bastante usos de imagens e se possível, vídeos voltados ao assunto, nesse caso houve bastante interação e desenhos durante a lição. É importante falar do quanto a criança gosta de falar e o quanto é necessário saber a hora de intervir. Nesse caso, é saber o limite que pode deixar o assunto fluir e a hora de intervir, pois nesses casos, o foco pode ser totalmente perdido. Sendo assim, o auxílio do pedagogo presente na sala de aula foi importante para o auxílio do controle da turma. Quando se trabalha com crianças é fundamental ter paciência e dedicação, saber balancear entre a linha tênue entre diversão e aprendizagem. É fato que a natureza da criança é questionar e ao longo da fase adulta acaba-se perdendo essa natureza, o objetivo do letramento científico vai ser conseguir manter a capacidade do questionamento e a busca por resultados dos mesmos. A partir desse trabalho é possível perceber que cada criança é um ser único, cada um tem seu próprio jeito de pensar, aprender e compreender tudo o que está em sua volta, parte do professor ter uma motivação, para aumentar o empenho da turma, sempre estar pronto para modificar o fluxo da aula e intervir em momentos necessários.

foto frontal da turma



elaboração de atividades



Conclusões

É evidente que por meio da utilização de ferramentas lúdicas atingiu-se o objetivo de despertar o interesse das crianças pela aprendizagem e a leitura permitindo que produzam seu próprio conhecimento sobre os diversos temas químicos apresentados. Pretendeu – se favorecer um ambiente imaginário e prazeroso para se trabalhar a leitura cientifica. Sendo assim, instigar a curiosidade das crianças para que mesmo depois das aulas elas queiram consumir um conteúdo mais científico, pois quando a criança revela um interesse natural na realização da tarefa, o esforço surge espontaneamente, sem necessidade de coação do professor (MARQUES, 2001). Quando se trabalha com crianças é fundamental ter paciência e dedicação, pois elas se dispersam dos assuntos e começam a trabalhar outros assuntos do cotidiano por cima da aula. Tem que se atentar ao fato de sempre ligar o conteúdo a situações cotidianas para despertar o interesse delas, e somente então, ir para termos mais técnicos, porém simples. Portanto, as aulas necessitam balancear entre a linha tênue entre diversão e aprendizagem.


Agradecimentos

Universidade Estadual do Maranhão e ao PIBEX pela bolsa concedida, minha orientadora Dra. Vera Lúcia Neves Dias Nunes por toda ajuda durante o trabalho, e aos meus colegas de pesquisa.


Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997
CHASSOT, Áttico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, ANPEd, n. 26, p.89-100, 2003.
CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.
FERREIRO, Emilia. Com todas as Letras. 4º edição. São Paulo: Editora Cortez, 1993
MENDES, I.A. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas na aprendizagem/Iran Abreu Mendes. – Ed. Ver. E aum. – São Paulo: Editora Livraria da Física, 2009.
MOLL, Jaqueline. Alfabetização possível: reinventando o ensinar e o aprender. Porto Alegre: Mediação,1996.
SÁ, Joaquim. A abordagem experimental das ciências no jardim de infância e 1° ciclo do ensino básico: sua relevância para o processo da educação científica nos níveis de escolaridade seguintes. Lisboa. Universidade Aberta, 2000.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 1998.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 4.ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2010. 123 p.

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